Em camundongos, pesquisadores
testaram os efeitos do extrato metanólico da planta e de uma substância
alcaloide isolada, a palmatina. Resultados foram promissoresA Annona squamosa já é usada em diversos países com fins
medicinais e é empregada na medicina popula
r para tratar dor e artrite
(foto: Marcos José Salvador)
Pesquisadores identificaram nas
folhas da Annona squamosa, árvore conhecida popularmente no Brasil
como fruta-do-conde ou pinha, substâncias com ação analgésica,
anti-inflamatória, anti-hiperalgésica (combate à dor persistente) e antiartrítica.
Resultados da investigação, apoiada pela FAPESP por meio de cinco projetos (09/05992-6, 14/17436-9, 15/03726-8, 16/06407-3 e 21/09693-5),
foram divulgados na
revista Pharmaceuticals.
O trabalho envolveu cientistas
das universidades Federal da Grande Dourados (UFGD), Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp). O grupo
avaliou o extrato metanólico da planta (o metanol é usado como solvente e
depois removido por evaporação, obtendo-se um extrato seco) e uma substância
isolada denominada palmatina.
Como explicam os autores,
a Annona squamosa já é usada em diversos países com fins
medicinais e é empregada na medicina popular para tratar dor e artrite. Foram
observadas diversas propriedades farmacológicas, por exemplo, gastroprotetora,
antibacteriana, antiviral e anti-inflamatória. Representa uma possível opção
aos principais tratamentos farmacológicos para dor, os analgésicos opioides e
os anti-inflamatórios não esteroides, cujo uso prolongado pode causar vários
efeitos colaterais, como dependência, úlceras e eventos trombóticos
cardiovasculares. Também pode ser alternativa aos principais medicamentos
contra inflamação, como os análogos dos glicocorticoides e os
anti-inflamatórios não esteroides, que em tratamentos crônicos podem levar à
insuficiência adrenal e resistência à insulina, entre outros problemas.
“Em vista disso, o objetivo do
estudo foi investigar o potencial analgésico, antiartrítico e anti-inflamatório
do extrato metanólico e da palmatina, obtidos a partir da Annona
squamosa”, conta Marcos José Salvador,
professor titular do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp e coautor da
pesquisa.
Para isso, as folhas da planta
passaram por um processo de secagem e foram transformadas em pó. Então,
extraíram-se as substâncias que seriam analisadas. O extrato metanólico e o
alcaloide palmatina foram administrados oralmente em camundongos, sendo
estudados em diferentes modelos experimentais, incluindo pleurisia (inflamação
das pleuras, membranas que revestem os pulmões e a parede torácica) induzida
por uma substância chamada carragenina; inflamação articular induzida por
zimosana; e hiperalgesia mecânica (sensibilidade elevada a estímulos dolosos)
induzida por TNF (fator de necrose tumoral, proteína sinalizadora produzida por
células de defesa e que desempenha papel crucial na regulação da resposta
imune).
“Os resultados mostraram que o
extrato metanólico e a palmatina extraídos da A. squamosa têm
potencial analgésico e anti-inflamatório. A palmatina tem ainda propriedades
anti-hiperalgésicas, que podem envolver a inibição da via mediada pelo fator de
necrose tumoral”, explica Salvador. “Concluímos também que a palmatina pode ser
um dos constituintes responsáveis pelas propriedades antiartríticas da planta.”
As conclusões obtidas na
análise são muito relevantes e ajudam a comprovar os efeitos terapêuticos das
amostras analisadas e a elucidar seus mecanismos de ação, que ainda não foram
totalmente esclarecidos. Entretanto, novos estudos precisam ser feitos antes
que possam ser utilizados na prática para o tratamento de doenças.
“Mais estudos são necessários
para avaliar se, em outras formulações, seriam alterados os efeitos e as
propriedades farmacocinéticas da palmatina”, afirma o pesquisador, ressaltando
também ser necessárias novas pesquisas para avaliar a toxicidade dos compostos
e as doses necessárias para obter o efeito terapêutico para uso clínico.
O artigo Analgesic and
Anti-Arthritic Potential of Methanolic Extract and Palmatine Obtained
from Annona squamosa Leaves pode ser lido em: www.mdpi.com/1424-8247/17/10/1331.
Thais Szegö
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/substancias-extraidas-da-folha-da-fruta-do-conde-tem-potencial-analgesico-e-antiartritico-revela-estudo/53458
Nenhum comentário:
Postar um comentário