Deborah Dubner, psicóloga e escritora, criou baralho para facilitar e incentivar a prática da gratidão
Tanto o livro quanto a caixinha –
composta por 60 cartas inspiradoras – buscam motivar que cada pessoa encontre o
seu modo de agradecer. Assim, a partir de poesias e emoções, Deborah divide
pensamentos com aqueles que estão na procura por autoconhecimento e caminhos para
a plenitude.
Em entrevista com a autora é possível
compreender como a gratidão está associada aos sentimentos mais felizes e como
praticá-la pode mudar a vida das pessoas. Confira:
- Qual foi a inspiração para
escrever A Prática da Gratidão?
Deborah Dubner: Depois de vários anos praticando
#umagradecimentopordia e percebendo o impacto transformador que teve em mim e
em muitas pessoas ao meu redor, senti que era o momento de me aprofundar.
Exercitar a prática da Gratidão todos os dias me ajudou a olhar para a vida de
uma forma mais conectada com o seu verdadeiro sentido. É muito fácil perder
esta conexão quando estamos sendo guiados pela urgência que o mundo
contemporâneo nos impõe. Tudo se torna automático e paramos de perceber as
inúmeras dádivas que recebemos desde a hora que acordamos até o momento de
dormir. Assim, escrever este livro foi uma jornada de conexão, uma pausa no
automático para olhar os diferentes presentes que a vida me entrega, aos quais
posso me sentir grata. Desde os campos mais visíveis, como a saúde e a família,
até os campos mais sutis, como o tempo, a água ou mesmo as pessoas que não
percebemos, mas passam por nós. O meu desejo é que esse exercício de conexão
que eu fiz convoque os leitores a se conectarem também, ampliando as
perspectivas do olhar e convidando-os a sentir a diferença de qualidade que
este simples hábito pode causar.
- Quais são as suas motivações para
escrever sobre gratidão?
D.D.: Sob o prisma da Psicologia Positiva, a Gratidão é uma
das 24 Forças de Caráter, associada à virtude da Transcendência e isso
significa que todas as pessoas podem acessar com maior amplitude esta força.
Sob o olhar da Neurociência, é comprovado que quando nos sentimos gratos, são
desencadeados vários benefícios emocionais, físicos e mentais e isso impacta
positivamente nossas relações, gerando a sensação de bem-estar. Do ponto de
vista da Espiritualidade, a Gratidão abre portas para a conexão profunda com a
vida e seu sentido mais profundo. Eu vejo a Gratidão com olhar de criança: curiosidade
e espanto. Acho lindo como ela é democrática, pois está ao alcance de todas as
pessoas. Ao mesmo tempo, é muitas vezes mal compreendida, banalizada e tratada
de forma superficial. Por isso, me sinto motivada a mostrar com exemplos
práticos e vividos, que o simples pode ser extremamente profundo e que – para
quem quiser experimentar - a Gratidão transforma, emociona e abre uma avenida
de novas possibilidades.
- De que forma a Psicologia e a
Neurociência contribuem para sua escrita sobre gratidão?
D.D.: Quando eu escrevi este livro, ainda não tinha me
aprofundado nos estudos da Neurociência e Psicologia Positiva sobre a Gratidão.
Mas assim como a prática da Gratidão me levou a escrever um livro, criar um
baralho, um podcast e vários cursos, ela também me levou a querer estudar mais.
Costumo dizer que nos últimos dois anos eu vesti de teoria a minha prática. Há
pessoas que vão da teoria à prática. O meu caminho foi o contrário. Primeiro eu
vivi na pele o poder transformador da Gratidão, praticando por mais de dez
anos. Depois, fui entender como a Psicologia Positiva e a Neurociência explicam
esse fenômeno. O resultado me surpreendeu positivamente, pois aquilo que eu
sempre sentia pôde ganhar novos contornos, com explicações mais técnicas que
complementaram a compreensão e que têm me ajudado a passar a mensagem de
maneira mais completa.
- Como a leitura pode auxiliar as
pessoas a serem mais gratas?
D.D.: A leitura deste livro deve ser a partir do coração,
com abertura e liberdade. Atualmente, o conhecimento de qualquer assunto está
ao alcance de todos, basta uma conexão, um celular e um browser. Se procurarmos
no Google sobre Gratidão, vamos encontrar milhares de textos, pesquisas, vídeos
e lives. A questão é que não basta apenas saber o que a Gratidão faz. É preciso
vivenciar, sentir com o corpo, emoção e mente, integrando todos os nossos
sentidos. Tanto o livro como o Baralho da Gratidão têm a função de convidar
poeticamente o leitor a se encontrar com a Gratidão que o habita. É como morar
em uma casa com muitos cômodos, e ter alguns deles com a porta fechada, sem
adentrar. De repente, a gente descobre que tinha um quarto reluzente, e que
estava esquecido, até mesmo empoeirado. O convite é: abra a porta, entre, seja
bem-vindo a este espaço que mora dentro de você! Só desta forma é possível
compreender realmente o que a Gratidão faz. Os textos são simples, acessíveis e
abordam muitos aspectos da vida. Assim, cada um vai poder se identificar mais
com o que estiver precisando. E quanto mais perceber motivos para ser grato,
mas vai expandir o seu querer.
- De qual maneira seu livro está
conectado com o Baralho da Gratidão?
D.D.: Primeiro nasceu o livro. No ano seguinte nasceu o Baralho.
Depois de ouvir vários depoimentos dos leitores, senti que deveria criar um instrumento
que os ajudassem a praticar de forma mais objetiva. Assim, selecionei frases
significativas do livro (que chamei de inspirações) e complementei com convites
de prática. Tomei cuidado para elaborar um amplo espectro de situações e
contextos, para que todas as áreas da vida fossem contempladas. O livro pede
uma ação mais individual. O Baralho instiga a expandir, praticar em família, em
grupo, com pessoas até mesmo desconhecidas, usando cartas que foram criadas com
o propósito de expressar a gratidão. É uma criação mais lúdica, menos linear.
Uma boa companhia que cabe em qualquer bolsa.
- A gratidão pode tornar as pessoas
mais felizes? Como esta prática está ligada à Psicologia Positiva?
D.D.: A Neurociência explica que a felicidade está
diretamente relacionada ao sentimento de gratidão. Quando nos sentimos gratos e
externamos este sentimento, ativamos em nosso cérebro um sistema de recompensa
que proporciona uma maravilhosa sensação de bem-estar. No entanto, saber disso
não é suficiente. A Ciência indica que a Felicidade é uma via de construção,
muito mais do que um lugar para ser alcançado. E é neste espaço construtivo que
entra a prática da Gratidão. Como gerar um campo de gratidão em nossas vidas?
Como desenvolver espaços de trabalho e de vida nos quais somos mais capazes de
apreciar do que de reclamar? O que essa simples mudança de mentalidade e
atitude pode causar na vida de uma pessoa, de uma equipe, de uma família, de
uma corporação ou de um país? Se entendermos a felicidade como uma jornada e
não como um lugar estático que alcançamos, posso afirmar sem medo de errar que
– sim – a Gratidão ajuda a tornar as pessoas mais felizes. Desta perspectiva, o
que importa são os passos que damos, dia a dia, nas decisões e na percepção que
temos a cada instante. Ao praticar a Gratidão, nosso olhar se transforma e
assim, a realidade que percebemos também se transforma. Nos tornamos mais
generosos, compassivos, acordados para o que realmente tem valor, mas que
frequentemente negligenciamos. Tornamo-nos mais presentes, conectados ao que a
vida nos oferta a cada momento, em vez de perseguir um futuro que nunca chega.
Ser grato é uma forma de viver, uma escolha consciente que nos pede foco,
disciplina e atenção. Ao mesmo tempo, é leve, belo e profundamente libertador. Por
tudo isso, só pode nos fazer mais felizes!
Deborah
Dubner - Psicóloga e escritora da alma
humana com cinco livros publicados. Em 2014, palestrou no TEDx Jardins em São
Paulo contando sua história do #umagradecimentopordia para centenas de pessoas.
Em 2015, recebeu o Prêmio Shift Agentes Transformadores pela prática da
gratidão. Mantém a página @umagradecimentopordia no Facebook e um blog Um Agradecimento
por Dia que
tem milhares de seguidores de várias partes do mundo, o que multiplica e
expande a prática da Gratidão.
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