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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Paralisia cerebral: atendimento multidisciplinar é fundamental para qualidade de vida dos pacientes


Pequeno Príncipe conscientiza sobre essa deficiência permanente e reforça a importância da atuação de diferentes profissionais para um tratamento adequado da doença

 

Foto: Marieli Prestes/Hospital Pequeno Príncipe


De acordo com a organização World Cerebral Palsy Day, mais de 17 milhões de pessoas vivem em todo o mundo com paralisia cerebral (PC), que é a causa mais comum de problemas físicos graves na infância. Só no Brasil, a entidade estima que surjam de 30 mil a 40 mil novos casos todos os anos.

A paralisia cerebral é descrita como uma condição permanente que afeta o desenvolvimento do movimento e da postura. A doença é resultado de malformações ou lesões cerebrais que ocorrem durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou infantil, até os 5 anos. No Dia Mundial da Paralisia Cerebral, lembrado em 6 de outubro, o Hospital Pequeno Príncipe conscientiza sobre essa deficiência permanente e reforça a importância da atuação de uma equipe multidisciplinar para um tratamento adequado da doença.

Cuidados com neurologistas, ortopedistas, fonoaudiólogos e psicopedagogos são essenciais para promover uma vida melhor a crianças com PC. “Sabemos que a paralisia cerebral é uma condição persistente, não progressiva. No entanto, as habilidades da criança só vão progredindo à medida que novos processos são instigados. Desta forma, os profissionais de saúde devem sempre guiar ações visando a atender às metas funcionais das crianças”, explica a neurologista pediátrica Elisabete Coelho Auersvald, do maior hospital exclusivamente pediátrico do país.

Entenda a paralisia cerebral


  • Classificações

O comprometimento dos sistemas neuromuscular, musculoesquelético e sensorial é característico da PC. Conforme a disfunção motora atribuída a cada paciente com esse diagnóstico e o local da lesão cerebral, é possível classificar a paralisia cerebral. A doença é dividida em três principais tipos: espástica, discinética/hipotônica e atáxica.

Na paralisia cerebral espástica, que representa de 70% a 80% dos casos, os músculos são rígidos e fracos, podendo afetar o movimento de braços e pernas. Problemas de visão, como estrabismo, e a marcha em tesoura, quando a criança se desloca com uma perna à frente da outra, também são possíveis nesse quadro. Com a paralisia discinética ou hipotônica, o movimento involuntário é algo característico. Já a atáxica afeta o equilíbrio e a coordenação, junto de um tremor nos movimentos.


  • Principais causas

A neurologista pediátrica Elisabete Coelho Auersvald, revela que as causas da PC podem ser pré-natais, como malformação do encéfalo e problemas genéticos; perinatais, a exemplo de fatores traumáticos e isquemia; ou pós-natais, como infecções e acidentes.

“Com todas essas causas, o importante é que também podemos identificar alguns sinais de alerta. O atraso para sentar, engatinhar ou falar, assimetria na movimentação de membros, falta de equilíbrio, dificuldade de deglutição, distúrbio no sono e estagnação no crescimento da cabeça ao longo do primeiro ano de vida são alguns fatores que merecem atenção e investigação”, conta a médica.


  • Tratamento

Por ser uma condição permanente e sem cura, o diagnóstico rápido e a intervenção precoce constituem o principal tratamento da criança com paralisia cerebral. Esses fatores são determinantes para garantir um melhor desenvolvimento psicomotor e uma consequente melhora da qualidade de vida já durante a primeira infância.


Cuidado da família é essencial no tratamento

Em um cenário global, mais de 350 milhões de pessoas convivem com alguém que tenha paralisia cerebral. A experiência em dividir uma rotina com uma pessoa nessa condição pode culminar em uma sobrecarga dos pais ou responsáveis. Por isso, a médica paliativista Andreia Christine Bonotto Farias Franco, do Hospital Pequeno Príncipe, reforça a importância do cuidado com as famílias dessas crianças, que devem receber informações seguras e relevantes, além de apoio, respeito e acolhimento.

“Ao obter o diagnóstico da paralisia cerebral, os pais geralmente vivenciam um período de choque. Isso pode gerar um forte impacto emocional, devido ao medo do desconhecido e por não se sentirem preparados para enfrentar a situação. Gradualmente, passam a aceitar, reestruturar a organização familiar e a se adaptar à nova condição da criança, que demanda tratamento contínuo e exige cuidados permanentes. O amor dos pais oferece às crianças a capacidade de desenvolver o seu potencial humano de manifestar sua própria forma de ser no mundo”, conclui a especialista.


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