Desenvolvimento de fala e linguagem é um dos maiores desafios para portadores de TEA
O Dia Mundial do Orgulho Autista, celebrado em 18 de junho, é mais do que uma data de conscientização: é um chamado à ação. Criada em 2005 pelo grupo Aspies for Freedom (Reino Unido), a data tem o propósito de ampliar a compreensão da sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e promover a valorização da neurodiversidade, ou seja, a ideia de que o cérebro humano funciona de diversas maneiras — todas legítimas e dignas de respeito.
Na data, destaca-se a importância de respeitar as características únicas de cada pessoa, promovendo inclusão, acessibilidade e condições adequadas de diagnóstico e intervenção ao longo de toda a vida. E um dos aspectos mais importantes para a inclusão é o desenvolvimento de fala e linguagem.
A Dra. Mônica Simons Guerra, especialista em Foniatria, uma especialidade da Otorrinolaringologia, reforça que o desenvolvimento da fala e da linguagem está diretamente ligado à comunicação social — um dos critérios diagnósticos centrais do TEA. Frequentemente, os primeiros sinais observados pelas famílias envolvem a linguagem: ausência de fala, ecolalia (repetição de palavras), dificuldades de reciprocidade ou padrões atípicos de comunicação.
Por isso, é essencial contar com avaliação foniátrica precoce, que possa traçar caminhos terapêuticos personalizados, respeitando o tempo, potencialidades e necessidades de cada criança. A linguagem vai muito além da fala — ela impacta o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e a autoestima.
"Promover o
direito à linguagem é promover o direito de ser ouvido, compreendido e
incluído", afirma a especialista.
Números e desafios
Segundo o Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE em maio de 2025, 2,4 milhões de brasileiros declararam diagnóstico de TEA, o que representa 1,2% da população. A prevalência é ainda maior entre crianças de 5 a 9 anos, com 2,6%. Esses números refletem uma maior conscientização social e avanços na detecção, especialmente na infância.
No entanto, o
Censo também revelou um dado preocupante: apesar da taxa de escolarização entre
autistas ser superior à da média populacional, há uma alta taxa de
analfabetismo funcional entre pessoas com TEA acima de 25 anos. Isso mostra que
estar na escola não garante, por si só, o desenvolvimento pleno de habilidades
fundamentais como linguagem, leitura e escrita — pilares para a autonomia,
inclusão e uma vida adulta com qualidade.
O que representa o 18 de junho:
- Orgulho
e afirmação de identidade
O dia convida a celebrar a singularidade das pessoas autistas, reconhecendo que o TEA não é uma doença, mas sim uma condição do neurodesenvolvimento que deve ser compreendida e respeitada.
- Luta
por políticas públicas eficazes
A data reforça a necessidade de acesso a terapias especializadas, profissionais capacitados, ambientes escolares inclusivos e oportunidades de trabalho adaptadas para o espectro.
- Desconstrução
do capacitismo
O orgulho autista enfrenta estereótipos e desafia a ideia de “normalidade” imposta pela sociedade, promovendo uma cultura que valorize a diferença como potência.
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