Dificuldades
emocionais, comportamentais ou sociais podem ser sinal de que as crianças
precisam de acompanhamento profissional
Sucesso de crítica e público, “Divertida Mente 2”
arrastou multidões aos cinemas para acompanhar a história de Riley, uma
menininha que está entrando na adolescência e precisa aprender a lidar com
sentimentos antes desconhecidos. Na realidade, reconhecer e compreender as
emoções também pode ser um desafio para muitas crianças e, em alguns casos, a
psicoterapia é uma opção para ajudá-las a passar por esse processo.
A professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo (UP) - campus Londrina Denise Silveira Barbosa explica que, no caso dos pequenos, a
psicoterapia é indicada “quando a criança apresenta dificuldades emocionais,
comportamentais ou sociais que interferem em seu desenvolvimento saudável.
Mudanças de comportamento, como agressividade ou retraimento, dificuldades na
socialização, alterações no sono ou na alimentação, e questões relacionadas à
ansiedade ou experiências traumáticas ajudam a identificar essa necessidade”.
Mudanças de escola ou de cidade, separação dos pais, luto e problemas na escola
também podem se tornar muito menos dolorosos com a ajuda de um psicólogo.
No entanto, não é necessário um grande evento para
que a criança experimente algum desconforto emocional e precise de ajuda para
lidar com isso. Situações do cotidiano, como a dinâmica entre irmãos ou a
quebra de expectativas parentais também são fatores comuns para que os
cuidadores busquem a psicoterapia. “De maneira geral, ela é indicada quando
pode ser importante que as experiências infantis sejam significadas e
experimentadas em um contexto seguro e quando os pais podem se beneficiar de
orientações sobre as situações vivenciadas”, explica.
Por fim, diagnósticos de neurodivergência, como
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e dificuldades de
adaptação dos pequenos podem exigir acompanhamento profissional. “Essas
condições podem estabelecer desafios emocionais, comportamentais ou sociais que
impactam o bem-estar da criança. A terapia pode auxiliar na promoção de
estratégias adaptativas para lidar com essas dificuldades, proporcionando um
ambiente seguro para que a criança desenvolva habilidades de comunicação,
interação social e regulação emocional.”
A partir de que idade as
crianças podem fazer psicoterapia?
Crianças de qualquer idade podem fazer
psicoterapia, mas, naturalmente, as abordagens são diferentes dependendo da
idade do paciente. O professor do curso de Psicologia da UP Romano Zattoni
afirma que “crianças podem fazer psicoterapia desde uma idade muito tenra, até
mesmo no primeiro ano de vida existe o trabalho com psicólogos, caso já se
identifiquem questões do desenvolvimento ou indícios de que alguma espécie de
problema pode vir a se instaurar”. Quando o trabalho é iniciado assim, tão
cedo, a participação dos pais ou responsáveis é fundamental para o bom
andamento do processo terapêutico, “focando na orientação parental e na criação
de ambientes mais favoráveis ao desenvolvimento emocional e comportamental da
criança”, lembra Denise.
Cuidados necessários
Zattoni ressalta que, ao buscar um profissional
para atender os pequenos, é preciso considerar a especialidade desse
psicoterapeuta e o acolhimento que ele oferece também à família. É
indispensável que seja um profissional especializado na psicoterapia infantil
porque esses pacientes têm necessidades específicas que exigem cuidado e
conhecimento. Quanto à relação com a família, “os pais também devem se sentir à
vontade para compartilhar questões e para se sentir ouvidos também por essa ou
por esse profissional, que deve também acolhê-los em seu sofrimento. Isso
porque, muitas vezes questões que os pais estejam vivendo terão também
influência nas questões da criança”.
Além disso, não se pode esquecer de que o foco do
tratamento deve estar na criança e, portanto, o ambiente oferecido a ela, tanto
físico quanto emocional, deve ser acolhedor e seguro. “É importante que esse
seja um espaço em que a criança se sinta à vontade para expressar suas emoções
e comportamentos”, alerta Denise.
Participação da família é
fundamental
“O trabalho com crianças em clínica não se constrói
sem a presença da família. Os pais e responsáveis atuam como importantes
agentes e consolidadores de mudança, pois são eles que vivenciam o dia a dia da
criança e podem levar as questões discutidas em sessão para ambiente familiar”,
aconselha a psicóloga. Ela pontua que é por meio da família que o terapeuta
pode conhecer melhor a criança, visto que, muitas vezes, elas ainda não
conseguem falar sobre si mesmas.
Alguns dos fatores necessários para que a família
contribua com o processo terapêutico, diz, são honestidade, abertura,
comunicação e engajamento. “É bastante frequente que as fontes de sofrimento e
dificuldade das crianças tenham relação com as próprias fontes de sofrimento e
dificuldade dos pais. Assim, a honestidade para identificar essas relações e
abertura para alterá-las, conforme sugestões do psicoterapeuta, podem ser
partes importantes do processo.” Os pais precisam, ainda, acompanhar
regularmente as sessões, com disponibilidade para realizar sessões eles mesmos,
e estar dispostos a refletir sobre o papel da dinâmica familiar no
comportamento da criança. “Essa parceria entre pais e terapeuta é crucial para
que o processo psicoterapêutico tenha resultados efetivos e duradouros”,
finaliza.
Universidade Positivo
up.edu.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário