A incorporação de
radioterapia de intensidade modulada (IMRT) para câncer de pulmão, mediastino e
esôfago foi aprovada na segunda (7) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS). O órgão avaliou os benefícios para da incorporação da técnica IMRT em
comparação com a técnica conformada
Inicialmente contrária à incorporação de
radioterapia de intensidade modulada (IMRT) para tratamento de neoplasias de
tórax (câncer de pulmão, mediastino e esôfago) a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) deu seu parecer favorável à técnica durante a 6ª Reunião
Extraordinária de Diretoria Colegiada, na segunda (7). A nota técnica de
recomendação final veio após análise de relatório técnico da Sociedade
Brasileira de Radioterapia (SBRT) e da realização, de 1 a 20 de junho, da Consulta
Pública nº 110. Antes desta decisão, a radioterapia de IMRT estava no rol
de procedimentos da agência apenas para tumores de Cabeça e Pescoço. Além da
SBRT, outras entidades que contribuíram no processo foram o Instituto Oncoguia,
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica, Associação Brasileira de Câncer Gástrico (ABCG) e Todos
Juntos Contra o Câncer.
Ao manifestar os fatores que resultaram na
alteração do parecer, antes desfavorável à incorporação, foi o potencial ganho
de sobrevida global e menor toxicidade, evidenciado por estudos científicos. A
nota técnica de recomendação final da ANS afirma que “o uso amplo e consolidado
da IMRT, bem como seus benefícios para redução da toxicidade de curto e longo
prazo relacionada à radiação, foram francamente corroborados por especialistas
e outros interessados, que reforçam a importância da incorporação de uma
técnica mais segura para o paciente e da ampliação das opções de radioterapia
disponíveis no Rol para o tratamento de tumores de pulmão, mediastino e
pulmão”.
O radio-oncologista e presidente da SBRT, Marcus
Simões Castilho, celebra o parecer favorável à incorporação e destaca que a
técnica de IMRT é a única com capacidade de entregar radiação concentrada no
tumor. No caso de irradiação no tórax, é feita a modulação para se atingir –
com uma dose alta e segura - apenas o tumor e, assim, são poupados os órgãos
saudáveis ao redor, como coração, esôfago, pulmões e medula espinhal, evitando
sequelas graves nesses órgãos. “Essa técnica é a mais avançada que existe e a
utilizamos no Brasil há mais de 20 anos. É considerada padrão na maior parte do
mundo”, complementa o radio-oncologista Robson Ferrigno, diretor de defesa
profissional da SBRT.
O próximo passo, afirma a SBRT, é manter o tema em
aberto, buscando incorporações para tratamento de pacientes com tumores de
outras localidades. O relatório da SBRT aponta que, em países de medicina
socializada, como Canadá e Reino Unido, mais da metade dos pacientes com
tumores de outras regiões do corpo (além da região de cabeça e pescoço, pulmão,
mediastino e esôfago) recebem radioterapia com IMRT como técnica de tratamento.
A entidade argumenta que a IMRT seja a técnica escolhida de tratamento sempre
que se tenha por intenção aumentar, de forma significativa, as chances de cura
do paciente, bem como em situações de alto risco de toxicidade, onde a redução
de dose de radiação possa minimizar de forma significativa estes efeitos.
O Relatório RT2030,
também produzido pela Sociedade Brasileira de Radioterapia, mostra que 70% dos
serviços privados dispõem da técnica de IMRT e a utilizam. O efeito que esta
incorporação no Rol trará é que os outros 30% que não têm a técnica,
investiriam e seriam devidamente remunerados.
Investimento e
custo-efetividade - Para ser realizada, a IMRT
exige investimentos em hardware e software específicos e se utiliza o mesmo
equipamento que as demais técnicas de radioterapia, que é o acelerador linear.
Os tratamentos com IMRT consomem mais tempo de pessoal durante simulação e
planejamento, mais tempo de equipamento para entrega de dose, além de cuidados
mais precisos com controle de qualidade e segurança de tratamento, exigindo
maior treinamento de toda a equipe envolvida. Por sua vez, estudos evidenciam
ser uma técnica custo-efetiva e com impacto na redução de mortalidade.
Tumores no tórax em números - O câncer de pulmão é o terceiro mais comum nos homens e quarto entre as
mulheres, totalizando mais de 32 mil novos casos previstos para 2023, segundo
dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O câncer de esôfago também está
entre os mais incidentes nos brasileiros, somando mais de 11 mil casos
anuais. Deste total, 7 entre 10 pacientes recebem a indicação de
radioterapia, informa a SBRT. Em todo o mundo, de acordo com o Global Cancer
Observatory, da Organização Mundial da Saúde, o câncer de pulmão é o mais letal
no mundo, com 1,8 milhão de mortes anuais.
Sociedade Brasileira de Radioterapia – SBRT
https://sbradioterapia.com.br/
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