A incidência de novas lesões anuais do LCA é de 69 por 100 mil pessoas, sendo mais comum em homens (82 a cada 100 mil) do que em mulheres (55 a cada 100 mil). Nos Estados Unidos, ocorrem cerca de 250 a 300 mil lesões por ano, com custo estimado de US$ 2 bilhões
Ao longo da
história, diversos craques brasileiros passaram por dramas envolvendo lesões no
joelho às vésperas da Copa do Mundo. O caso mais emblemático ocorreu com
Ronaldo Fenômeno, que, num jogo em abril de 2000, rompeu o tendão patelar, mas
se recuperou a tempo de disputar e brilhar no Mundial de 2002 - assim como
Zico, que passou por drama parecido em 1986. Recentemente, o lateral esquerdo
Guilherme Arana sofreu grave lesão no joelho e perdeu a chance de ir ao
Mundial.
Faltando pouco para o início da Copa do Qatar, os clubes e a comissão técnica
da Seleção Brasileira redobram as atenções nesse sentido, pois, na maioria das
vezes, a lesão ocorre sem que haja contato com outro jogador.
Geralmente, as lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) acontecem quando, ao
fazer o movimento de rotação da coxa sobre o joelho, o atleta emprega uma força
além da capacidade elástica desse ligamento.
De acordo com o professor-doutor Julio Cesar Gali, doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e professor livre docente da Disciplina de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, o joelho é uma articulação que, devido à sua localização anatômica, é particularmente suscetível a traumas, especialmente nos esportes.
As lesões nessa articulação ocorrem mais frequentemente em esportes como o
futebol, basquete e judô, mas podem acontecer em outras modalidades esportivas,
como a ginástica, o vôlei, o tênis e o atletismo.
O diagnóstico da lesão do LCA é baseado na história clínica, no exame físico do
joelho e nos testes ligamentares específicos. A ressonância magnética é útil
para confirmar a ruptura do LCA e mostrar lesões associadas, como, por exemplo,
dos meniscos e das cartilagens. O tratamento na urgência deve consistir em
enfaixamento, gelo, muletas para evitar o apoio do membro acometido e elevação,
para diminuir o inchaço.
De acordo com o livre docente da PUC-SP, cerca de um terço dos indivíduos com
lesão do LCA conseguem se adaptar à nova situação sem reconstruir o ligamento
cirurgicamente. "No entanto, a grande maioria não consegue praticar
esportes, devido à possibilidade de entorses de repetição, causadas pela
instabilidade ligamentar", explica.
O tratamento cirúrgico - grande drama dos jogadores, pois os prazos de
recuperação são maiores - é indicado para jovens ou pessoas ativas com
interesse na prática desportiva. "As lesões de outras estruturas, como
meniscos, demais ligamentos e cartilagem devem influenciar na decisão entre o
tratamento operatório e não-operatório."
"De qualquer modo, atualmente, os avanços diagnósticos de técnica
cirúrgica e de reabilitação são capazes de tornar um joelho praticamente normal
após a reconstrução do LCA, devolvendo ao paciente as condições de vida normais
e, até mesmo, possibilitando o retorno à prática desportiva", finaliza o
especialista.
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