O Teste do Pezinho ajuda no diagnóstico precoce de várias doenças, entre elas a fibrose cística
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Mês
ressalta a importância do diagnóstico precoce da doença com o Teste do Pezinho
A fibrose cística é uma doença genética rara e sem cura, conhecida também como Doença do Beijo Salgado ou Mucoviscidose
“Ela é causada por uma mutação no gene CFTR (Cystic fibrosis transmembrane conductance regulator), que resulta na alteração da produção de secreções como o muco, pois elas ficam mais espessas do que o normal e fidicultam a eliminação natural. Esse acúmulo de muco compromete as funções normais de órgão vitais como os pulmões e intestino”, explica a diretora primeira secretária do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6), Jannaina Ferreira de Melo Vasco.
Os
sistemas respiratório, digestivo e reprodutor são os mais acometidos. Os
principais sintomas são a tosse crônica, pneumonia de repetição, suor mais
salgado do que o normal, diarreia, dificuldade para ganhar peso e estatura,
além de infertilidade.
De
acordo com a Cystic Fibrosis Foundation, cerca de 70 mil pessoas no mundo
têm fibrose cística. Já no Brasil, segundo o Registro Brasileiro de Fibrose
Cística (REBRAFC), há cerca de três mil pessoas com a enfermidade, mas é
possível que existam mais pacientes sem diagnóstico e tratamento adequados. Por
isso, é celebrado o Setembro Roxo para conscientizar as pessoas sobre a doença,
além de alertá-las sobre a importância do diagnóstico precoce.
Por
se tratar de uma alteração genética, ela pode passar de geração para geração.
Por isso, é fundamental a realização do “Teste do Pezinho”, que faz a triagem
dessa doença e, quando descoberta precocemente, evita várias complicações.
O
exame é realizado entre o 3º e o 7º dia de vida e o procedimento deve ser feito
em todos os recém-nascidos brasileiros. Ele é obrigatório e gratuito em todo o
território nacional desde 1992 e está disponível tanto na rede pública (SUS)
quanto na rede privada.
“O tratamento da
fibrose cística envolve várias etapas e é muito importante ter esse
acompanhamento com equipes multiprofissionais em centros específicos, já que
são necessários a realização de fisioterapia respiratória, inalações,
atividades físicas, uso de enzimas pancreáticas e de medicamentos como os
antimicrobianos, corticóides, vitaminas e moduladores, além de exames
específicos”, pontua Jannaina que é mestre em Microbiologia e doutoranda da
UFPR pesquisando sobre fibrose cística.
Novas
pesquisas e medicamentos
Segundo
estimativas do Ministério da Saúde, uma em cada 25 pessoas carregam o gene da
doença. Devido aos avanços da medicina, alguns estudos estão direcionados para
a possibilidade de corrigir o defeito genético e restaurar a expressão correta
da proteína CFTR.
“E
como consequência, modificar completamente o fenótipo dessa enfermidade, que
ainda apresenta alta letalidade e mortalidade. Essas pesquisas envolvem a
aplicação de terapias gênicas, que resultam na possibilidade de restaurar a
função de determinado gene mutado”, diz Jannaina.
Na
última década, os pacientes com fibrose cística tiveram melhora significativa
na sua saúde e qualidade de vida. Isso foi possível graças ao crescente
aperfeiçoamento na área da engenharia genética, que possibilitou tanto o avanço
no diagnóstico - com a possibilidade de realização do exame genético que
auxiliou na classificação das mutações - quanto os progressos no tratamento.
“Novos
medicamentos e terapias direcionadas foram desenvolvidas e trouxeram novas
perspectivas aos pacientes. Essas drogas são chamadas de moduladores da
proteína CFTR e atuam em algumas mutações específicas do gene. Assim, o
tratamento não se limita apenas aos sintomas clínicos, mas são direcionados
para atuar na causa molecular da doença”, comenta a representante do Conselho
Regional de Biomedicina do Paraná.
Até
o momento, existem quatro moduladores CFTR disponíveis: Ivacaftor (Kalydeco®),
Lumacaftor/Ivacaftor (Orkambi®), Tezacaftor/Ivacaftor (Symdeko®) e
Elexacaftor/Ivacaftor/Tezacaftor (Trikafta™).
“Todos
esses moduladores têm registros aprovados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). O Trikafta™ foi o último a ter essa aprovação em 02 de
março de 2022. No entanto, apenas o Orkambi ® foi aprovado para a incorporação
no SUS”, finaliza Jannaina.
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