No ano passado participei como coautora no livro “As donas da P**** toda - Celebration” que foi lançado em dezembro e inclusive, está no RankBrasil por ter reunido o maior número de escritoras em um único livro. Me sinto orgulhosa por estar lá e concordo plenamente com o prefácio quando diz que o livro se torna um verdadeiro manual para as mulheres em trazer tantas histórias, situações, desafios diferentes e mecanismos de como superá-los. Desde que meus exemplares chegaram, passou a ser o meu livro de cabeceira.
Recentemente, em paralelo à leitura dos capítulos
do livro, surgiu uma atividade no grupo de mulheres em que participo. Era para
refletirmos sobre "quantas de mim, existem dentro de mim"? Profundo e
difícil de responder.
Mas foi aí, mergulhando nos meus pensamentos,
sentimentos, revivendo situações do meu passado e presente, sendo observadora
de mim mesma e deixando o medo de lado para encarar os espaços escuros na minha
própria alma... adicionando as reflexões sobre as histórias e os pontos de
vista apresentados pelas outras autoras, percebi que dentro de mim TRAGO TODAS
AS MULHERES DO MUNDO. Exagero? Não! Todas temos.
E isso é simplesmente maravilhoso e profundamente
libertador, porque nós, mulheres, temos intrinsecamente em nosso DNA a
capacidade de mudar, ou melhor, estamos nos descontruindo e nos construindo em
um ciclo eterno. Isso fica claro para mim quando olho para minha própria vida e
para as histórias de outras mulheres, tanto das que estão no livro e de muitas
outras, amigas, irmãs, mães. Esta característica é comum a todas. Nós lidamos
melhor com o fato de não estarmos prontas e acabadas, nós mulheres não somos um
ponto de exclamação. Nós somos reticência.... Até é meio cafona esta
comparação, mas esta é a figura de linguagem que melhor traduz o que quero
dizer aqui.
Este movimento de
construção-desconstrução-reconstrução que a mulher passa experienciando várias
situações, às vezes boas, outras nem tanto, desafios, alguns impostos
externamente, violência, preconceito... outros vividos internamente na busca de
quem se é, o que se quer e aonde quer chegar e, quando finalmente chega, aquele
ponto final já não é mais, outras buscas, outros interesses, outros amores,
outros degraus. Nunca um exemplo foi tão prático do sistema da dialética criado
por Hegel quanto o desenvolvimento e o caminho de uma mulher, pois ela é em si
mesma, tese, antítese e síntese – o concreto para o concreto abstrato até o
concreto pensado – em uma eterna espiral de transformação e crescimento.
Assim, trago em mim todas as mulheres do mundo,
minhas ancestrais italianas, alegres que falavam mais com as mãos do que com
palavras, que assim como eu, também experienciaram relacionamentos abusivos e
achavam que era normal. Trago em mim todas aquelas mulheres que romperam com
ciclos de violência, que já foram chamadas de rebeldes, loucas, egoístas por
exigirem mais respeito. Trago em mim as mulheres que já sofreram abusos no
trabalho, já foram tratadas como objetos sexuais e ainda foram culpadas por
isso devido seu comportamento liberto.
Quantas Cynthias tenho dentro de mim? Infinitas.
Algumas sei que estão lá, mas eu ainda nem conheço, estão por vir situações
e/ou desafios que farão elas virem à tona. Sou a Cynthia rebelde, mas que agora
está mais suave, a que queria dominar o mundo e agora só quer dominar a si
mesma.
E por aí vai, neste meu caminho como de todas as mulheres, somos muitas, somos como cascas de cebola, somos o ciclo da lua, podemos ser jovens, mas nos sentirmos velhas e vice-versa. Somos mães, filhas, professoras, esposas, ciumentas, briguentas, inteligentes, sonhadoras, criativas, artistas, somos literalmente quem quisermos ser.
Cynthia Moleta Cominesi - Engenheira agrônoma, Ms. professora e empresária. Autora do livro “As
donas da p**** toda – Celebration”. Instagram: @cynthiamoletacominesi
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