Psicopedagoga do CEUB recomenda medidas de prevenção e diálogo aberto
para proteger crianças contra assédio
Alvo de polêmica nas últimas semanas, o caso
envolvendo o budista Dalai Lama reacendeu a discussão para prevenir e combater
o assédio infantil. Essa é uma triste realidade em todo o mundo, sendo papel
dos pais, educadores e da sociedade trabalhar para combater o problema. Para
entender como identificar sinais de assédio, a psicopedagoga do Centro
Universitário de Brasília (CEUB) Ana Paula Barbosa defende estratégias de
proteção dos pais para seus filhos.
Segundo Ana Paula, diversos sinais podem indicar
que uma criança está sofrendo assédio, como mudanças de comportamento
repentinas, regressão de atos que já não fazia mais (como fazer xixi na cama ou
bater), entre outros comportamentos. A especialista considera importante que os
pais estejam atentos e aprendam a ouvir os sinais que vêm antes da fala ou
grito de socorro da criança. "Muitas vezes, a criança desenha, fala ou até
mesmo pede ajuda, mas os adultos demoram a perceber. Se a criança fala que não
gosta de alguém ou não quer mais ir em algum lugar, é importante respeitar e
validar essa fala", aponta.
Para prevenir o assédio infantil, a psicopedagoga
indica incluir o diálogo sobre educação sexual no contexto educacional e
humano, sem tabus. Ana Paula Barbosa destaca a necessidade de ensinar às
crianças o que é proteção, consentimento, o que é o seu corpo e o cuidado que
se deve ter com ele. Um livro recomendado pela especialista é "Pipo
Fifi", de Caroline Arcari, que aborda de forma lúdica o tema do "toc
do sim" e "toc do não".
Segundo a docente do CEUB, as escolas tem um papel
importante na prevenção do assédio infantil, utilizando recursos como bonecos,
semáforos no corpinho, teatro e outras ações lúdicas para trabalhar o assunto
desde a educação infantil. "Para garantir a segurança dos filhos na
escola, cabe aos pais cobrarem ações da escola, como mais formação para os
professores e direcionamento da coordenação para trabalhar assuntos que não são
só conteúdos pedagógicos, mas também de proteção", reforça.
Barbosa defende ainda avançar no diálogo sobre a
educação sexual de qualidade nas escolas para que as crianças possam entender e
esclarecer questões relacionadas ao corpo, livre de preconceito e tabus,
incluindo o consentimento. “A falta de reflexão sobre a sexualidade humana pode
provocar intolerância e violência, enfraquecendo o combate ao preconceito e ao
abuso sexual infantil. A educação sexual, por outro lado, pode garantir o
futuro e a saúde das nossas crianças", recomenda.
Denúncias tímidas
De acordo com levantamento divulgado pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à
Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, três meninos ou meninas são
abusados a cada hora no Brasil. Entre as vítimas, 51% têm entre um e cinco anos
de idade. O relatório aponta ainda que 500 mil crianças e adolescentes são
explorados sexualmente no país, mas somente 7,5% dos casos chegam a ser
denunciados às autoridades, ou seja, estes números, na verdade, podem ser muito
maiores.
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