Recentemente, um caso curioso levantou múltiplos debates acerca da saúde das relações hierárquicas nas organizações. Um dos líderes de uma empresa ameaçou demitir funcionários devido a um erro cometido em um dos processos internos, afirmando que não aceitaria correr riscos de prejudicar a empresa.
Não podemos afirmar o
que motivou esse comportamento, mas, dentro desse cenário, podemos trazer à
tona um debate interessante: o estresse enfrentado por colaboradores de
diferentes níveis hierárquicos e como eles influenciam o seu relacionamento com
todos os aspectos associados ao trabalho, desde a produtividade até os
relacionamentos interpessoais.
Todos sofrem com a
pressão
Os líderes e os
colaboradores de certa forma possuem o mesmo objetivo, certo? Ambos precisam
gerar resultados positivos à empresa por meio de suas respectivas funções. No
processo para atingi-los, eles são pressionados de distintas formas.
Algumas organizações
acreditam que longas horas de trabalho, bem como incentivos nada positivos, equivalem
a uma maior produtividade e qualidade na produção.
As equipes são
encorajadas a trabalhar incessantemente sem que outros fatores que influenciam
o seu trabalho sejam considerados - complexidade das demandas, recursos
econômicos e humanos disponíveis, qualidade do ambiente de trabalho, instruções
pertinentes, saúde mental, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre
outros.
Da mesma forma,
líderes de setores são pressionados a apresentar relatórios com bons
resultados. Não é raro encontrar superiores que não aceitam imprevistos, não
estão dispostos a resolver empecilhos para a execução de tarefas e se irritam
com erros, descontando a frustração na liderança da empresa.
Líderes que precisam
prestar contas a si mesmos, como CEOs, também sofrem com a pressão. Neste caso,
ela pode vir de si mesmo, parceiros, investidores, clientes, consumidores,
entre outros.
A influência da
pressão no trabalho
A pressão vivenciada
no ambiente do trabalho pode facilmente aumentar a carga de estresse. Assim, ele
passa a interferir não somente na produção diária, mas na tomada de decisão, na
resolução de problemas, no controle emocional e na saúde mental e física dos
profissionais.
O estresse é um dos
principais fatores problemáticos enfrentados pelas empresas hoje. De acordo com
a pesquisa da ISMA-BR, representante brasileira da Associação Internacional de
Administração do Estresse, 72% dos profissionais brasileiros sofrem de alguma
sequela do estresse. O percentual de profissionais com burnout é de 32%.
Líderes estressados
podem tomar decisões incoerentes devido à exaustão mental e física. Estas, por
sua vez, podem refletir e promover o possível abuso de poder relacionado à sua
função na empresa.
Eles são capazes de
determinar deadlines curtos, exagerar a necessidade de atingir
determinados objetivos e exigir níveis de qualidade praticamente impossíveis de
serem alcançados com os recursos disponíveis, pontuando que as consequências de
não cumprimento serão graves.
Consequentemente,
essas demandas deixam as equipes estressadas. Todos passam a temer os erros,
sacrificar o tempo reservado para o descanso, entrar em conflitos com colegas
com mais frequência e forçar seus limites emocionais e físicos para concluir
tarefas. Sob essas circunstâncias, a probabilidade de sofrerem burnout é bem
maior.
Além disso,
colaboradores estressados são infelizes e tendem a encontrar outras
oportunidades profissionais para fugir do ambiente desagradável. A empresa,
então, pode sofrer impactos negativos do alto nível de turnover.
Como diminuir o
estresse no trabalho?
O estresse dá origem a
reações em cadeia que dificultam o trabalho e prejudicam a saúde mental dos
profissionais. O mau humor e a indisposição transitam pelos departamentos, como
se fossem contagiosos, perturbando a harmonia dos ambientes. Ambos os fatores
podem até gerar crises financeiras, humanas ou de imagem, como o caso
mencionado no início do texto.
Para evitar sofrer com
os impactos negativos do estresse, as empresas devem desenvolver um programa
voltado para os cuidados com a saúde mental dos profissionais. É essencial que
o ambiente de trabalho seja agradável, flexível e cooperativo para que as
tarefas sejam executadas com qualidade e o bem-estar dos colaboradores,
independentemente da posição hierárquica, esteja garantido.
É crucial trabalhar
com a capacitação de líderes para melhorar a sua relação com as equipes e,
assim, incentivar a produtividade de maneira saudável e eficiente. Para isso, o
melhor é pensar em como agir para, além de alcançar os resultados esperados,
evitar impactos negativos no fator emocional dos times.
Líderes e liderados
precisam se entender
Antes de tudo, é
preciso incentivar a comunicação entre líderes e liderados, bem como entre
líderes e seus superiores. Quanto mais eficiente for a comunicação entre os
profissionais, melhor é o relacionamento entre eles. O estresse desencadeado
por conflitos e a escassez de instruções para concluir tarefas é, então,
reduzido.
Para isso, gestores
podem incentivar reuniões periódicas entre os departamentos e as equipes,
trabalhar a comunicação interna para que os colaboradores conheçam os objetivos
da empresa e as últimas notícias por meio de newsletters e mostrar que a
comunicação respeitosa não é somente necessária, como também bem-vinda.
Educação é essencial
Muitas vezes as
equipes desconhecem os sinais que revelam que a sua saúde mental não está bem,
por isso, ignoram o desconforto psicológico. Em algum momento, contudo, o
mal-estar se torna insuportável. Ele pode se manifestar por meio do esgotamento
psicológico, depressão e ansiedade e até mesmo de sintomas físicos, como
taquicardia e oscilações de pressão.
Dessa maneira, é
fundamental que informações sobre saúde mental cheguem aos colaboradores.
Investir em palestras com psicólogos, terapia, workshops e atividades internas
e materiais impressos sobre educação emocional são algumas iniciativas que
podem ser colocadas em prática.
Entretanto, o trabalho
não pode ficar apenas por conta deles. A empresa deve proporcionar um ambiente
corporativo que possibilite o cuidado com a saúde mental e criar programas que
estimulem o autocuidado.
Líderes precisam ser
exemplos de boa conduta e eficiência
Os líderes são vistos
como espelhos pelo restante dos profissionais - ou, ao menos, deveriam ser. É
ideal defini-los assim para os demais. Ao cuidarem da sua saúde mental, os
líderes encorajam as equipes a fazerem o mesmo e reforçam a consolidação de uma
cultura organizacional positiva.
Do mesmo modo, a
liderança cujo emocional está em dia tem menos probabilidade de tomar decisões
arriscadas e agir de maneiras que beiram o assédio moral. Pelo contrário, ela
desenvolve bons relacionamentos com os liderados e incentiva a comunicação.
Terapia para
desenvolvimento do fator emocional das lideranças
A terapia é benéfica
tanto para o tratamento da depressão, ansiedade e outras condições de saúde
mental quanto para a prevenção e a manutenção do bem-estar emocional no dia a
dia. A terapia também é um espaço para falar sobre inseguranças, medos,
preocupações, dúvidas, conflitos pessoais e de relacionamento e outras questões
que tiram o sono das pessoas.
Como o trabalho
costuma ser a principal causa de estresse na vida dos profissionais, faz
sentido que as empresas invistam em terapia, certo?
A terapia auxilia os
funcionários a descobrirem e desenvolverem os seus valores, entenderem seus
colegas, controlarem as suas emoções e alinharem os seus objetivos
profissionais com seus objetivos de vida, além de promover a manutenção do
bem-estar emocional de todos.
Conheça o
Terapeutizados!
Pensando em promover
debates e iniciativas com base na educação emocional no meio corporativo, a
Vittude criou o podcast Terapeutizados, no qual eu entrevisto executivos
que fazem terapia. Abordamos temas como autoconhecimento, carreira, escolhas
profissionais, perseverança e as mudanças que o tratamento psicológico traz
para a vida desses líderes..
Convido vocês a
conhecerem as histórias e experiências da trajetória profissional de três
líderes:
Matheus Danemberg , CEO da Otterwise e fundador da Nave.RS.
Everton
Höpner,
co-fundador e COO da Vittude,
Caio Corraini , CEO e fundador da
Maremoto.
Os erros e acertos
desses C-levels servem de inspiração para profissionais, líderes e gestores que
desejam investir em suas carreiras profissionais, negócios próprios e/ou em si
mesmos. É uma verdadeira dose de inspiração!
Tatiana Pimenta - CEO e fundadora da Vittude. Engenheira que se apaixonou
pela psicologia, pelo estudo constante do comportamento humano e da felicidade.
Possui formações que contemplam ciência da felicidade e aplicações da
psicologia positiva para ambientes de trabalho, como o The Science of
Happiness, Mindfulness and Resilience to Stress at Work, Empathy and Emotional Intelligence
at Work, da Berkeley University.
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