Ao longo da história humana, presenciamos grandes mudanças nas mais diversas áreas que foram revolucionárias para suas épocas – muitas, inclusive, consideradas inovadoras até hoje. Um dos maiores exemplos é a famosa Catedral de Florença, também conhecida como Catedral Santa Maria del Fiore.
Criada no século XIII, a
Catedral tinha um grande problema arquitetônico: um buraco em seu topo. Para
resolver, a família Médici, uma das mais ricas e poderosas da época – e
que inclusive chegou a governar a região de Florença – organizou um concurso
para que os arquitetos da época oferecessem soluções para o topo da Catedral. A
recompensa: 200 florins de ouro.
O vencedor, o
arquiteto Filippo Brunelleschi, foi o responsável por projetar e
erguer sua famosa cúpula, considerada como a maior cúpula de alvenaria já
construída e, até hoje, um dos maiores enigmas da arquitetura. Usando a sobreposição dos
tijolos alternados na vertical e horizontal, ela forma duas circunferências
(uma interna e outra externa) distribuindo seu peso.
Sem nenhum vestígio de desenhos
ou esboços, especialistas do ramo discutem até hoje teorias que possam
justificar a conquista do arquiteto, que vão desde quais materiais ele escolheu
até os possíveis mecanismos de sustentação e planejamento que possam ter sido
utilizados.
O caso revela que lançar um desafio para solucionar um problema e oferecer um prêmio financeiro
como recompensa não é nenhuma novidade. Hoje conhecidos como programas de
inovação aberta ou open innovation, esses
“concursos” estão mais em alta do que nunca.
Embora a cúpula da Catedral de Florença tenha sido
criada a partir desse conceito, quem leva o crédito pela criação do termo open
innovation é o professor Henry Chesbrough, da Universidade de
Berkeley, em 2003. Seu objetivo inicial era reduzir a distância entre o mercado
e as universidades.
Analisando o comportamento das grandes empresas
americanas ao longo do século XX, ele percebeu que o modelo de gestão era
bastante fechado, buscando reter os melhores talentos e gerar novas ideias
apenas internamente. Com o passar do tempo,
a globalização e as profundas transformações culturais, sociais e econômicas,
ficou nítido que era preciso buscar conhecimento externo e co-criar, por meio
da colaboração e da troca de ideias.
De lá para cá, esse conceito só se expandiu. Tanto
é que hoje o relacionamento das empresas que fazem open
innovation não está mais restrito apenas às universidades,
mas também às startups. E esses programas vem ganhando cada vez mais forma. Só
nos últimos cinco anos, o open innovation cresceu
mais de 20 vezes, de acordo com a 100 Open Startups.
As empresas com algum tipo de relacionamento de
inovação aberta com as empresas de tecnologia passaram de 82, em 2016, para
1.635 em 2020. E, enquanto em 2016 apenas 24% das empresas conseguiam encontrar
uma startup parceira, em 2020, esse número saltou para 58%. Ao que tudo indica,
esse é um número que deve continuar crescendo.
A Catedral de Florença, criada
cerca de 500 anos atrás, pode ter sido uma das precursoras desse conceito em
ampla expansão. Cada vez mais, as empresas começam a entender que inovar é
preciso, e que não se deve fazer isso sozinho. Criar grupos multidisciplinares
e diversos é fundamental para gerarmos novas e originais ideias. Buscar apoio
dentro e fora da empresa é fundamental. Afinal, a união é o que faz a inovação,
ontem e sempre.
Alexandre
Pierro - engenheiro mecânico, físico nuclear e fundador da PALAS, consultoria
pioneira na implementação da ISO 56002, de gestão da inovação.
PALAS
www.gestaopalas.com.br
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