A vacinação infantil deixa muitos em estado de atenção e é
comum conhecermos o calendário e as recomendações do Ministério da Saúde para
esse público. Mas, quando falamos de adolescentes, o cenário é alarmante e
revela o desafio que é a imunização desta faixa etária, no Brasil e no mundo.
Apesar do Brasil ter um dos melhores programas de vacinação do mundo: O
Programa Nacional de Imunizações (PNI), com alta cobertura na infância, estudos
revelam que a taxa de adesão na adolescência é baixa, colocando uma parcela de
adolescentes e adultos jovens suscetíveis a doenças que já são imunopreveníveis.
Os jovens estão cada vez mais expostos a problemas de saúde e
doenças antes consideradas infantis, como sarampo, coqueluche, catapora,
dengue, caxumba e HPV, por exemplo. Levantamentos epidemiológicos mostram que,
somente nesse ano, ocorreram 106 casos de caxumba em São Paulo. Em 2014, 6.368
pessoas contraíram coqueluche em todo o país, 1056% a mais do que o registrado
em 2010. Em todo o Brasil, nesse ano, até 31 de outubro, já foram registrados 1.513.559
casos de dengue, mais que o dobro de ocorrências de 2014, que foram em torno de
590 mil.
Segundo o pediatra Ricardo Becker Feijó, professor associado
de pediatria e adolescência na Faculdade de Medicina da UFRGS e chefe da
Unidade de Adolescentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), na infância
as taxas de cobertura chegam a 90% para quase todas as vacinas, enquanto entre
adolescentes há vacinas em que esse índice chega à metade das taxas observadas
na infância. “Apesar das taxas estarem aumentando ano a ano, ainda está muito
abaixo da necessidade dessa população. Vacinas com apenas uma dose chegam a 70%
de cobertura; algumas vacinas em três doses atingem cerca de 40%”, comenta
Feijó.
Falta de informação é obstáculo
Entre os desafios para engajar a vacinação adolescente, está
o fato dos jovens passarem mais tempo longe de casa e dos pais, se ocupando com
atividades escolares, culturais, esportivas e principalmente sociais, que
tornam as visitas aos consultórios cada vez mais espaçadas. Além disso, a falta
de informação e conhecimento em relação à saúde também é um obstáculo e fator
decisivo. Sem visitar o médico, as orientações sobre a importância da
imunização não chegam até o jovem.
Diante das razões para a baixa taxa de vacinação, para Feijó, é
imprescindível apostar na comunicação com o jovem. “Apenas por meio de
informações apropriadas, apresentadas de forma clara, objetiva e em linguagem
acessível, os adolescentes poderão demonstrar interesse em participar
ativamente dos cuidados da própria saúde”, afirma. Quanto mais esclarecido o jovem
estiver em relação ao risco que a doença apresenta, maiores são as chances de
adesão. Além disso, Feijó destaca a importância desse grupo compreender que
ficar doente por falta de imunização pode impedir a prática de uma atividade a
curto prazo, como uma festa ou uma viagem.
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