Cristine Takuá, parte do povo Maxakali e autora do
material didático de arte e cultura indígena da BEĨ Educação, ressalta a
importância desse registro para a identidade nacional e para um ensino que
contemple a história ancestral do Brasil
O
Dia Internacional dos Povos Indígenas foi criado em 1995 pela Organização das
Nações Unidas (ONU) com o intuito de garantir condições de existência dignas
aos povos originários de todo o planeta. A partir daí, o dia 9 de agosto passou
a ser uma data dedicada a reflexão e valorização da diversidade cultural. No
Brasil, Cristine Takuá, autora do material didático da BEĨ Educação sobre arte
e cultura indígena, afirma que o dia representa a riqueza e ancestralidade da
cultura brasileira como um todo.
“O
Dia Internacional dos Povos Indígenas firmou o marco de resistência e luta dos
povos indígenas em nome das diversas culturas, identidades e línguas, que,
inclusive, fazem parte da construção de todos os países”, explica Takuá, que
também integra o povo Maxakali. Com mais de 300 etnias que vivem no país
atualmente e mais de 180 línguas que até hoje são faladas, a cultura dos povos
originários se mantém viva e enraizada no Brasil, apesar de inúmeros movimentos
diretos e indiretos de invisibilização.
Desse
modo, a identidade indígena está presente na origem da formação cultural
brasileira. “Todos descendem dessa construção histórica, não só no sentido
biológico, mas também em tudo o que existe no Brasil: culinária, língua e
cultura de um modo geral”, complementa. “No entanto, mesmo após 500 anos do
início da colonização, a sociedade brasileira prossegue sem conhecer a fundo e com
propriedade a cultura indígena”.
Pensando
nisso, ela enfatiza a importância do trabalho com o tema nas escolas de forma
concreta e institucionalizada. Desde 2008, a Lei n° 11.645 torna obrigatório o
ensino da cultura, das histórias e dos saberes indígenas na formação básica.
Porém, para Takuá, “é importante repensar o ambiente escolar e o seu papel
dentro da sociedade, considerando uma mudança de currículo para abordar e
respeitar essa pluralidade cultural do nosso país de forma consistente e
prática”.
Para
aprimorar essa abordagem e melhorar o aprendizado na sala de aula, a também
filósofa sugere o uso da tecnologia para apresentar aos estudantes produções
culturais indígenas, como livros e filmes, que são cada vez mais numerosas e
podem ser acessadas com facilidade pela internet.
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