No início dos anos 1910, o mundo antigo ruía.
Rivalidades imperiais, nacionalismos inflamados e uma fé cega no progresso
tecnológico empurravam a civilização rumo ao colapso.
As alianças militares entre potências europeias –
Tríplice Aliança e Tríplice Entente – criadas para manter a paz, tiveram um
efeito contrário e devastador. Impérios multinacionais enfrentavam internamente
pressões separatistas, como os impérios austro-húngaro e o otomano. A Alemanha
e a Itália, reunificadas recentemente, buscavam afirmar-se no cenário mundial.
As disputas por colônias na África e na Ásia, tensões nos Balcãs, tendo a
Rússia apoiando o pan-eslavismo e a Sérvia confrontando o Império
Austro-Húngaro, compunham as tensões e instabilidade.
A tecnologia avançava, mas nem sempre para o bem.
Metralhadoras, tanques e gases letais transformaram a guerra em carnificina.
Telégrafos e locomotivas aceleraram decisões, dando um novo ritmo aos combates.
A produção em massa crescia, aprofundando desigualdades e greves violentas.
Mesmo os avanços da medicina, como vacina e anestesia, se mostraram
insuficientes diante de uma pandemia.
O mundo se rompeu com o assassinato do arquiduque
Francisco Ferdinando em 1914, por um radical sérvio. A Primeira Guerra Mundial
se demonstrou uma crise civilizatória. Impérios se dissolveram, vinte milhões
de pessoas morreram, uma geração inteira foi perdida.
Em 1917, a Revolução Russa instaurou o regime
comunista, inaugurando uma nova era de conflitos ideológicos.
Em 1919, o Tratado de Versalhes impôs severas
sanções à Alemanha, gerando um ressentimento que alimentaria conflitos futuros.
Do outro lado do atlântico, os Estados Unidos
viviam o crescimento industrial acelerado, conflitos raciais e greves. Entrou
na guerra em 1917 e selou sua ascensão como potência global. O mundo havia
mudado.
A década de 1910 é o aviso ignorado da história.
Ali se plantaram as sementes do autoritarismo, da reorganização econômica e da
desilusão com o progresso. Foi revelado que o progresso técnico, sem
ética, pode ser apenas uma engrenagem a serviço da destruição. Entender seus
dilemas é essencial para compreender os desafios do nosso próprio tempo – em
que as estruturas voltam a balançar, e a história, como sempre, sussurra ao
presente.
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