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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Imposição de padrões de beleza pode estar associada com transtornos alimentares



O verão é uma estação que remete à alegria, em função das festas, praia, calor e sol. Todas essas programações, porém, levam a uma exposição mais acentuada do corpo, o que, para muitas pessoas, pode desencadear um sofrimento, em função de uma pseudo necessidade de se ter um “corpo perfeito”, em especial para portadores de algum tipo de distúrbio alimentar.

Os transtornos alimentares (TAs) podem ter relação com a imposição de padrões de beleza, embora estas pressões sociais não sejam a causa dessas patologias, que são multifatoriais. Mesmo que o tema tenha sido mais abordado em sociedade, evidenciando a necessidade de aceitação das diferenças e da beleza diversificada, estudos indicam que os TAs que mais acometem as mulheres são aqueles vinculados à cultura do emagrecimento, que atribui aceitação social à pessoa que está dentro dessa referência.

“A pressão social sobre a mulher é muito maior. Embora o homem também sofra com essas exigências, quando ele está mais gordinho, ainda é aceito socialmente e sofre menos cobrança. A mulher tem que estar com o corpo perfeito, e tem que estar ‘bem’. A mulher magra é considerada como uma pessoa de sucesso”, comenta a psiquiatra da Holiste Camila Coutinho.

Ela ressalta que os transtornos alimentares devem ser acompanhados e tratados com abordagem multidisciplinar, respeitando a singularidade do sujeito, envolvendo acompanhamento psicológico, psiquiátrico e nutricional, podendo contar com o acompanhamento de um fisioterapeuta e educador físico.

Obesidade, anorexia, bulimia e compulsão alimentar são alguns dos distúrbios de ordem alimentar mais comuns, mas as particularidades da sociedade atual vêm agregando novos nomes a esta lista, como ortorexia e vigorexia.

Um mal entre os jovens

Um estudo da Secretaria de Saúde de São Paulo apontou que 77% dos jovens da cidade são propensos a desenvolver distúrbios alimentares, e a cada dois dias uma pessoa é internada no SUS por anorexia ou bulimia. Os dados alarmantes sobre a ocorrência do problema remetem à importância de se salientar que distúrbios alimentares não são hábitos excêntricos cultivados pela pessoa, mas transtornos mentais que, se não tratados, podem levar à morte.

 “Se a pessoa está muito acima ou abaixo do peso ideal para uma vida saudável, apresenta constante insatisfação com sua autoimagem e acumula prejuízos em sua vida social, é preciso buscar ajuda profissional. Os transtornos alimentares têm tratamento”, enfatiza a psiquiatra Camila Coutinho.

Para ser considerado um transtorno, o comportamento alimentar incomum precisa durar um certo período, causando prejuízo à saúde física e à capacidade de desempenhar funções no trabalho ou escola, afetando negativamente as relações sociais.

A psiquiatra explica que os transtornos alimentares englobam fatores neurobiológicos, socioculturais, psicológicos e familiares. A influência social para manter-se magro, seguindo padrões estéticos, a baixa autoestima, entre outros, são aspectos que contribuem para desencadear o problema.

“Quem sofre dessas patologias não consegue fazer escolhas livres em relação à sua alimentação ou ao seu corpo, e acaba sendo refém dos medos e obsessões que dominam sua vida”, explica a psiquiatra Camila Coutinho.

Tipos de transtornos alimentares

Os TAs têm características particulares.Os tipos mais comuns de TA são:

Bulimia: é um impulso que leva a pessoa a comer, mas, ao se saciar, ela fica enjoada, arrependida, e tem a sensação de perda de controle sobre si mesma, se sente culpada e deprimida. O paciente pode tentar compensar isso provocando vômitos, tomando purgativos, diuréticos e outros.

Anorexia Nervosa: é a perda de apetite por fatores psíquicos. Uma das características principais é a alteração da autoimagem da pessoa. Por mais magra que ela esteja, ela se sente muito acima do peso e por isso tenta emagrecer cada vez mais;

Compulsão alimentar: a pessoa busca uma gratificação cada vez maior através da comida, então ela sente a necessidade de comer, mesmo quando não está com fome e sem se preocupar com a qualidade do alimento;

Ortorexia: são pessoas que possuem um comportamento de preocupação excessiva com alimentação saudável. Normalmente, quem sofre desse transtorno pode passar horas pensando no assunto, e a preocupação pode se entender à alimentação de amigos e familiares;

Vigorexia: caracterizada por uma insatisfação com o corpo, que leva à prática exaustiva de exercícios físicos e de uma alimentação voltada exclusivamente para essa finalidade.

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