Eventualmente eu trago em meus artigos algumas
histórias de pessoas que tiveram problemas com a imigração, seja por falta de planejamento
ou mesmo porque decidiram fazer uma mudança fora das regras imigratórias para
os Estados Unidos. O intuito não é dar uma lição de moral ou dizer o que é
certo e errado, apenas mostrar este lado da moeda. O que eu recomendo, é
realizar esses procedimentos de forma estruturada e legalizada, evitando
problemas futuros. O meu objetivo é trazer informação para as pessoas.
Normalmente as histórias são sempre parecidas. As
pessoas acreditam em certos profissionais ou até mesmo empresas que oferecem um
serviço, contam uma história para imigração que nem sempre condiz com a
realidade e depois, quando algo dá errado, nos procuram para consertar e nem
sempre isso é possível. Portanto, esse é um alerta para evitar entrar nos
Estados Unidos ilegalmente, pois atualmente não há espaço para esse tipo de
atividade no país. Além da deportação, existem uma série de outras barreiras.
Nosso protocolo ao receber o contato de um cliente
é pedir todo o histórico dele. Pedimos a autorização e uma procuração,
encaminhamos para o consulado e solicitamos todas as informações, muitas vezes
o cliente nem imagina o que está nesses documentos.
O caso noticiado é totalmente atípico, trata-se de
um casal com dois filhos que mora no interior do Rio de Janeiro. No dia 6 de
janeiro de 2021, o marido saiu do Brasil e entrou nos Estados Unidos, em
Orlando com o visto de turismo. Essas informações, além de relatadas pelo
indivíduo, também constam no foia (documento que relata tudo o que acontece
durante a visita ao país) enviado pela embaixada. Ao entrar, ele relatou que
possuía 8 mil dólares em dinheiro e cartão de crédito. Além disso, explicou que
iria para uma exposição chamada Surf Expo, que aconteceria no dia 8 de janeiro
no OCC Orlando. O plano seria ficar 12 dias e, inclusive, apresentou a cópia da
reserva do hotel para essas datas e entrou normalmente. O foia é encerrado
nesse período.
A verdade era que ele tinha intenção de permanecer
no país e para os dias seguintes ao que foi relatado à imigração, ele já havia
alugado uma casa, comprado um carro, efetuou transferências do Brasil para os
Estados Unidos com uma operadora de câmbio, entre outras compras.
No dia 18 de março, dois meses e doze dias depois
da entrada do marido, a esposa e as duas crianças chegaram ao país também pelo
aeroporto de Orlando. O marido tinha combinado de ficar esperando a esposa do
lado de fora do aeroporto, dentro do carro no estacionamento em frente da área
de desembarque. Ao passar pela imigração a mãe informou que possuía 7 mil
dólares e alguns cartões de crédito, explicou que estava no país a turismo, que
iria na Disney e passariam apenas 15 dias lá. Nessa entrevista não foi
informado que o pai ou marido já estava no país há pelo menos dois meses.
O agente então levou o restante da família e os
passaportes para a salinha da imigração no aeroporto. Após questionar sobre a
viagem deles, começaram a fazer perguntas sobre o marido e a esposa informou,
de acordo com o foia, que ele permaneceu trabalhando. Com a insistência dos
agentes, ela explicou que o marido de fato estava nos Estados Unidos fazendo
compras para as lojas que eles têm no Brasil, de artigos de praia, surf etc e
que voltaria ao país de origem junto com o restante da família após 15 dias.
A solicitação seguinte foi para que a esposa
abrisse o celular. Vale ressaltar que nesses momentos é importante não
apresentar qualquer resistência, caso algum agente imigratório solicite
qualquer tipo de informação, mostre tranquilamente, afinal ele está fazendo o
trabalho dele. No aparelho havia conversas com o marido, fotos da casa, fotos
da cidade e ficou claro que não havia intenção de retorno. Os agentes foram
buscar o marido onde ele estava aguardando para que ele pudesse contribuir com
a história e então voltaram para a salinha, onde fizeram perguntas para o casal
juntos e separados. Em determinado momento, ele confessou que pretendia ficar
nos Estados Unidos.
Como ele já estava nos Estados Unidos, os agentes
do ICE foram convocados e informaram que ele teria três dias para desocupar a
casa, vender os itens que havia comprado e retornar ao Brasil sem mais
problemas. O restante da família precisou voltar no voo seguinte.
O marido explicou diversos pontos para os agentes,
entre eles que ele teve ajuda de duas pessoas que ofereceram um serviço de
assessoria, cada um deles de forma diferente. Um ofereceu ajuda para conseguir
trabalho no setor de construção mediante pagamento de uma taxa e o outro ajudou
com a implementação de atividades do dia a dia, como o aluguel de casa, compra
do carro e outras burocracias.
Portanto, entrar em qualquer país dessa maneira não
é eficiente. É importante lembrar que existe tecnologia e atualmente os agentes
imigratórios e os consulados possuem todas as informações necessárias para
impedir a entrada das pessoas no país. Inventar uma história acaba influindo em
diversos problemas para o momento e para o futuro, por isso o ideal é fazer os
processos de forma planejada e legalmente para evitar a impossibilidade de
conseguir um visto para residir nos Estados Unidos.
Daniel Toledo - advogado da Toledo e
Advogados Associados especializado em Direito Internacional, consultor de
negócios internacionais, palestrante e sócio da LeeToledo LLC. Para mais
informações, acesse: http://www.toledoeassociados.com.br.
Toledo também possui um canal no YouTube com 117 mil seguidores https://www.youtube.com/danieltoledoeassociados
com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente.
Ele também é membro efetivo da Comissão de Relações Internacionais da OAB São
Paulo e Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB Santos.
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