De quiabo a cebola, de jaca a fígado, entenda por que certos itens são rejeitados no cardápio de muitas pessoas
Conhece a sensação de que não vai gostar de algum prato, sem nunca ter
provado o alimento anteriormente? A aversão alimentar inclui desde decisões
mais radicais, até pessoas que experimentaram uma vez, não gostaram do sabor ou
textura e excluíram a comida definitivamente do cardápio. Associada a vários
fatores, a recusa por alimentos tem explicação técnica.
“O desenvolvimento das preferências alimentares se inicia desde a
gestação, tendo em vista que, por meio da dieta materna, o bebê é exposto a
diferentes sabores e inicia sua aprendizagem sensorial”, afirma Cintya Bassi,
coordenadora de nutrição e dietética do Grupo São Cristóvão Saúde. Segundo a
profissional, alguns fatores contribuem com o surgimento de aversões alimentares
e uma das principais causas é justamente a neofobia alimentar, ou seja, a
rejeição ou recusa por alimentos que não são familiares - comuns em crianças e
adultos que não foram apresentados a uma diversidade alimentar. “Outras causas
podem ser hipersensibilidade ao gosto amargo, características culturais e
demográficas e emoções relacionadas a certos tipos de alimentos”, complementa
Cintya.
Ou seja, uma criança que rejeita a cenoura ralada por exemplo, pode estar
demonstrando que não aceita bem essa textura, mas pode gostar da cenoura cozida
ou da cenoura como parte de outras preparações. Sendo assim, que tal apresentar
o vegetal na forma grelhada na manteiga ou cozida na sopa ou caldo do feijão?
Vale testar até para que ele faça as pazes com a cenoura e usufrua de seus
nutrientes. “É importante não excluir o alimento e não rotular a criança, o
adolescente ou até o adulto como ‘chato pra comer’, se ele ainda não foi
exposto a diferentes preparações”, pondera a nutricionista.
Há pesquisas que demonstram que alguns indivíduos têm receptores
olfativos mais sensíveis para o cheiro do aldeído, que é presente em temperos
como o coentro e responsável por deixar o ‘cheiro de sabão’ que algumas pessoas
sentem. Nesses casos, é possível buscar soluções para minimizar o desconforto,
como por exemplo, esmagar o alimento. Por outro lado, fatores demográficos
também se relacionam a essa rejeição. “No sudeste, a exposição ao coentro é
menos comum do que no norte e nordeste, onde consequentemente a aversão ao
alimento é muito menor”, comenta a supervisora de nutrição do São Cristóvão
Saúde.
Distúrbios alimentares
Provar e não gostar de uma fruta ou tempero é normal, mesmo porque o
hábito e a cultura alimentar estão diretamente ligados aos gostos pessoais. O
problema é quando a aversão está ligada a alguma intolerância ou distúrbio. Já
ouviu falar em neofobia? Segundo Cintya Bassi, é a recusa ou medo de comer
ou simplesmente provar novos alimentos apresentados à mesa. Esse quadro merece
acompanhamento para evitar possíveis carências nutricionais, bem como a
seletividade alimentar, outro diagnóstico que pode ocorrer na primeira
infância.
“Naturalmente, nascemos com preferência
pelo sabor adocicado, associado ao leite materno, e maior aversão pelo sabor
amargo e azedo. Se a exposição já na infância diminui em razão disso, a
tendência é que, na fase adulta, a resistência seja mantida”, esclarece a
especialista. Para
casos assim, a apresentação dos alimentos deve ser gradual, iniciada pelo
toque, depois o cheiro, a sensação da textura e, por último, a
degustação. As
principais razões para superar a aversão por um determinado alimento são a
pressão social, o desejo de sofisticar os hábitos alimentares e a busca por
hábitos mais saudáveis.
“Muitas pessoas relatam que não gostavam de vinho ou comida japonesa,
nas primeiras vezes que os consumiram, mas aprenderam a gostar”, salienta a
especialista. Ao observar casos mais graves, em que a maioria dos alimentos são
recusados, é
indicado o acompanhamento de profissionais das áreas de nutrição e
psicologia.
Grupo São Cristóvão Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário