Estudos demonstram uma relação positiva entre a doença periodontal e a possibilidade de resultados adversos na gravidez
A gestação mexe com todo corpo da mulher e os
hormônios provocam muitas alterações e podem facilitar, inclusive, a ocorrência
de problemas dentários. Por isso, o acompanhamento da gestante pelo seu
cirurgião-dentista é fundamental, não apenas para prevenir ou resolver
infecções, mas também, para orientar sobre a sua saúde bucal e a do bebê.
Segundo a cirurgiã-dentista e membro da Câmara
Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia e São
Paulo, Karla Mayra Rezende “na gravidez, as mulheres podem ser mais
suscetíveis à diversas doenças bucais como a maior incidência de cárie, erosão
dentária e doença periodontal, por exemplo”. Segundo a especialista, muitas vezes,
as gestantes se tornam mais propensas à doenças bucais, também, pela
dificuldade em manter a higiene adequada, devido às náuseas e também, ao desejo
aumentado de consumir alimentos açucarados.
Raio X e Anestesia são permitidos?
No tratamento Odontológico das gestantes, uma das
principais preocupações dos pacientes e profissionais, refere-se à segurança da
utilização da anestesia e da realização do Raio X. O principal receio, no caso
da anestesia, está relacionado à transferência do anestésico, por meio da
placenta, para o compartimento fetal. “A gestante pode receber a anestesia para
proporcionar maior conforto ao tratamento, mas é preciso avisar ao
cirurgião-dentista da sua condição, para que todos os cuidados sejam tomados
durante a aplicação para evitar qualquer risco ao bebê.”
Nos exames radiológicos, a recomendação é que seja
feita uma boa anamnese e exames físicos detalhados para evitar o exame,
principalmente nas primeiras oito semanas - período crítico da
organogênse (desenvolvimento embrionário). “Caso seja necessário realizar
o Raio- X, o cirurgião-dentista deve tomar as medidas necessários para proteção
como o uso de avental de chumbo, protetor de tiréoide, uso de filmes
ultrassensíveis, evitar repetições, dentre outros procedimentos de segurança”
explica.
A pandemia e a saúde bucal da grávida
No caso das gestantes diagnosticadas com Covid-19,
assim, como qualquer paciente positivo para a doença, o tratamento deve ser
diferenciado. “Em primeiro lugar o atendimento odontológico é em caso de
urgência ou emergência. Este deve ser realizado sem uso de aparelhos que gerem
aerossóis como alta rotação e ultrassom. É indicado utilizar sempre o
"sugador" e não utilizar a "cuspideira". Sempre que
possível, realizar o tratamento com a técnica de mínima intervenção. E agendar
com espaçamento entre os pacientes, lançando mão do teleatendimento para
verificar se precisa de atendimento presencial ou se a paciente pode de
ser orientada, medicada e acompanhada.”
E é importante salientar, que não há nenhum
consenso nacional sobre a questão da transmissão vertical (de mãe para feto ou
da transmissão do vírus através do aleitamento materno). “Até o momento,
a Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que não há indicação de que isso
ocorra. A placenta é geralmente uma barreira eficaz que evita que a infecção
materna se espalhe para o feto. Sabemos que certos patógenos virais podem
superar essa barreira como Citomegalovírus (CMV), vírus herpes simplex (HSV),
vírus varicela zoster e vírus Zika (ZIKV) que podem causar síndromes
congênitas, com taxas variáveis de transmissão e gravidade dos efeitos que
dependem, em parte, do estágio da gravidez em que a infecção
ocorre.[1] Porém, o mecanismo de transmissão intrauterina não foi demonstrado
nos dois tipos de coronavírus patogênicos (SARS-CoV) e (MERS-CoV) embora as
infecções causadas por esses vírus resultassem em pneumonias graves, mortes
maternas e perdas fetais precoces[2]”.[3]
A importância do pré- natal Odontológico
O pré-natal odontológico foi um termo criado para
designar a importância da gestante visitar o cirurgião-dentista, seja para o
auto-cuidado ou para receber as orientações sobre a saúde bucal do bebê. Nesse
período de gravidez, a futura mãe está mais receptiva para aprender e levar o
melhor para seu bebê sobre saúde. Vários estudos mostraram uma relação
positiva entre a doença periodontal e resultados adversos da gravidez,
incluindo nascimento de bebê prematuro, ou seja, antes das 37 semanas e
consequentemente de baixo peso, também pré-eclâmpsia e até mesmo abortos
espontâneos e por isso, o acompanhamento profissional é fundamental nessa fase.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo
(CROSP)
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