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segunda-feira, 18 de julho de 2022

Como o uso das telas está interferindo no desenvolvimento das crianças

 Precisamos falar com urgência da forma como a tecnologia está moldando o comportamento

 

Não dá para negar que a tecnologia faz parte da nossa vida - e é um fato que muitos de nós desenvolvemos uma séria dependência da internet e das telas, principalmente do celular. Aliás, com uma presença tão unânime no nosso dia a dia, é de se esperar que esses aparelhos também passem a fazer parte da rotina das crianças, certo? 

No entanto, é preciso cuidado redobrado quando o assunto é o uso de telas pelos pequenos. Isso porque esses hábitos têm muito mais malefícios do que benefícios e podem desencadear uma série de questões mais a frente na vida. 

"Aplicativos e jogos com aspecto inocente muitas vezes são extremamente associados a geração de ansiedade, violência, depressão, transtorno de sono, de alimentação, irritabilidade e vício/adição", explica o Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). "As redes sociais aumentam a incidência de bullying, distorção de imagem, sexualização precoce, comportamentos auto lesivos, indução e riscos de suicídio. Sem falar de problemas visuais, auditivos e posturais." 

E tem mais: é importante considerarmos os marcos de desenvolvimento que estão sendo afetados pelo uso desenfreado das telinhas. Durante o primeiro ano de vida, as sinapses do cérebro de uma criança aumentam em mais de 10 vezes. Por volta dos 2, 3 anos, essa mesma criança terá 15 mil sinapses por neurônio e, nos primeiros 3 anos de vida, o seu cérebro vai crescer e se desenvolver tanto que o tamanho aumenta em 3 vezes. 

"Por que isso é importante? Porque a criança precisa de experiências ambientais, emocionais, afetivas, de relação interpessoal, socialização e interação, para refinar seus circuitos, construir ligações e fortalecer as mais adequadas e necessárias", explica o médico. "Uma criança que faz música, desenha, faz esportes, explora o espaço ao ar livre, recebe afeto, troca olhares, recebe atenção de seus pais e familiares, têm mais conexões neuronais, mais desenvolvimento cerebral e constrói uma arquitetura neurológica mais forte." 

Por outro lado, uma criança que fica sentada em frente às telas, jogando games, assistindo vídeos no YouTube ou no TikTok, terá essas células e conexões como prioritárias, e elas vão sobreviver em detrimento das outras, essenciais para o convívio social saudável e para o desenvolvimento da inteligência. 

"Não existe benefício neurológico nenhum no uso das telas quando comparamos com a vida real, não se iluda ou se engane com nomes bonitos ou músicas agradáveis, as telas são 'lobos com pele de cordeiro'", alerta o médico.

 

Como saber que as crianças estão dependentes das telas? 

A própria SBP recomenda que o uso de telas fique limitado a uma hora por dia para crianças com idade entre 2 e 5 anos, e duas horas, como limite máximo, para crianças de 6 a 10 anos. Para recém-nascidos e bebês até dois anos, o ideal é que não haja uso de telas. Para os adolescentes, o máximo recomendado é de 3 horas diárias, incluindo para o uso de videogames, até os 18 anos. 

Ainda assim, é fácil perceber que na prática não funciona dessa maneira, por isso, vale a pena ficar de olho nos sinais de vício: 

1.A criança não consegue controlar o seu tempo na frente das telas

2.A criança não se interessa por outras atividades longe das telas e a única coisa que a motiva é o uso dos devices

3.Os vídeos, videogames e apps de celular ocupam a mente da criança o tempo inteiro (por exemplo, ela não para de falar sobre jogos ou apps, mesmo longe do celular)

4.O uso de telas está interferindo na socialização da criança: ela não consegue ficar longe do celular durante o jantar, espia as telas quando está na sala com a família etc.

5.A criança demonstra sinais de abstinência, ou seja, ela fica irritada, nervosa ou ansiosa com a possibilidade de desligar os aparelhos e fazer outra coisa.

  

Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles, Formado pela Faculdade de medicina do ABC, Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP, Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP, Título de Especialista em Pediatria pela SBP, Título de Especialista em Neonatologia pela SBP, Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012, 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura..


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