Fabio Louzada, economista, planejador
financeiro, sócio e CEO da Eu me banco Educação, fornece dicas de como definir
preços de forma adequada e, consequentemente, alavancar as vendas!
Um dos maiores desafios enfrentados por empreendedores, independentemente do setor em que atuam, é a definição do preço de seus produtos ou serviços. Nessa jornada, muitos cometem um erro comum: baseiam-se exclusivamente no valor praticado pela concorrência. Essa abordagem, apesar de parecer lógica à primeira vista, pode levar a um posicionamento inadequado no mercado e a prejuízos financeiros.
O
raciocínio usual é simples: se um concorrente vende um produto por determinado
valor, cobrar um pouco menos pode parecer uma estratégia inteligente para
conquistar mercado. No entanto, essa visão ignora um aspecto fundamental da
precificação: o valor percebido pelo cliente. Definir o preço de um produto não
pode ser apenas uma questão de custos e margem de lucro, mas sim de compreensão
do impacto que ele gera na vida do consumidor.
A Apple, por exemplo, é um caso emblemático. O iPhone, seu carro-chefe, é frequentemente vendido por valores significativamente mais altos do que dispositivos de marcas concorrentes que oferecem especificações técnicas similares ou até melhores. No entanto, o consumidor da Apple não está apenas adquirindo um smartphone. Ele está comprando status, design sofisticado, um ecossistema integrado e uma experiência diferenciada. O preço elevado reforça o posicionamento da marca e solidifica sua percepção premium.
Esse
conceito pode ser aplicado a qualquer segmento. Quando um profissional decide
investir em um MBA, por exemplo, o que ele espera não é apenas um diploma, mas
um amadurecimento profissional de fato que o leve a outros patamares na
carreira, inclusive. Se um programa educacional é precificado em R$ 60.000, mas
proporciona conhecimento de alto nível e oportunidades que resultam em um
aumento salarial ou uma promoção, a percepção de valor faz com que o
investimento se justifique. Por outro lado, um MBA de R$ 7.000, sem diferencial
competitivo, pode parecer mais acessível, mas não oferecerá o mesmo retorno
para o aluno.
Esse
mesmo princípio se aplica a produtos e serviços de diversas naturezas. Um
dentista que cobra R$ 20.000 para um procedimento pode parecer caro à primeira
vista, mas se o tratamento resulta em mais confiança, melhora a autoestima e
impacta positivamente a vida social e profissional do paciente, então o preço
se torna um investimento em qualidade de vida. A percepção do valor entregue é,
portanto, mais relevante do que a simples comparação de preços.
Na
minha opinião, o maior equívoco ao definir o preço de um produto é não
considerar o retorno sobre o investimento (ROI) que ele oferece ao cliente.
Esse conceito é essencial para que empresas e empreendedores consigam
posicionar corretamente suas ofertas no mercado. Ao focar apenas em ser mais
barato que a concorrência, um negócio pode acabar atraindo um público que não
enxerga o verdadeiro valor do que está sendo vendido, comprometendo margens de
lucro e desvalorizando a própria marca.
Em
tempos de economia instável e alta concorrência, entender que preço é um
posicionamento é mais importante do que nunca. Os consumidores estão dispostos
a pagar mais quando enxergam diferenças tangíveis e intangíveis no que estão
adquirindo. Empresas que conseguem comunicar claramente o valor agregado de
seus produtos ou serviços conquistam a lealdade do público e criam um
diferencial competitivo difícil de ser replicado.
Portanto, antes de definir o preço de um produto ou
serviço, o empreendedor deve se perguntar: quais são os benefícios reais que
ele oferece? Qual a percepção de valor que ele gera? O preço
reflete adequadamente esse valor? Somente ao responder essas perguntas de
forma estratégica e bem fundamentada, é possível estabelecer um preço que não
apenas garanta a rentabilidade do negócio, mas também fortaleça sua marca no
mercado.
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