Dra. Georgia Zattar explica como a atividade física pode ajudar no combate e na prevenção de doenças
Todo mundo sabe que a
prática de atividades físicas traz diversos benefícios à saúde. Além dos
resultados estéticos, movimentar o corpo faz bem para o coração e para a mente,
pois ajuda no controle da ansiedade e do estresse. O que pode ser uma novidade é
que o exercício físico também serve para prevenir doenças degenerativas.
Estudos indicam que a
atividade física gera efeitos protetores em quase todos os órgãos do corpo, o
que estimula a prevenção. A médica Dra. Georgia Zattar, tira duvidas sobre essa
relação.
De que forma o
exercício físico previne as doenças degenerativas?
É fato que a atividade
física possui benefícios para a saúde, bem estar e estética. Durante o
exercício temos um aumento da demanda metabólica do musculo esquelético em
contração, com isso há uma alteração da homeostase do corpo todo resultando em
efeitos sistêmicos positivos para a prevenção de doenças. Após repetidos
desafios, ocorrem adaptações que estão associadas à melhoria da saúde e do
bem-estar.
Em outro estudo, foi
demonstrado que vesículas extracelulares (EVs) são liberadas na circulação
durante o exercício como um meio potencial para comunicação entre tecidos,
incluindo os do cérebro. "Portanto, esses EVs liberados durante o
exercício podem ser um mecanismo pelo qual a atividade física regular pode
retardar ou prevenir doenças neurodegenerativas como a Doença de Alzheimer,
declínio cognitivo relacionado à idade e demência vascular".
Quais das doenças
degenerativas são prevenidas?
Uma revisão
sistemática da Psychol Med com estudos epidemiológicos e prospectivos mostraram
que os exercícios reduzem os riscos de demência e Doença de Alzheimer em 28% e
45%, respectivamente. Está bem estabelecido que novos neurônios são capazes de
crescer dentro do giro denteado do hipocampo e foi demonstrado em roedores que
a atividade física é capaz de aumentar a neurogênese, com exercícios que mais
do que dobram a produção de novos neurônios.
O exercício físico
também funciona como um tratamento para os pacientes já diagnosticados com esse
tipo de doença?
Evidências crescentes
de que o exercício pode levar à descoberta de uma série de novas terapias que
podem ter como alvo uma ampla gama de condições crônicas, incluindo distúrbios
neurodegenerativos. O exercício demonstrou ter efeitos anti-inflamatórios no
cérebro que se correlacionam com a função cognitiva. A redução de mediadores
inflamatórios e o aumento dos anti-inflamatórios promove melhor resposta ao
tratamento e melhora da função cognitiva.
Vale qualquer
exercício físico ou algum tipo é mais efetivo do que o outro?
Qualquer exercício
físico é valido e tão importante quanto isso é a constância dos hábitos. O
sobrepeso hoje é uma pandemia mundial e a projeção é que em 2025 haja 2.3
bilhões de pessoas com sobrepeso e mais de 700 milhões de obesos se nenhuma
atitude for tomada. Na obesidade e sobrepeso ocorre uma mudança no
compartimento dos monócitos pró-inflamatórios (M1) que podem contribuir para o
desenvolvimento de inflamação de baixo grau e aumento de monócitos
imunossupressores que podem contribuir para o desenvolvimento de câncer por
exemplo. Toda essa inflamação crônica aumenta o risco de outras doenças
inflamatórias como por exemplo doenças degenerativas.
A inatividade física é
um dos fatores de risco mais fortes que contribuem para doenças crônicas, as
quais representam a maior parte de doenças em todo o mundo sendo um dos maiores
preditores de mortalidade. Hoje, o Brasil está na 5ª posição no ranking mundial
de sedentarismo e lidera o status na América do Sul, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Quais outras
práticas evitam o surgimento dessas doenças?
Todos os 6 pilares da
Medicina do estilo de Vida promovem prevenção de doenças. São eles: Controle de
tóxicos, controle de estresse, alimentação, atividade física, relacionamentos e
sono. Contudo essa não é a realidade da maior parte dos sistemas de saúde do
mundo. A abordagem convencional costuma tratar a doença quando ela aparece e através da prescrição de medicamentos, os quais, em inúmeros casos, causam
mais danos do que benefícios. O The Institute of Medicine relatou ao The Wall
Street Journal que uma abordagem holística dos cuidados de saúde que utiliza
o melhor da medicina convencional, juntamente com terapias alternativas, como
meditação, yoga, acupuntura e fitoterápicos, foi cientificamente
documentada como efetiva.
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