Profissionais remotos têm menos chances de promoção, mesmo com melhor desempenho; especialista explica como evitar esse viés
Com a consolidação do home office e do trabalho híbrido, um desafio silencioso tem impactado a carreira de muitos profissionais: o viés da proximidade. Um estudo conduzido por economistas das universidades britânicas de Nottingham, Sheffield e King's College aponta que trabalhadores remotos têm menos chances de receber promoções e aumentos salariais, mesmo quando apresentam melhor desempenho do que seus colegas presenciais. O motivo? A tendência inconsciente de líderes valorizarem mais aqueles que estão fisicamente próximos no dia a dia.
Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras e PhD pela Unicamp, alerta que essa distorção pode prejudicar tanto os profissionais quanto as próprias empresas. "O viés da proximidade faz com que gestões ineficazes acabem promovendo quem está visível no escritório, e não quem gera melhores resultados. Isso prejudica a valorização justa do trabalho e diminui a retenção de talentos", afirma.
O problema se intensificou após a pandemia, quando muitas
lideranças, acostumadas ao modelo presencial, passaram a associar produtividade
à presença física. No entanto, empresas inovadoras já entenderam que o mais
importante é medir resultados, não o tempo de permanência no escritório.
Gigantes da tecnologia, como Google e Microsoft, têm adotado modelos mais
flexíveis, focando na entrega e na qualidade do trabalho, independentemente da
localização do colaborador.
Como evitar o viés da proximidade?
Para garantir uma avaliação justa, Santos recomenda algumas práticas:
- Avaliação por desempenho: em vez de focar na presença física, empresas devem estabelecer métricas claras de desempenho para avaliar seus funcionários;
- Reuniões regulares com todos do time: funcionários remotos podem ser esquecidos nas interações diárias. Reuniões estruturadas garantem equilíbrio nas comunicações;
- Uso de ferramentas de produtividade: softwares de gestão permitem monitorar a performance de maneira objetiva, reduzindo a dependência da observação presencial;
- Cultura organizacional inclusiva: líderes devem ser treinados para reconhecer e evitar o viés da proximidade, garantindo que as decisões sejam baseadas em mérito real.
Para o especialista, o futuro do trabalho não está na
supervisão constante, mas sim na relação de confiança e na valorização dos
resultados. "Empresas que entenderem isso sairão na frente, atraindo e
retendo os melhores profissionais, independentemente de onde estejam",
conclui.
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