Em tempos de muita informação disponível e altas exigências por velocidade e bom desempenho na vida profissional, muitas pessoas buscam por estratégias e técnicas para conseguir se desenvolver mais rápido ou melhorar as habilidades socioemocionais.
Quando pensamos na vida profissional, falamos em “desempenho” quando alguém executa tarefas, e falamos em “performance” se referindo ao resultado obtido no cumprimento dessas tarefas. Um profissional de alta performance é aquele que consegue cumprir a missão que lhe foi dada, obtendo bons resultados. É o famoso algo a mais.
Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA –
Ginástica para o Cérebro, explica que uma pessoa de “alta performance” é capaz
de usar todo o seu potencial para planejar e atingir objetivos. Por isso, ele
consegue superar os bons resultados e a expectativa que a empresa tinha sobre
ele. O planejamento bem-feito e com bons resultados valem mais do que muitas
atividades com pouco resultado.
“Transportando
esse pensamento para o lado de dentro do corpo e toda sua maquinaria guiada
pelo sistema nervoso central, a complexidade aumenta, mas segue a mesma
lógica! Da mesma maneira que quando tentamos fazer muitas coisas perdemos
qualidade, quando o cérebro é forçado a se dividir em muitas atividades, ele
perde eficiência de processamento. Fazer muito, mas fazer errando ou focar em
muitas atividades de menor relevância é uma péssima estratégia para ter alta
performance”, detalhou.
Por isso, segundo ela, se pudermos resumir os
pré-requisitos para ser alguém “alta performance”, elencamos dois aspectos com
maior importância:
· A qualidade do funcionamento do corpo é a qualidade do
funcionamento do cérebro.
Ou seja, é necessário cuidar muito bem do
funcionamento do corpo antes de exigir que o cérebro tenha um desempenho
perfeito. Basta estar com sede, fome, cansaço, muito triste ou muito empolgado,
para que o resultado da sua atividade se altere. Isso acontece porque, ainda mais
básico que a emoção, existe o “afeto central” que é reflexo da viabilidade
física do corpo, que monitora e reflete a sensação geral de bem-estar. É um
sistema de homeostase que conecta o estado do corpo com a emoção.
Por exemplo: imagine que você tem a
oportunidade de escolher entre dois empregos, sendo que A
paga mais do que B, mas A
não é estável e B oferece segurança, se ambos
atenderem às suas necessidades de renda básicas, você imediatamente se sente
inclinado a aceitar o emprego mais seguro recebendo um pouco menos. Porém, se sua
realidade atual não tem as necessidades prioritárias atendidas, e se B não
for suficiente para pagar suas contas, você se arrisca na oportunidade menos
segura, mas que pode ser mais lucrativa. Parece um raciocínio puramente
racional e equilibrado, certo? Errado!
Todo mundo sente essas inclinações em
decisões desse tipo, até mesmo pássaros e outros animais. A neurocientista do
SUPERA – Ginástica para o cérebro explica que, quando o corpo e o cérebro
percebem que seu bem-estar está em risco, ele influencia em suas decisões
imediatamente, para protegê-lo. De forma bem simplista, seu corpo decide
primeiro e depois seu cérebro só justifica para você criando uma explicação
lógica.
Por isso não podemos negligenciar o corpo
como um todo. Pessoas só são alta performance quando aprendem a respeitar suas
necessidades nutricionais, de sono, de atividade física, de segurança e bem-estar
com um todo.
· Temos uma capacidade limitada de realizar escolhas que
envolvem conflito.
Ainda segundo a especialista, sempre que
temos demandas cognitivas cumulativas de decisões importantes e que exigem
muito raciocínio, gradualmente perdemos a capacidade de resistir a fazer
escolhas potencialmente inadequadas.
“Esse
“esgotamento do autocontrole” foi comprovado em muitos estudos com públicos
diversos. Um deles analisou as decisões tomadas por médicos ao longo do dia, e
mostrou que a probabilidade dos médicos de prescrever antibióticos para
infecções respiratórias agudas aumentou durante as sessões clínicas. A fadiga
de decisão prejudica progressivamente a capacidade dos médicos de resistir à
solicitação de tratamentos inadequados”, detalhou.
Para ser
alta performance é importante entender que isso ocorre e que está fora do meu
controle intencional, portanto, ao planejar minhas atividades e metas, é
necessário levar a fadiga da decisão em conta e evitar sobrecarregar o dia com
muitas tarefas que exigem lidar com conflitos. Até mesmo hábitos simples podem
evitar essa sobrecarga, um bom exemplo é deixar o cardápio da semana pronto,
deixar as roupas que usará para trabalhar já separadas. O objetivo é evitar
“gastar” pensamento com conflitos pouco relevantes.
O que a neurociência tem a dizer sobre a alta performance:
· Respeito
à saúde neurobiológica do cérebro, o que molda o cérebro é o comportamento e a
saúde do corpo;
· Desenvolver
um melhor controle cognitivo envolve planejar bem o dia, respeitando os limites
do cérebro;
· Não
existe abordagem igual para todos, mas é importante treinar o cérebro
constantemente.
Como posso treinar meu cérebro para ter alta
performance?
Conforme
já comprovado pela neurociência, o cérebro é plástico, ou seja, ele pode se
modificar de acordo com estímulos. Habilidades que contribuem para a alta
performance, como planejamento, tomada de decisões, memória, raciocínio e
criatividade – entre outras – podem ser desenvolvidas por meio da prática de
atividades que envolvem novidade, variedade e desafio crescente.
No dia
a dia, é possível inclui-las na rotina com atividades como mudar o trajeto que
se faz todos os dias para ir ao trabalho, escovar os dentes com a mão não
dominante, usar o relógio no pulso que você não costuma utilizar, trocar o
mouse de lado, ouvir as notícias na TV ou em um podcast e anotar os pontos
importantes que se lembrar...
Lívia
explica: “Quando estamos na escola, ainda na primeira infância, não sentimos
vontade de desistir quando algo parece difícil? Isso é literalmente uma ‘dor’
porque estamos criando novas sinapses no cérebro o que acontece é que muitas
vezes em outras fases da vida o cérebro não é mais prioridade”.
O método de ginástica para o cérebro do SUPERA - Ginásitca para
o cérebro age como estímulos ambientais que vão criar experiências e desafios
focados em reorganizar sistemas neuronais para aperfeiçoar uma série de
habilidades. O objetivo é criar as circunstâncias ideais para que a
sinaptogênese (nascimento de novas conexões entre os neurônios) aconteça, sendo
que tais circunstâncias incluem: atenção concentrada, determinação e saúde
geral do cérebro.
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