O Brasil tem uma das maiores e mais competentes indústrias de máquinas agrícolas do mundo, em condições de atender completamente o mercado interno e externo. Nas últimas décadas, inclusive, o agronegócio deu uma grande contribuição à economia brasileira. Registrou índices significativos de crescimento e sabemos que grande parte desse crescimento se deve a ganhos de produtividade, resultantes de inovações tecnológicas adaptadas ao solo e clima do Brasil e incorporadas pelos fabricantes de máquinas e implementos agrícolas.
Começamos 2021 com forte aquecimento no setor de
máquinas e implementos agrícolas, a forte demanda internacional por
commodities agrícolas se traduziu em aumento de encomendas para o setor.
No primeiro quadrimestre desse ano, as vendas reais aumentaram em 63% e as
vendas nominais em 103%, sendo que a expectativa de crescimento do setor em
2021 beira a casa dos 30%, o que não está sendo acompanhado pelo Plano Safra e
condições de financiamento.
Esse ano embora o nosso setor estime um crescimento
de 30% em relação a 2020 e o Plano Safra 2021/2022 destinou R$ 7,53
bilhões para o Moderfrota, a principal linha de financiamento para a aquisição
de tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas. O anúncio foi
feito no dia 22 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A
taxa de juros aumentou em relação ao Plano Safra anterior, de 7,5% ao ano para
8,5% ao ano. O prazo de pagamentos se manteve em sete anos, com 14 meses de
carência.
Em 2020, para driblar a falta de recursos do Plano
Safra, em março, o banco criou o Programa BNDES Crédito Rural, que não conta
com subvenção do Tesouro. A linha opera com taxas próximas de 9% a 10% ao ano e
prazo de até 15 anos. Até o dia 9 de junho, as aprovações da nova linha
alcançaram o montante de R$ 3,5 bilhões, para 6,3 mil clientes.
O esgotamento precoce do Moderfrota do Plano Safra
2020/21 levou também a uma maior busca de crédito privado. Vários bancos
privados ampliaram os negócios realizados com sua linha própria de
financiamento com recursos livres, mas o campo se profissionalizou. Os
produtores atuam em toda a cadeia produtiva e com reduzidos índices de
inadimplência. O perfil do financiamento da produção nacional também se
modificou.
Temos que ter claro, que uma indústria moderna e
com tecnologia de ponta como é a indústria de máquinas e implementos agrícolas
brasileira precisa de linhas de crédito adequadas para que o produtor rural se
sinta motivado a investir na sua produção. De outro lado, o fabricante de
máquinas também precisa ter assegurado que a demanda será atendida não só com
produtos capazes de suprir as necessidades do agronegócio, como também terá
como contar com linhas de crédito favoráveis aos seus clientes.
Não podemos perder de vista que o Brasil é um
dos principais fornecedores de produtos agropecuários em um planeta que demanda
cada vez mais alimento. Espera-se que o Brasil seja responsável por uma grande
parte do aumento previsto na produção de alimentos em razão de sua enorme
oferta de recursos naturais e ao conhecimento tecnológico adquirido na
fabricação de máquinas e implementos agrícolas no país.
Precisamos, portanto, de mais recursos , com custos
razoáveis, para assegurar que o crescimento do setor não seja impedido
pela falta de crédito.
João Carlos Marchesan -
administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração
da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas.
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