Assim que acordei, peguei meu
celular e vi uma notificação de que a Avenida Brasil estava engarrafada,
principal caminho que uso para trabalhar. Decidi ir de metrô. Por volta das
14h, muito atarefado e sem almoçar, recebi uma notificação de entrega grátis do
aplicativo de food delivery. Decidi ficar escritório e pedi comida japonesa. No
final do dia, abri meu aplicativo de música e voltei ouvindo a playlist
"Relaxing" que ele me sugeriu.
Algumas decisões do dia-a-dia mostram como a tomada de decisão se tornou
mais orientada a dados e a informações, e uma tendência inevitável é que as
organizações façam o mesmo. O conceito de Cultura Orientada aos Dados
(Data-Driven Culture) difundida nos livros de DJ Patil e Carl Anderson tem se
popularizado devido ao sucesso de empresas como Uber, AirBNB, Netflix e
Walmart.
Seja qual for a sua organização, o objetivo principal de moldá-la nesse
conceito é utilizar os dados para tomadas de decisão que gerem valor para o seu
cliente, interno ou externo. Apesar de não haver uma fórmula que fará com que
sua organização deixe de ser resistente aos dados e passe a extrair insights
preciosos, existem 5 padrões observados nas principais empresas que de uma
forma ou de outra se tornaram data-driven.
O primeiro é a democratização dos dados. Você faria algum investimento
sem antes ter a noção do valor desse investimento, do seu retorno e do risco
inerente? Vou assumir que não. Portanto, é interessante que os colaboradores da
sua organização tenham acesso a todos os dados quanto possa ser possível,
excluindo-se os sensíveis. Isso os empodera e diminui as barreiras para a
tomada de decisão.
O segundo ponto é a comunicação. E não falo aqui de comunicação verbal
apenas. Fóruns, e-mail, panfleto, quadro de avisos, chats, treinamentos,
reunião e tudo mais que possa transmitir os dados de maneira efetiva e que
possa ser usado, está valendo. Um erro comum é achar que por ter dashboards,
relatatórios e alertas em todas as paredes que a organização se tornou
data-driven. O ser humano precisa encontrar sentido nos dados, portanto,
comunique-os.
Outro ponto importante é o engajamento. Se você for o líder de uma
organização, saiba que existe um termo na comunidade Data-Driven que é anti
HIPPO (HIghest Paid Person's Opinion), ou seja, contrário ao favorecimento da
opinião daquele que ganha mais. A cultura orientada a dados necessita começar
na base e o ponto de vista de todos deve ter o mesmo peso independente da
posição ou reumeneração. Como bem disse Deming: "Sem dados, você é só mais
uma pessoa com opinião.
Sempre que falo em cultura orientada a dados, me perguntam das
ferramentas. A ferramenta ideal é aquela que resolve o problema. Portanto,
busque capacitação. Esse é o quarto ponto. Se sua oranização utiliza planilhas
eletrônicas, aprenda a criar gráficos informativos. Se usa banco de dados,
aprenda a linguagem SQL. Se você é estatístico, engenheiro ou cientista de
dados, passe seus conhecimentos para o restante da companhia. O importante é
que todos possam extrair o máximo dos dados.
O quinto ponto é a tomada de decisão propriamente
dita. Pare para refletir, quantas vezes você decidiu comprar alguma coisa na
internet baseado apenas no que você acha? Você terá mais sucesso em sua compra
se analisar os comentários, assistir vídeos de como usar o produto e verificar
a reputação do vendedor. Em sua empresa, una sua experiência com os dados
existentes. Caso não haja dados ou estejam incompletos, proponha soluçõess para
que novos dados sejam coletados,
Para finalizar, tenha em mente que qualquer mudança
está sujeita a resistência e a potenciais riscos. Caso você seja o único na
organização a querer transformar a cultura, opte pelo modelo de múltiplos
impactos. Apresente a ideia, debata com os colegas e não desista, pois como
disse DJ Patil: "Seja lá qual for a sua abordagem, criar uma cultura de
dados é a chave do sucesso no século 21".
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