Foto: Marieli
Prestes/Hospital Pequeno Príncipe
De
acordo com a organização World Cerebral Palsy Day, mais de 17 milhões de
pessoas vivem em todo o mundo com paralisia cerebral (PC), que é a causa mais
comum de problemas físicos graves na infância. Só no Brasil, a entidade estima
que surjam de 30 mil a 40 mil novos casos todos os anos.
A
paralisia cerebral é descrita como uma condição permanente que afeta o
desenvolvimento do movimento e da postura. A doença é resultado de malformações
ou lesões cerebrais que ocorrem durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou
infantil, até os 5 anos. No Dia Mundial da Paralisia Cerebral, lembrado em 6 de
outubro, o Hospital Pequeno Príncipe conscientiza sobre essa deficiência
permanente e reforça a importância da atuação de uma equipe multidisciplinar
para um tratamento adequado da doença.
Cuidados
com neurologistas, ortopedistas, fonoaudiólogos e psicopedagogos são essenciais
para promover uma vida melhor a crianças com PC. “Sabemos que a paralisia
cerebral é uma condição persistente, não progressiva. No entanto, as
habilidades da criança só vão progredindo à medida que novos processos são
instigados. Desta forma, os profissionais de saúde devem sempre guiar ações
visando a atender às metas funcionais das crianças”, explica a neurologista
pediátrica Elisabete Coelho Auersvald, do maior hospital exclusivamente
pediátrico do país.
Entenda a paralisia cerebral
- Classificações
O
comprometimento dos sistemas neuromuscular, musculoesquelético e sensorial é
característico da PC. Conforme a disfunção motora atribuída a cada paciente com
esse diagnóstico e o local da lesão cerebral, é possível classificar a
paralisia cerebral. A doença é dividida em três principais tipos: espástica,
discinética/hipotônica e atáxica.
Na
paralisia cerebral espástica, que representa de 70% a 80% dos casos, os
músculos são rígidos e fracos, podendo afetar o movimento de braços e pernas.
Problemas de visão, como estrabismo, e a marcha em tesoura, quando a criança se
desloca com uma perna à frente da outra, também são possíveis nesse quadro. Com
a paralisia discinética ou hipotônica, o movimento involuntário é algo
característico. Já a atáxica afeta o equilíbrio e a coordenação, junto de um
tremor nos movimentos.
- Principais
causas
A
neurologista pediátrica Elisabete Coelho Auersvald, revela que as causas da PC
podem ser pré-natais, como malformação do encéfalo e problemas genéticos;
perinatais, a exemplo de fatores traumáticos e isquemia; ou pós-natais, como
infecções e acidentes.
“Com
todas essas causas, o importante é que também podemos identificar alguns sinais
de alerta. O atraso para sentar, engatinhar ou falar, assimetria na
movimentação de membros, falta de equilíbrio, dificuldade de deglutição,
distúrbio no sono e estagnação no crescimento da cabeça ao longo do primeiro
ano de vida são alguns fatores que merecem atenção e investigação”, conta a
médica.
- Tratamento
Por
ser uma condição permanente e sem cura, o diagnóstico rápido e a intervenção
precoce constituem o principal tratamento da criança com paralisia cerebral.
Esses fatores são determinantes para garantir um melhor desenvolvimento
psicomotor e uma consequente melhora da qualidade de vida já durante a primeira
infância.
Cuidado da família é
essencial no tratamento
Em
um cenário global, mais de 350 milhões de pessoas convivem com alguém que tenha
paralisia cerebral. A experiência em dividir uma rotina com uma pessoa nessa
condição pode culminar em uma sobrecarga dos pais ou responsáveis. Por isso, a
médica paliativista Andreia Christine Bonotto Farias Franco, do Hospital
Pequeno Príncipe, reforça a importância do cuidado com as famílias dessas
crianças, que devem receber informações seguras e relevantes, além de apoio,
respeito e acolhimento.
“Ao
obter o diagnóstico da paralisia cerebral, os pais geralmente vivenciam um
período de choque. Isso pode gerar um forte impacto emocional, devido ao medo
do desconhecido e por não se sentirem preparados para enfrentar a situação.
Gradualmente, passam a aceitar, reestruturar a organização familiar e a se
adaptar à nova condição da criança, que demanda tratamento contínuo e exige
cuidados permanentes. O amor dos pais oferece às crianças a capacidade de desenvolver
o seu potencial humano de manifestar sua própria forma de ser no mundo”,
conclui a especialista.
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