As notícias falsas podem afetar a saúde da população. A disseminação de fake news, principalmente pelas redes sociais, tem potencial para retardar o diagnóstico e tratamento oncológico, por exemplo. "Em vez de procurar um especialista, muitas pessoas se baseiam em informações incorretas, e deixam de procurar um médico para uma avaliação clínica adequada", alerta o oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), da Uninove e da Faculdade de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).
Comemorado no dia 4 de fevereiro, o "Dia
Mundial de Combate ao Câncer" é uma oportunidade para as pessoas
conhecerem melhor as medidas adequadas para evitar as doenças oncológicas. Uma
pesquisa realizada pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) revela, por
exemplo, que na cidade de São Paulo 32,2% dos entrevistados não consideram que
a alimentação inadequada pode causar câncer. Em Goiânia, 60% dos pesquisados
não acreditam que a falta de atividade física pode trazer doenças oncológicas.
"O conhecimento é uma ferramenta essencial
para a prevenção. A mudança de hábitos alimentares e a prática de atividades
físicas regulares são fundamentais para a saúde da população. Por isso, é
importante que, desde criança, as pessoas recebem as melhores
orientações", ressalta o pesquisador da Unifesp.
Um outro dado da pesquisa do Inca realizada em
2018 mostra o estigma que a doença ainda tem. Para 50% o câncer é uma
enfermidade sem cura, percentual que foi de 43% na cidade de São Paulo. Em
Porto Alegre, 53,3% dos entrevistados relacionaram as doenças oncológicas com
emoções negativas, como sofrimento, perda e desespero. No Rio de Janeiro o
percentual foi de 48,5% e em Belo Horizonte alcançou 48,2%.
Para o oncologista Ramon de Mello tanto o
paciente quanto os familiares precisam ter informações adequadas sobre a
doença: "A falta de orientação pode levar o paciente a adiar o diagnóstico
e o tratamento. Na oncologia, o tempo é muito precioso e quanto mais cedo
começarmos o tratamento melhores são as chances de resultados positivos".
Ramon Andrade
de Mello - Oncologista clínico
e professor adjunto de Cancerologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em
Pesquisa Clínica no Câncer de Pulmão no Royal Marsden NHS Foundation Trust
(Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto (Portugal). O oncologista é do corpo clínico
do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital 9 de Julho, em São Paulo, SP,
e do Centro de Diagnóstico da Unimed (CDU), em Bauru (SP).
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