Relatório do Banco Central, com base em dados de 2021, mostra aumento da participação das cooperativas de crédito
A concentração bancária caiu no ano passado, de
acordo com o Relatório de Economia Bancária de 2021, divulgado nesta
quinta-feira, 6/01, pelo Banco Central (BC). No ano passado, os cinco maiores
bancos do país - Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e
Santander – detinham 76,6% dos ativos totais do segmento bancário comercial. No
final de 2020, esse percentual era 77,6%.
“O relatório mostra continuidade da redução da
concentração no SFN [Sistema Financeiro Nacional] em 2021, processo que vem ocorrendo
nos últimos anos, e elevação do grau de concorrência, não apenas no segmento
bancário, como também no cooperativo e não bancário”, diz o BC. “A queda da
concentração é observada em todos os agregados contábeis e, de forma mais
intensa, nos depósitos totais”, completou.
Os cinco maiores bancos eram responsáveis por 77,4%
dos depósitos no final do ano passado, contra 79,1%, em 2020. No caso do
crédito, esse grupo respondeu por 81,4% do total das operações em 2021, contra
81,8% do ano anterior.
Nesta edição, o Relatório de Economia Bancária
passa a adotar a razão de concentração dos quatro maiores bancos no lugar dos
cinco maiores. Ainda assim, os dados sobre os cinco maiores foram divulgados
para a comparabilidade com as edições anteriores do relatório.
A presença dos quatro maiores bancos - Caixa
Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú - também se reduziu em
todos os agregados contábeis, de 2020 para 2021, de 57,3% para 56% nos ativos
totais, de 62,7% para 60,1% nos depósitos totais e de 59,4% para 59,3% nas
operações de crédito.
Em relação às participações de mercado, o segmento
bancário passou de 88,1% para 87% nos ativos totais; de 94,3% para 93,5% nos
depósitos totais; e de 86,4% para 86,2% nas operações de crédito.
“O aumento da participação de mercado do segmento
não bancário em todos os agregados contábeis se deve, principalmente, ao
aumento da participação do segmento das cooperativas de crédito no período”,
explicou o BC.
As cooperativas de crédito eram responsáveis por
5,3% dos ativos totais no ano passado, contra 3,8% em 2020. Nos depósitos,
passaram de 5,3% em 2020, para 6% em 2021, e no caso do crédito, esse grupo
respondeu por 6,1% do total das operações em 2021, contra 5,1% do ano anterior.
CRÉDITO
O saldo total dos empréstimos e financiamentos
concedido pelos bancos cresceu 16,3% no ano passado, alcançando o volume de R$
4,7 trilhões, o que representa 53,9% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos
bens e serviços produzidos no país), mostrando estabilidade ao final de 2021. As
concessões de crédito cresceram 18,2% em 2021, maior taxa de crescimento anual
da série iniciada em 2011.
De acordo com o BC, o forte crescimento foi
impulsionado pelo segmento de pessoas físicas, tanto nas linhas de crédito
livre como nas de crédito direcionado.
O crédito livre é aquele em que os bancos têm
autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de
juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo
governo, e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de
infraestrutura e ao microcrédito.
Dessa forma, o estoque de crédito às pessoas
físicas registrou acréscimo de 21% em 2021 (11,1% em 2020), com variações de
23% nas modalidades de crédito livre (destaque para cartão de crédito à vista)
e 18,5% no crédito direcionado (ressaltando-se tanto o crédito rural como os
financiamentos imobiliários).
No segmento de pessoas jurídicas, observou-se
aumento de 10,5% no saldo (21,8% em 2020), refletindo o crescimento de 17,3% no
crédito livre, com destaque para desconto de duplicatas e recebíveis,
financiamento de veículos e adiantamento sobre contratos de câmbio.
O crédito direcionado para empresas reduziu 0,3%,
com a queda de 3,9% no saldo das operações do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), sendo arrefecida pelos aumentos de 17,8% nos saldos
do crédito rural e de 2,2% da modalidade outros créditos direcionados, na qual
estão classificados os programas emergenciais.
As projeções do BC para a evolução do crédito
bancário este ano são de crescimento de 14,2% do saldo total, com aumento de
17,2% do saldo de crédito com recursos livres e de 9,7% do saldo de crédito com
recursos direcionados.
A taxa média de juros dos novos contratos de
crédito aumentou 6 pontos percentuais ao longo de 2021, atingindo 24,3% ao ano
em dezembro, em linha com trajetória ascendente da taxa básica de juros, a
Selic.
RENTABILIDADE
A rentabilidade do sistema bancário em 2021 se
recuperou da queda ocorrida no ano anterior, retornando a níveis próximos
àqueles observados antes da pandemia da covid-19.
“No entanto, a recuperação na rentabilidade não foi
homogênea, sendo as instituições com modelos de negócio mais diversificados
mais beneficiados”, explicou o BC.
O lucro líquido de R$ 132 bilhões em 2021 foi 49%
superior ao registrado pelo sistema em 2020 e 10% acima do observado em 2019.
Os resultados são explicados pelo crescimento da margem de juros, a redução das
despesas com provisões (reserva sobre riscos de crédito) e os ganhos de
eficiência.
INADIMPLÊNCIA
Em relação à inadimplência, a expectativa é de alta
moderada em direção aos níveis pré-pandemia, dado o cenário econômico menos
favorável previsto para este ano.
“Esse movimento da inadimplência e a migração das
carteiras para um mix de maior risco podem aumentar o nível de ativos
problemáticos ao longo do ano. Esse eventual aumento não deve, contudo, trazer
maiores dificuldades para o sistema, dado que o atual nível de cobertura de
provisões poderá ser utilizado para absorvê-lo total ou parcialmente”, diz o
relatório.
Publicado anualmente, o Relatório de Economia
Bancária trata de um amplo espectro de questões atinentes ao Sistema Financeiro
Nacional e as relações entre instituições e seus clientes.
Fonte: https://dcomercio.com.br/publicacao/s/concentracao-bancaria-diminui-mas-grandes-bancos-ainda-detem-76-6-do-mercado
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