Pesquisa IPC Maps prevê crescimento inferior a 1%
Aquém das expectativas, o consumo das famílias deve
movimentar cerca de R$ 5,6 trilhões ao longo deste ano, no Brasil — o que
representa um aumento real de apenas 0,92% em relação a 2021, a uma taxa
positiva de 0,42% do PIB. A estimativa é do estudo IPC Maps
2022, especializado há quase 30 anos no cálculo de índices de
potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.
Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC
Marketing Editora e responsável pela pesquisa, esse resultado é
reflexo da lenta recuperação pós-crise pandêmica agravada pelo atual cenário de
confronto entre Rússia e Ucrânia, na Europa.
Diante disso, o levantamento mostra como o perfil
empresarial brasileiro foi afetado, com o fechamento de mais de 1,1 milhão de
empresas de 2021 para cá.
Outro destaque é a Região Nordeste, que recupera a
vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. Para Pazzini,
"a volta de turistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros à localidade,
bem como a injeção pelo governo do auxílio emergencial em paralelo com outros
programas sociais", podem explicar tal vantagem em relação à economia do
Sul que, após inúmeros problemas relacionados à seca, cai para a terceira
posição.
Nesse contexto, as 27 capitais, embora com perdas
em relação a 2021, aparecem respondendo por 29,07% do total de gastos no País;
enquanto o interior mantém sua participação no consumo em 54,9% até o final
deste ano.
Essa edição aponta, ainda, para uma nova tendência
no comportamento do consumidor, que passa a gastar mais com veículo próprio em
detrimento até das despesas com alimentação e bebidas no domicílio. "Como
na pandemia muitas indústrias pararam de produzir, principalmente autopeças
eletrônicas, as empresas tiveram de prolongar os prazos de entrega e reajustar
seus valores. Enquanto isso, crescia a demanda por transportes via aplicativos
e deliveries, tanto pelo consumidor — que passou a usar mais esses serviços —,
quanto pelos trabalhadores — que viram nesse segmento uma oportunidade de
compensar a perda do emprego ou de parte do seu salário, ou ainda, de ter uma
renda extra", avalia o diretor do IPC Maps.
Perfil básico – O Brasil
possui cerca de 215 milhões de cidadãos. Destes, 182,2 milhões moram na área
urbana e são responsáveis pelo consumo per capita de R$ 28.708, contra R$
12.614 gastos individualmente pela população rural.
Base consumidora —
Tradicionalmente, a classe B2 lidera o panorama econômico, representando cerca
de R$ 1,2 trilhão dos gastos. Junto à B1, pertencem a 20,8% dos domicílios,
assumindo 38,8% (mais de R$ 2 trilhões) de tudo que será desembolsado pelas
famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,9%), C1 e
C2 totalizam R$ 1,9 trilhão (36,4%) dos recursos gastos. Já o grupo D/E, que
ocupa 28,8% das moradias, consome cerca de R$ 557,8 bilhões (10,7%). Embora em
menor quantidade (apenas 2,5% das famílias), a classe A vem, cada vez mais, se
distanciando socialmente dos menos favorecidos e ampliando sua movimentação
para aproximadamente R$ 740 bilhões (14,1%).
Já na área rural, o montante de potencial de
consumo esperado é de R$ 411,7 bilhões (7,3% do total) para este ano.
Cenário Regional – Com uma
pequena contenção, o Sudeste continua liderando o ranking das regiões,
respondendo por 49% do consumo nacional. Como já mencionado, o Nordeste volta a
ocupar o segundo lugar no ranking das regiões, ampliando sua representatividade
para 18,2%. Já, a Região Sul que, havia crescido na pandemia, regrediu para
17,9%. Assim como no ano passado, o quarto lugar segue ocupado pelo
Centro-Oeste, reduzindo sua fatia para 8,5%, e por último, vem a Região Norte,
que amplia sua atuação para 6%.
Mercados potenciais – O
desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2,2 trilhões, ou
39,5% de tudo o que é consumido no território nacional. De 2021 para 2022, os
12 principais mercados se mantiveram em suas posições, sendo, em ordem
decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG,
Salvador/BA, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Porto Alegre/RS, Goiânia/GO, Manaus/AM,
Campinas/SP e Recife/PE. Outras capitais, como Belém/PA (13º), Campo Grande/MS
(16º) e São Luís/MA (20º) também se sobressaem nessa seleção, bem como as
seguintes cidades metropolitanas ou interioranas: Guarulhos (14º), São Bernardo
do Campo (15º), Ribeirão Preto (18º) e Santo André (19º), no Estado de São
Paulo; e São Gonçalo (17º) e Duque de Caxias (28º), no Rio de Janeiro.
Perfil empresarial – Em
termos de quantidade de empresas, de 2021 para 2022, houve uma retenção de
5,4%, totalizando 21.127.759 unidades instaladas hoje no Brasil. Na análise por
natureza jurídica, conforme o estudo, os segmentos de Sociedades Limitadas
(Ltdas.) e Anônimas (S/As) foram os que, porcentualmente, mais fecharam as
portas (11,2%), seguidos por Microempreendedores Individuais (MEIs), com 7,2%.
"Os altos impostos associados à proliferação de MEIs e ao baixo teto de
faturamento contribuíram para o encerramento dessas atividades", afirma Marcos
Pazzini.
Já, do ponto de vista quantitativo, foram fechadas
1.199.469 empresas. Destas, 1.026.570 eram MEIs, o que evidencia a ocorrência
do declínio empresarial especialmente na faixa de faturamento mais baixo.
Dentre as companhias atualmente ativas, quase
metade (11,6 milhões) tem atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos
segmentos de Comércio, com 5,4 milhões; e Indústrias, 3,4 milhões. Já
Agribusiness, o único setor em crescimento, conta com mais de 764 mil
estabelecimentos.
Geografia da Economia – Em
relação à distribuição de empresas nacionais, a Região Sudeste segue
despontando, concentrando 49,3% das unidades; seguida pelo Sul, com 18,1%;
Nordeste com 17,4% dos estabelecimentos; Centro-Oeste com 8,9%; e o Norte com
apenas 6% das unidades existentes no País.
Partindo para a análise quantitativa das empresas
para cada mil habitantes, a pesquisa IPC Maps aponta novamente para uma
retenção geral. As Regiões Sul e Sudeste seguem liderando com folga,
respectivamente, 127,8 e 121,7 empresas por mil habitantes; o Centro-Oeste
aparece com 103,9 e, ainda bem abaixo da média, estão as regiões Nordeste, com
60,3, e Norte, que tem apenas 51,5 empresas/mil habitantes.
Hábitos de consumo – O
trabalho detalha, ainda, as preferências dos consumidores na hora de gastar sua
renda. Dessa forma, nota-se o aumento de gastos com carro próprio (11,5%),
ultrapassando inclusive, os desembolsos com alimentação no domicílio e bebidas
(10,5%).
Mesmo assim, os itens básicos seguem como
prioridade, com grande vantagem sobre os demais, conforme a seguir: 25,6% dos
desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e
gás); 18,2% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc.); 6,6%
são medicamentos e saúde; 4,6% alimentação fora de casa; 3,8% materiais de
construção; 3,4% educação e vestuário e calçados; 3,3% recreação, cultura e
viagens e higiene pessoal; 1,5% transportes urbanos, móveis e artigos do lar e
eletroeletrônicos; 0,5% para artigos de limpeza; 0,4% fumo; e finalmente, 0,2%
referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.
Faixas etárias – A
população de idosos continua crescendo, chegando à margem de 32,4 milhões em
2022. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa
de 129 milhões, o que representa 60,1% do total de brasileiros, sendo mulheres
em sua maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vêm perdendo
presença e somam 23,9 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que
seguem na média de 29,4 milhões.
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