Muitas
empresas têm o desafio de implementar algum tipo de avaliação de performance,
às vezes motivado pela diretiva do CEO ou por iniciativa de funcionários que
estão ansiosos por algum tipo de plano de carreira ou que possa servir de
critério para promoções. Às vezes, ainda, as empresas precisam de algum tipo de
critério para dar aumento aos seus funcionários, e acha que uma avaliação de performance
vai ser a bala de prata para os problemas. Geralmente, esses clientes estão bem
confusos quanto às metodologias que devem usar para estruturar essa primeira
versão de suas avaliações de desempenho.
As
principais dúvidas costumam ser: devo avaliar competências? Com que frequência
devo fazer o processo? Semestral? Anual? Devo dar notas aos funcionários (1 a
5, por exemplo)? Devo usar apenas critérios de texto? Devo misturar os dois?
Quem deve avaliar quem? Apenas gestores avaliam seus liderados? Devo fazer uma
autoavaliação? E os pares? Devem avaliar uns os outros? E os valores da
cultura? Onde entram nessa história? Como fazer a avaliação ser menos
subjetiva?
As
dúvidas são muitas, é verdade. Se a empresa nunca passou por algum processo de
avaliação de performance, é razoável pensar que podemos presumir algumas coisas
sobre ela: os funcionários têm baixa maturidade: liderados têm baixa maturidade
profissional, e os líderes têm, muito provavelmente, baixa maturidade como
gestores de pessoas. A empresa tem baixa maturidade: há pouca cultura de
mensuração de resultados, que se observa por meio de KPIs bem-definidos por
área, gestão à vista, processos de gestão cadenciados (como reuniões de
planejamento semanal e reuniões mensais de resultado).
A
empresa não tem (ou tem há pouco tempo) um programa de cargos e salários ou
competências corporativas bem definidos. Também faz sentido presumir,
justificar a falta de um programa de desenvolvimento de performance: de
conversas claras e diretas sobre desempenho, que gerem feedbacks e
feedforwards claros e acionáveis para que a empresa passe a gradativamente
entender o que é esperado de cada um, criar uma cultura de desenvolvimento.
Efetivamente melhorar sua performance, ou seja, insumos para decisões como
bônus, promoções e plano de carreira são absolutamente secundários nessa fase
incipiente da gestão de performance.
O
que sugeri, nessa etapa, é começar por perguntas que cada gestor deve responder
para seus liderados, o que chamamos esse processo de check-in de
desempenho: no que o liderado pode melhorar (resultados e comportamentos)?
Quais devem ser as prioridades para os próximos meses (entregas, resultados e
desenvolvimento do funcionário)?
Segundo
Jeff Immelt, CEO da GE, “nos dias de hoje, fazer qualquer coisa uma vez por ano
não faz sentido. É simplesmente bizarro”. A não ser que você trabalhe em uma
repartição pública das mais estagnadas, um ano é tempo demais para qualquer
processo. Ainda mais com uma força de trabalho jovem, composta crescentemente
por millennials, um ano é tempo demais para seu funcionário morrer de
ansiedade. Assim, a sugestão é que você faça seu ciclo de avaliação de
desempenho (que deve ser chamado de checkin de desempenho) pelo menos
quatro vezes por ano.
Dependendo
do estágio da sua empresa (quanto mais jovem, mais frequente) ou demografia
média dos funcionários (quanto mais jovens, mais frequente), um ciclo mais
curto pode ser ainda melhor. Quem deve avaliar quem? Apenas gestores avaliam
seus liderados? Devo fazer uma autoavaliação? E os pares? Devem avaliar uns os
outros? Gestores avaliam liderados. Se você estiver inspirado (a), deixe seus
funcionários se auto avaliarem. Isso aumenta seu grau de autoconhecimento.
Pares devem dar feedbacks para pares, mas espere um pouco para inserir
esse componente de feedback 360-graus no seu processo de gestão de
desempenho: ele pode, e deve, ficar para depois, só vindo após o processo
básico estar bem estabelecido e amadurecido.
E
os valores da cultura? Entram nessa história? Em um lugar muito simples: peça
aos seus líderes que levem em conta os valores e comportamentos da sua cultura
quando fizerem as perguntas de “mandando bem” e “pode melhorar”. Peça que
identifiquem exemplos de situações em que eles representaram – ou deveriam ter
representado os valores e ideias de como podem fazê-lo com maior frequência e
intensidade. É um caminho.
Francisco
Homem de Mello - fundador da Qulture.Rocks, software de gestão de desempenho.
Especialista e estudioso em cultura organizacional. Autor do livro The 3G Way:
Dream, People, and Culture, figurando entre os mais vendidos da Amazon em
estratégia e negócios. Lança a próxima obra: “OKRs: Da Missão às Métricas”, com o objetivo de ajudar as empresas a
implementar uma metodologia de metas direcionada para alcançar resultados.
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