Doenças
inflamatórias intestinais aumentaram 15% no Brasil, e casos de câncer de cólon
e reto somam mais de 45 mil diagnósticos anuais. A Medicina Funcional
Integrativa atua na modulação intestinal para restaurar o equilíbrio do
organismo e prevenir doenças.
O intestino vai muito além da digestão: ele é um
dos principais reguladores do sistema imunológico, da produção de
neurotransmissores e do equilíbrio metabólico. Quando sua microbiota está em
desequilíbrio, condições como câncer de cólon e reto, ansiedade, depressão e
síndrome do intestino irritável (SII) podem surgir ou se agravar. Segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil tem 45.630 novos casos anuais de
câncer de cólon e reto estimados entre 2023 e 2025. Além disso, doenças
inflamatórias intestinais cresceram 15% nos últimos anos, afetando milhões de
pessoas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).
A modulação intestinal é um processo terapêutico
que busca restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal, reduzir a inflamação
e fortalecer as defesas naturais do organismo. De acordo com a médica
integrativa Lilian Gontijo, é especialista em Medicina de Família e Comunidade,
pós-graduada em Geriatria e Gerontologia e diretora da Clínica Integrative em
Belo Horizonte, esse cuidado pode transformar a saúde dos pacientes. “O
intestino é conhecido como o ‘segundo cérebro’ por sua conexão direta com o
sistema nervoso e imunológico. Quando sua função está comprometida, todo o
organismo sofre. Com a modulação intestinal, conseguimos tratar doenças
inflamatórias, regular hormônios, melhorar a saúde mental e fortalecer a
resposta imunológica, prevenindo doenças crônicas”, explica.
E uma das maiores vilãs da saúde intestinal é a
rotina moderna. O consumo excessivo de ultraprocessados, açúcares, glúten e
laticínios pode desencadear inflamações e desequilíbrios na microbiota. Além
disso, o uso indiscriminado de antibióticos e anti-inflamatórios, o estresse
crônico, a privação de sono e o sedentarismo impactam diretamente o
funcionamento do intestino. “Tudo isso pode levar à disbiose e ao aumento da
permeabilidade intestinal, permitindo que toxinas e partículas não digeridas
entrem na corrente sanguínea, desencadeando inflamações sistêmicas. Essa
inflamação crônica pode estar por trás de doenças autoimunes, problemas
metabólicos e até transtornos psiquiátricos”, alerta Dra. Lilian.
A conexão entre intestino,
imunidade e saúde mental
Cerca de 70% das células do sistema imunológico
estão no intestino, tornando sua integridade essencial para a defesa do
organismo. “Se o intestino está inflamado ou desregulado, o sistema imunológico
pode ficar enfraquecido ou hiperativo, resultando em alergias, doenças
autoimunes ou infecções frequentes”, explica Dra. Lilian. Além da imunidade, a
saúde mental também está diretamente ligada ao intestino. Estudos mostram que a
microbiota intestinal influencia a produção de neurotransmissores como
serotonina e dopamina, essenciais para o bem-estar emocional. “Pacientes com
ansiedade e depressão muitas vezes apresentam disfunções intestinais. Quando
tratamos o intestino, vemos uma melhora expressiva no humor, na disposição e
até na qualidade do sono”, destaca a médica.
Para personalizar o tratamento, a Clínica
Integrative utiliza exames detalhados, como microscopia de campo escuro e
avaliações da microbiota intestinal. “Cada pessoa tem um perfil único, e só
conseguimos modular o intestino de forma eficaz quando sabemos exatamente o que
está causando o desequilíbrio”, reforça. O impacto desse cuidado fica evidente
nos resultados dos pacientes. “Recentemente, acompanhei uma mulher com
tireoidite de Hashimoto que, apesar dos exames hormonais normais, não conseguia
engravidar. Como o intestino tem um papel fundamental na regulação do sistema
imune, focamos na modulação intestinal por meio de ajustes na alimentação e
suplementação. Após cinco meses de tratamento, ela conseguiu engravidar
naturalmente”, conta a médica.
Com um acompanhamento adequado e individualizado, a
modulação intestinal se torna uma ferramenta poderosa na prevenção e no
tratamento de doenças, proporcionando mais saúde e qualidade de vida.
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