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quinta-feira, 13 de abril de 2023

Trago em mim todas as mulheres do mundo

No ano passado participei como coautora no livro “As donas da P**** toda - Celebration” que foi lançado em dezembro e inclusive, está no RankBrasil por ter reunido o maior número de escritoras em um único livro. Me sinto orgulhosa por estar lá e concordo plenamente com o prefácio quando diz que o livro se torna um verdadeiro manual para as mulheres em trazer tantas histórias, situações, desafios diferentes e mecanismos de como superá-los. Desde que meus exemplares chegaram, passou a ser o meu livro de cabeceira.

Recentemente, em paralelo à leitura dos capítulos do livro, surgiu uma atividade no grupo de mulheres em que participo. Era para refletirmos sobre "quantas de mim, existem dentro de mim"? Profundo e difícil de responder.

Mas foi aí, mergulhando nos meus pensamentos, sentimentos, revivendo situações do meu passado e presente, sendo observadora de mim mesma e deixando o medo de lado para encarar os espaços escuros na minha própria alma... adicionando as reflexões sobre as histórias e os pontos de vista apresentados pelas outras autoras, percebi que dentro de mim TRAGO TODAS AS MULHERES DO MUNDO. Exagero? Não! Todas temos.

E isso é simplesmente maravilhoso e profundamente libertador, porque nós, mulheres, temos intrinsecamente em nosso DNA a capacidade de mudar, ou melhor, estamos nos descontruindo e nos construindo em um ciclo eterno. Isso fica claro para mim quando olho para minha própria vida e para as histórias de outras mulheres, tanto das que estão no livro e de muitas outras, amigas, irmãs, mães. Esta característica é comum a todas. Nós lidamos melhor com o fato de não estarmos prontas e acabadas, nós mulheres não somos um ponto de exclamação. Nós somos reticência.... Até é meio cafona esta comparação, mas esta é a figura de linguagem que melhor traduz o que quero dizer aqui.

Este movimento de construção-desconstrução-reconstrução que a mulher passa experienciando várias situações, às vezes boas, outras nem tanto, desafios, alguns impostos externamente, violência, preconceito... outros vividos internamente na busca de quem se é, o que se quer e aonde quer chegar e, quando finalmente chega, aquele ponto final já não é mais, outras buscas, outros interesses, outros amores, outros degraus. Nunca um exemplo foi tão prático do sistema da dialética criado por Hegel quanto o desenvolvimento e o caminho de uma mulher, pois ela é em si mesma, tese, antítese e síntese – o concreto para o concreto abstrato até o concreto pensado – em uma eterna espiral de transformação e crescimento. 

Assim, trago em mim todas as mulheres do mundo, minhas ancestrais italianas, alegres que falavam mais com as mãos do que com palavras, que assim como eu, também experienciaram relacionamentos abusivos e achavam que era normal. Trago em mim todas aquelas mulheres que romperam com ciclos de violência, que já foram chamadas de rebeldes, loucas, egoístas por exigirem mais respeito. Trago em mim as mulheres que já sofreram abusos no trabalho, já foram tratadas como objetos sexuais e ainda foram culpadas por isso devido seu comportamento liberto.

Quantas Cynthias tenho dentro de mim? Infinitas. Algumas sei que estão lá, mas eu ainda nem conheço, estão por vir situações e/ou desafios que farão elas virem à tona. Sou a Cynthia rebelde, mas que agora está mais suave, a que queria dominar o mundo e agora só quer dominar a si mesma.

E por aí vai, neste meu caminho como de todas as mulheres, somos muitas, somos como cascas de cebola, somos o ciclo da lua, podemos ser jovens, mas nos sentirmos velhas e vice-versa. Somos mães, filhas, professoras, esposas, ciumentas, briguentas, inteligentes, sonhadoras, criativas, artistas, somos literalmente quem quisermos ser. 

 

Cynthia Moleta Cominesi - Engenheira agrônoma, Ms. professora e empresária. Autora do livro “As donas da p**** toda – Celebration”. Instagram: @cynthiamoletacominesi


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