É cada vez mais comum e necessária a presença desse
profissional no ambiente hospitalar; entenda!
Em 27 de agosto é comemorado o Dia do Psicólogo, um profissional frequentemente
lembrado por sua atuação em consultórios e até de forma online nos tempos
pós-pandemia, mas que pode fazer a diferença no ambiente hospitalar. Por mais
que se pense que a psicologia nos hospitais seja uma mera transferência do
trabalho realizado de forma clínica para o contexto de uma internação, não é
bem assim que ocorre na prática.
Segundo
Lídia Farias, psicóloga do CEJAM - Centro de Estudos
e Pesquisas “Dr. João Amorim” no Rio de Janeiro, o “setting”
terapêutico (todo o contexto relacionado à realização do atendimento) é
totalmente diferente, a começar pelo horário controlado das sessões,
previamente determinado, e trabalho mais individual nos consultórios.
“A
conduta do psicólogo no consultório é individual. Pode até sentir a necessidade
de encaminhamento a um psiquiatra, por exemplo, mas segue o atendimento a seu
modo. No ambiente hospitalar o trabalho é em equipe e bem menos planejado, no
sentido da diversidade de situações”, pondera.
Nesse
contexto, o profissional lida com aspectos psicológicos relacionados a
diagnósticos, adoecimento, procedimentos, estada hospitalar, entre outros,
incluindo o luto. Lídia lembra que, no hospital, o psicólogo convive com o
envolvimento de muitos outros profissionais, num trabalho verdadeiramente
conjunto. “Se há um sintoma físico, haverá uma questão emocional e vice-versa.
Tudo acontece junto. Então, precisamos casar o cuidado para ter uma garantia de
sucesso.”
Diante
de todas essas situações em que o psicólogo pode figurar como um ponto de
apoio, sua atuação pode também ter diferentes nuances, como acolhimento e
suporte emocional, identificação de recursos de enfrentamento, preparação
psicológica para cirurgias, atendimento psicoterapêutico, atendimentos em
ambulatório e unidade de terapia intensiva (UTI), pronto atendimento,
enfermarias em geral, psicomotricidade, avaliação diagnóstica,
psicodiagnóstico, reparação psicológica para alta hospitalar e uma lista que
ainda cresce.
“Existem
psicólogos especializados em cada cenário hospitalar. Para citar alguns
bastante específicos, há a psicologia perinatal, que abrange o atendimento a
gestantes e puérperas, além do suporte junto aos pais na UTI neonatal.
Gestantes muitas vezes com gravidez planejada se deparam com ameaça de abortamento
ou mesmo prognóstico desfavorável em relação ao bebê, gerando quebra de
expectativas e rompimento de sonhos. Outro exemplo é a psicologia focada em
pacientes transplantados, que precisam lidar com a aceitação do órgão de uma
outra pessoa”, completa a especialista.
Atendimento
que vai além dos pacientes
Assim
como o paciente, a família também se vê diante de dificuldades no enfrentamento
de situações de adoecimento, novas rotinas e, em casos mais extremos, até mesmo
falecimento de um de seus entes queridos. “No hospital também lidamos com a
morte, o que não ocorre no consultório de forma tão direta. Atendemos pessoas
enlutadas, onde os familiares precisam de acolhimento, ou seja, os atendimentos
extrapolam os pacientes internados”, destaca Lídia.
A
presença de um familiar no hospital para acompanhar o paciente durante
internações é cada vez mais frequente, sobretudo quando se fala em crianças,
adolescentes e idosos. Sendo assim, se faz necessário o cuidado psicológico,
orientação e suporte emocional, tanto com o paciente quanto com seus familiares
para ajudar a lidar com a doença ou, se necessário, com o luto.
“Cada caso é um
caso e há muitas especificidades nos atendimentos. Nas UTIs neonatais, é
preciso ressaltar a importância do autocuidado no caso das mães com bebês
internados. Muitas delas desejam permanecer todo o tempo no hospital junto ao
filho, mas acabam por se entregar ao confinamento. Em outros momentos, é
necessária uma conversa franca com um pai que não colabora com a dieta de uma
gestante com diabetes gestacional e pressão alta. Ou seja, o atendimento
precisa ser individualizado e adaptado constantemente a cada público”, finaliza
a psicóloga hospitalar.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejamoficial
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