Em um
mundo de muitos estímulos está cada dia mais difícil lembrar de pequenas
coisas; entenda por que isso acontece.
Você fecha a porta do
carro e, dez segundos depois, volta para conferir se fechou mesmo... Esse
pequeno exemplo ilustra como para o nosso cérebro está cada vez mais difícil
focar em uma coisa só.
Para entender por que
estamos lembrando cada vez menos, precisamos primeiro entender a relação entre
atenção e memória.
A neurocientista do SUPERA
– Ginástica para o Cérebro, Livia Ciacci, explica que a força de resposta do
neurônio depende de estar prestando atenção ao estímulo.
“Não basta apenas os
sinais do ambiente atingirem os sentidos. É possível uma pessoa vestida de
gorila passe na sua frente e você não a perceba! É necessário que exista uma
interpretação consciente dessa informação, e isso só é possível direcionando o
foco de atenção àquilo”, detalhou.
O comportamento multitarefas para o
cérebro
O gerenciamento da
atenção, assim como a escolha e a forma como certas informações serão retidas
na memória de longa duração sofrem influência de fatores externos, como
estímulos visuais e fatores internos como hormônios e emoções.
O que acontece é que se,
somado a essas variações naturais, tentarmos executar muitas tarefas
simultâneas, o excesso de alternância do foco de atenção vai diminuir muito a
qualidade da percepção de cada estímulo.
A percepção é a capacidade
de associar as informações sensoriais à memória e à cognição, de modo a formar
conceitos sobre o mundo e sobre nós mesmos, e orientar as ações.
Para perceber algo, é
preciso selecionar dentre os muitos estímulos do ambiente aqueles que são mais
relevantes, e a atenção é o mecanismo do sistema nervoso para fazer essa
seleção.
Quando focamos a atenção
em um estímulo, todos os canais sensoriais privilegiam aquela informação,
colocando esse processamento em primeiro plano.
A neurocientista do SUPERA
– Ginástica para o Cérebro explica que a grande questão é que temos apenas uma
atenção. “Podemos entender a atenção como o nosso cérebro como uma lanterna.
Não dá para iluminar tudo ao mesmo tempo, eu tenho que escolher para onde
direcionar a luz e alternar. Se a atenção é uma ferramenta para separar
estímulos irrelevantes dos relevantes, ter muitos estímulos simultâneos
significa que a maioria deles vai cair na classificação de “irrelevante” já que
eu tenho apenas uma lanterna. Desta forma, ficará muito mais difícil lembrar
deles”, detalhou a especialista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Atenção e as memórias de
curto e longo prazo
A atenção é um estado de
percepção, é o holofote da nossa mente, que ilumina aquilo que queremos trazer
para a consciência.
No cérebro, o foco de
atenção direcionado à uma tarefa cria condições mais favoráveis para perceber
os detalhes dessa tarefa, como se os neurônios estivessem mais “preparados”
para responder sobre essa tarefa.
Fisiologicamente o foco de
atenção faz a amplitude dos sinais elétricos desses estímulos serem maiores e
mais facilmente trabalhados pelo córtex.
Fazendo uma analogia, a
atenção “aumenta o volume” daquilo que o cérebro precisa perceber melhor.
“Se esses estímulos
selecionados pela atenção estão com os sinais amplificados, eles serão
processados pela memória de trabalho - aquela memória imediata - e dependendo
de como pensamos sobre eles, quais associações fazemos, quais emoções sentimos
- eles serão codificados e consolidados como memória de curto ou longo prazo”,
detalhou a neurocientista.
Criando boas memórias!
Se você chegou até aqui já
percebeu que precisa melhorar sua atenção sob pena de prejudicar a criação de
valiosas memórias para o futuro.
Todas as operações mentais
complexas, como, por exemplo, a memória, possuem um limite determinado pela
claridade com que o cérebro representa a informação. Se preciso gravar uma
informação, quanto mais concentração for dedicada, mais fielmente a informação
será representada no cérebro, logo conseguirei lembrar mais facilmente.
A especialista concluiu
que devemos entender nosso cérebro como um especialista em fazer previsões. Ele
usa todos os dados acumulados ao longo do tempo e fica constantemente fazendo
associações com o passado e projeções futuras, o que promove uma agilidade de
raciocínio e respostas ao ambiente.
A boa notícia é que
podemos melhorar a habilidade natural dele apenas aumentando a clareza da
percepção dos estímulos. Como?
· Fechando
as abas que não estão sendo usadas;
· Deixando
o celular longe na hora da leitura;
· Lendo
em papel mais que ler em telas;
· Não
responder o WhatsApp enquanto conversa com uma pessoa pessoalmente, treinando
assim a atenção focada;
As falhas na memória acontecem: no controle de atenção, na hora de
gravar informação, na forma como se representa a informação em sequência ou
como se manipula e organiza cadeias complexas de dados “Isso explica o exemplo
que demos no começo do texto: por vezes é difícil lembrar se fechamos ou não o
carro porque não estamos fazendo isso e pensando apenas nisso, mas, sim, em
várias coisas ao mesmo tempo. Todas essas habilidades são passíveis de
treinamento. A prática de treino cerebral ou ginástica para o cérebro atua de
forma significativa para aumentar a capacidade de foco em diferentes faixas
etárias contribuindo para melhorar a atenção”, concluiu a especialista.
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