O Dr. Michel Farah alerta para os
sintomas e explica quais são os procedimentos disponíveis hoje para restaurar a
visão
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O descolamento de retina é uma urgência oftalmológica que pode
levar à perda da visão se não for tratada rapidamente. A condição se
caracteriza pela ruptura ou deslocamento da retina, um tecido fino sensível à
luz que reveste a parte de trás do olho e que funciona como um sensor, pois
capta as ondas luminosas e as transforma em impulsos nervosos para o cérebro
interpretar o que vemos (imagens visuais).
Pode ainda haver acúmulo de líquido entre a retina e o epitélio
pigmentar, camada de células que evita que a luz seja refletida de volta para a
retina e prejudique a visão. O Dr. Michel Farah, oftalmologista do H.Olhos,
unidade CEOSP da rede Vision One, explica os três principais tipos de
descolamento de retina:
- Regmatogênico, é o mais comum e se caracteriza por uma ruptura
na retina;
- Tracional, caracterizado pela tração do tecido cicatricial,
geralmente ocorre em casos de retinopatia diabética, trauma no olho ou cirurgia
ocular;
- Seroso ou Exsudativo, quando há acúmulo de líquido entre a
retina e o epitélio pigmentar, sem ruptura na retina, sendo que a causa pode
ser uma inflamação, tumor ou outro distúrbio.
De acordo com o oftalmologista, “o principal sintoma de
descolamento de retina é a diminuição inicialmente do campo de visão,
progredindo da periferia para o centro como se fosse uma mancha. Seria
semelhante a uma cortina descendo ou se fechando em um teatro. Pode ser de
baixo para cima, do lado ou do outro lado, de cima para baixo, ou até
obliquamente também pode ocorrer, até atingir o centro da visão”.
“O tratamento precisa ser iniciado antes que a mancha chegue à
região da mácula, pois depois que essa pequena área no centro da retina for
atingida, ela pode nunca mais se recuperar totalmente”, alerta o médico. A
mácula é responsável pela visão central e detalhada, sendo essencial para
distinguir cores, reconhecer rostos, realizar atividades de leitura e dirigir.
Embora qualquer pessoa possa ter um descolamento de retina,
fatores como ter miopia alta, diabetes descompensado, ter sofrido uma lesão
traumática nos olhos ou ter passado por cirurgia ocular aumentam o risco. Além
disso, existem outros sintomas que podem indicar que o paciente apresenta uma
predisposição e que devem ser investigados com exames oftalmológicos, como
sentir dificuldade para enxergar com nitidez, ter perda súbita ou progressiva
de visão.
O Dr. Michel Farah esclarece que mais dois sinais que exigem
atenção são ver flashes de luz e pontos escuros flutuantes que se movem no
campo visual, as chamadas moscas volantes. “Geralmente isso é percebido em
casos de descolamento de vítreo, um processo natural do envelhecimento em que o
gel que preenche a cavidade do olho perde sua consistência gelatinosa, fica
mais líquido e se separa da retina. Mas por trás desses sintomas pode estar
ocorrendo um descolamento de retina e é fundamental investigar”.
Na maioria dos casos, o tratamento é cirúrgico e quanto mais cedo
o descolamento de retina é diagnosticado e tratado, maiores são as chances de
sucesso do procedimento e de recuperação da visão. O Dr. Michel Farah diz quais
são as técnicas mais utilizadas atualmente:
- Retinopexia pneumática, em que se injeta uma bolha de gás dentro
do olho, que se expande, bloqueia a ruptura, faz com que o líquido seja
absorvido e a retina volte a ser fixada em seu lugar. É um procedimento mais
simples, mais rápido, com menor invasão do olho. Geralmente tem uma eficácia em
torno de 80% dos casos.
- Retinopexia com introflexão escleral, em que se coloca um
implante de silicone ao redor do olho e se aperta, se acintura o olho,
bloqueando a ruptura por meio de uma depressão na parede para dentro do olho,
com congelamento e também com drenagem do líquido. Geralmente tem uma eficácia
entre 80% e 90% dos pacientes.
- Vitrectomia Vias Pars Plana, é uma cirurgia feita totalmente por dentro, que é a tendência mais moderna hoje em dia para se operar o descolamento de retina, a não ser em jovens, em que se prefere fazer a retinopexia com introflexão escleral para poder poupar o cristalino, que é a lente natural do olho. A vitrectomia em geral não poupa o cristalino e, portanto, é mais usada principalmente depois dos 40 anos.
Quanto mais tempo a retina permanecer descolada, maiores são os riscos de danos para a visão. É muito importante, ao perceber qualquer alteração visual, que o paciente marque uma consulta com o oftalmologista para investigar a causa ou, dependendo do caso, busque um serviço de emergência oftalmológica.
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