Além dos aspectos físicos como dor, inchaço e roxos nos braços, quadris e pernas, alguns dos pontos mais indicados pelas mulheres que sofrem com o Lipedema, do ponto de vista emocional, são a perda da qualidade de vida e a culpa
Foto de uma mulher que sofre com Anorexia, causada pelo Lipedema |
Muitas mulheres sofrem com um sentimento constante de culpa por acharem que não estão se esforçando o suficiente para eliminar a gordura dos braços e das pernas. Não é falta de disciplina ou de esforço. “Muitas são taxadas de preguiçosas por não conseguirem emagrecer, mas a questão é que elas podem fazer dietas e exercícios físicos diariamente e, mesmo assim, a gordura continuará em seu corpo porque a gordura do Lipedema não é obesidade, não é algo estético, é uma doença”, diz o diretor do Instituto Lipedema Brasil e um dos médicos pioneiros no tratamento da doença no país, dr. Fabio Kamamoto. De acordo com o especialista, ouvir esses comentários constantemente acaba com a autoconfiança delas, além da frustração de não conseguir reduzir o peso e perder a gordura localizada, pode gerar nessas mulheres distúrbios alimentares como anorexia e bulimia, e também emocionais.
“A doença não é fatal, tem cura, mas por causa do desconhecimento geral, até essa mulher conseguir encontrar um profissional que saiba o que é a doença e possa ajudá-la, a qualidade de vida pode ser prejudicada de tal forma que pode desencadear depressão, obesidade, perda de mobilidade e redução de autoestima. Fora a necessidade que elas têm de esconder essas partes do corpo. Ir à praia, usar saias ou shorts torna-se impensável para essas mulheres. O impacto emocional é brutal”, avalia.
A
palavra do psiquiatra - A
importância de reconhecer a diferença entre o Lipedema e a obesidade para o bem
da saúde mental das mulheres já foi pauta do Reflexões Psiquiátricas,
projeto liderado pelo psiquiatra dr. Táki Cordás e que contou
com a participação do dr. Kamamoto nas mídias sociais. Segundo o dr. Cordás, o
centro de dor e os diferentes centros que podem dar depressão em nível cerebral
são muito próximos, ou seja, síndromes dolorosas e crônicas dão muita
depressão. Para o dr. Kamamoto, a dor de apalpação nos membros afetados
pelo Lipedema é altamente limitante para as mulheres. “Elas tentam fazer
caminhadas, atividades que precisam ficar muitas horas em pé, e isso vai
atrapalhando a vida delas porque chegam ao final do dia literalmente no limite
da dor e do emocional”.
Além
da dor física – O Lipedema, que provoca dores,
problemas de locomoção e uma sensação de peso nesses membros, também traz uma
sensação de sofrimento e solidão, já que elas não se sentem acolhidas nem pelos
médicos nem pela sociedade. Tudo isso “pesa” no quesito saúde mental feminina,
um dos assuntos mais discutidos este ano. Para a mulher que concilia trabalho
doméstico, carreira, estudos, maternidade, relacionamentos e cuidados com a
família, ter uma doença crônica e progressiva, ou seja, que piora se não for
tratada, o “problema” é maior. Segundo estudo recente do Instituto de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo que comprovou
as consequências para a saúde mental das mulheres, 40,5% delas responderam que
desenvolveram sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. O
que se constata é que as mulheres estão sobrecarregadas e exaustas.
“Estamos falando de números no pós-pandemia, imagina se falássemos com as mulheres neste período e com Lipedema? Este número, provavelmente, seria maior”, finaliza Kamamoto.
Crédito fotos: Instituto Lipedema Brasil/ Divulgação
Instituto Lipedema Brasil - www.institutolipedemabrasil.com.br
ONG Movimento Lipedema
http://movimentolipedema.org/
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