O cancelamento da festa mexeu com as expectativas dos jovens, mas o alerta sobre os cuidados é permanente
A mudança do Carnaval de 2021 não afetou somente o
calendário dos brasileiros. O cancelamento das tradicionais festas de rua levou
consigo também o feriado e o clima típico de curtição aos quais os jovens,
principalmente, já estão acostumados e aguardam ansiosamente durante todo o
ano. O motivo, infelizmente, é grave. A pandemia da Covid-19 continua ceifando
vidas, tornando inseguro o contato físico. É por isso que, neste Carnaval, a
máscara será outra, a de proteção, e o beijo ficará para o próximo ano.
Tem dúvida de que o beijo pode sim ser uma ameaça à
sua saúde e da sua família? O presidente da Câmara Técnica de Estomatologia do
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) explica quais são os
riscos. “O beijo pode transmitir alguns tipos de doenças. A principal agora é a
Covid-19, já que está bem definido que o novo coronavírus está presente na
saliva e que as glândulas salivares são um de seus reservatórios no organismo
das pessoas infectadas. Mas, existem ainda outras doenças infectocontagiosas,
sendo as mais comuns as relacionadas ao vírus herpes (herpesviridae)
e outros vírus relacionados às doenças respiratórias. Herpes
perilabial, labial ou dentro da boca e doença do beijo causada pelo vírus EBV
são as mais frequentes”, afirma o cirurgião-dentista Fábio de Abreu Alves.
A Estomatologia, por si própria, é a especialidade
da Odontologia que estuda a prevenção, o diagnóstico, o prognóstico e o
tratamento das doenças do complexo maxilo-mandibular, das manifestações bucais
de doenças sistêmicas e das repercussões bucais do tratamento de tumores. “No
caso do beijo, só seria possível perceber alguma alteração por um exame bem
detalhado de toda boca. Mas, isso não acontece quando as pessoas se beijam. O
que pode ser observado são alterações ou feridas no lábio, o que não se aplica
às doenças invisíveis como a Covid-19. Ou seja, a recomendação é evitar o
contato, principalmente com pessoas desconhecidas”, conta o cirurgião-dentista.
Muito se ouve falar ainda dos famosos bochechos,
como se eles pudessem fazer a vez da prevenção inibindo o vírus. “Não existe
evidência científica, até o presente, para indicar um enxaguatório antisséptico
e dizer que o mesmo é capaz de prevenir ou evitar a transmissão do coronavírus.
Outro ponto, quantas vezes precisaria ser usado este bochecho considerando que
as pessoas possam se beijar várias vezes? A única saída segura é a
distância”, argumenta.
Sem Carnaval, nem beijo, o ano de 2021 segue sendo
marcado pela luta pela vida. “Ainda não sabemos bem quando voltaremos a ter
nossas atividades normalizadas, mas me parece que estamos próximos. Mas, mesmo
numa rotina de volta ao normal, devemos ter cuidado a todo tempo. Beijar ou ter
relação sexual desprotegida com uma pessoa desconhecida pode ser perigoso, pois
muitas doenças infectocontagiosas são adquiridas dessa forma”, completa o
cirurgião-dentista.
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