Médicos-veterinários
dão dicas para o resgate seguro e os cuidados com a saúde do animal
Em cidades de todo o País, é comum nos depararmos
com animais soltos pelas ruas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que
30 milhões de cães e gatos estejam em situação de rua no Brasil, sujeitos a maus-tratos,
falta de alimento e abrigo. Sensibilizadas pela situação, muitas pessoas acabam
levando esses animais para casa, sem saber ao certo a melhor maneira de
ajudá-los.
Em virtude desse cenário, que impacta a saúde
pública e o bem-estar animal, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do
Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta para o problema do abandono e pondera como
as pessoas devem proceder ao resgatar animais de rua.
Segundo a médica-veterinária Adriana Maria Lopes
Vieira, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP,
ao recolher um animal da rua, a primeira medida deve ser levá-lo para uma
consulta com um médico-veterinário, tomando todas as precauções no primeiro
contato.
“É muito importante lembrar que, por se tratar de
um animal desconhecido, ao realizar o manejo deve-se ter o máximo de cuidado
para evitar acidentes ou agressões. Caso haja algum agravo causado pelo animal,
a vítima deverá procurar atendimento médico o mais rapidamente possível”,
orienta.
Dicas para um resgate seguro
A médica-veterinária Rosangela Gebara, que integra
a Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP, diz que é comum as pessoas
recolherem animais das ruas, resgatando-os de situações de extremo abandono e
risco, e também alerta para os cuidados com a segurança de quem está ajudando.
“Aproxime-se com cuidado e deixe o animal se acostumar com você. Uma boa dica é
oferecer comida ou esticar sua mão para que cheirem (cães). Se estiver em uma
via movimentada, peça ajuda de um amigo ou de quem estiver passando para
afastar o animal dos carros. Em estradas você pode pedir ajuda à Polícia
Rodoviária para isolar a área e resgatar os animais com segurança”, ressalta a
médica-veterinária.
Antes de pegar um cão ou gato desconhecido no colo,
Rosangela recomenda providenciar uma coleira ou focinheira, especialmente se o
animal estiver ferido. “Ou use um cobertor para envolver e carregá-lo em
segurança, evitando mordidas e arranhaduras”, sugere.
Cuidados com a saúde do animal
Em geral, o estado de saúde de um animal encontrado
na rua é desconhecido, assim como seu comportamento, observa Adriana Vieira. “É
indispensável que este animal passe pela avaliação de um médico-veterinário
antes mesmo de ser levado para o local onde passará a viver”, reforça.
O profissional poderá estimar a idade do animal,
verificar se há infestação por ectoparasitas, lesões, sinais ou sintomas de
doenças da própria espécie ou zoonóticas (transmissíveis aos seres humanos),
manifestação de dor, dentre outros.
“Também pode ser verificado se há identificação por
microchip e, se houver, pode tratar-se de um animal que esteja perdido. Poderão
ser solicitados exames laboratoriais como apoio diagnóstico e o adotante
receberá orientações quanto à alimentação, ao manejo, higiene, cuidados sanitários,
controle reprodutivo, bem-estar, vacinas, dentre outros cuidados”, complementa
Adriana.
Dê tempo à adaptação
Para Rosangela Gebara, depois de o animal ser
resgatado e ter passado pelo médico-veterinário para a avaliação inicial,
deve-se dar tempo para que ele se adapte ao novo ambiente. “O ideal após o
resgate, se o animal não estiver ferido ou muito debilitado, é levá-lo para um
lugar seguro e tranquilo, oferecer água e comida e observar”, orienta.
Quanto aos cuidados com pets mais ariscos, Adriana diz
que algumas alterações de comportamento podem estar relacionadas a problemas
orgânicos. “A agressividade, por exemplo, pode ser decorrente de desequilíbrios
hormonais ou presença de dor. Assim, faz-se necessário que o médico-veterinário
avalie se há alterações comportamentais e suas possíveis causas (orgânicas ou
não) e a conduta a ser adotada”, explica.
Paciência e amor
Cães e gatos podem demorar semanas para se
acostumar ao novo ambiente e a novas pessoas. “Se você resgatou um gato, tome
mais cuidado ainda com fugas e acidentes. Se morar em apartamento, as janelas
devem ser teladas” explica a médica-veterinária Rosangela Gebara.
Se o animal foi resgatado em uma situação de
maus-tratos, ele pode ficar traumatizado por muitos dias. “Procure dar tempo ao
tempo e, se for necessário, peça orientação a médicos-veterinários
comportamentalistas ou a adestradores para fazer a socialização correta.
Oferecer petiscos e ter muita paciência e amor ajuda nesta fase”, diz
Rosangela.
Lar provisório
Se você não tem como ficar com o animal resgatado
definitivamente, acolha-o como um lar provisório até conseguir uma família
definitiva. De acordo com Rosangela, um lar provisório não tem que ser perfeito
ou espaçoso. Basta ter uma área de serviço ou um cantinho no quintal, onde o
animal resgatado possa se proteger do frio e do calor também.
Dá para improvisar uma cama com um cobertor ou
moletom velho. “O ideal é alimentar com ração específica para a espécie, idade
e porte. É importante deixar sempre água limpa e fresca à vontade”, orienta.
O CRMV-SP orienta que, ao encontrar um animal
abandonado que não se possa adotar, entre em contato com a prefeitura para
verificar se há algum serviço responsável pelo recolhimento ou cuidados com
esses animais. Em algumas cidades, inclusive, existem programas comunitários
voltados a esse tipo de cuidado.
Como ajudar um animal de rua
1. Aproxime-se com cuidado e tome as medidas de
segurança necessárias;
2. Leve o animal ao médico-veterinário o quanto antes;
3. Verifique se o animal realmente não tem dono. Usar as redes sociais pode
ajudar a descobrir se o animal está mesmo abandonado;
4. Caso não possa ficar com o animal, procure a prefeitura para saber se há
algum serviço responsável pelo recolhimento ou cuidados com esses animais.
Levar em feiras de adoção e ou pedir ajuda de ONGs para encontrar um novo dono
pode ser uma opção;
5. Tenha paciência com a adaptação do animal e siga sempre as orientações do
médico-veterinário.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por
meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em
prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de
fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas
do estado de São Paulo, com mais de 43 mil profissionais ativos. Além disso,
assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele
representadas.
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