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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Imunização de adolescentes: doenças que podem ser prevenidas estão aumentando por baixa adesão à vacinação nesta faixa etária




A vacinação infantil deixa muitos em estado de atenção e é comum conhecermos o calendário e as recomendações do Ministério da Saúde para esse público. Mas, quando falamos de adolescentes, o cenário é alarmante e revela o desafio que é a imunização desta faixa etária, no Brasil e no mundo. Apesar do Brasil ter um dos melhores programas de vacinação do mundo: O Programa Nacional de Imunizações (PNI), com alta cobertura na infância, estudos revelam que a taxa de adesão na adolescência é baixa, colocando uma parcela de adolescentes e adultos jovens suscetíveis a doenças que já são imunopreveníveis.
Os jovens estão cada vez mais expostos a problemas de saúde e doenças antes consideradas infantis, como sarampo, coqueluche, catapora, dengue, caxumba e HPV, por exemplo. Levantamentos epidemiológicos mostram que, somente nesse ano, ocorreram 106 casos de caxumba em São Paulo. Em 2014, 6.368 pessoas contraíram coqueluche em todo o país, 1056% a mais do que o registrado em 2010. Em todo o Brasil, nesse ano, até 31 de outubro, já foram registrados 1.513.559 casos de dengue, mais que o dobro de ocorrências de 2014, que foram em torno de 590 mil.
Segundo o pediatra Ricardo Becker Feijó, professor associado de pediatria e adolescência na Faculdade de Medicina da UFRGS e chefe da Unidade de Adolescentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), na infância as taxas de cobertura chegam a 90% para quase todas as vacinas, enquanto entre adolescentes há vacinas em que esse índice chega à metade das taxas observadas na infância. “Apesar das taxas estarem aumentando ano a ano, ainda está muito abaixo da necessidade dessa população. Vacinas com apenas uma dose chegam a 70% de cobertura; algumas vacinas em três doses atingem cerca de 40%”, comenta Feijó.

Falta de informação é obstáculo
Entre os desafios para engajar a vacinação adolescente, está o fato dos jovens passarem mais tempo longe de casa e dos pais, se ocupando com atividades escolares, culturais, esportivas e principalmente sociais, que tornam as visitas aos consultórios cada vez mais espaçadas. Além disso, a falta de informação e conhecimento em relação à saúde também é um obstáculo e fator decisivo. Sem visitar o médico, as orientações sobre a importância da imunização não chegam até o jovem.
Diante das razões para a baixa taxa de vacinação, para Feijó, é imprescindível apostar na comunicação com o jovem. “Apenas por meio de informações apropriadas, apresentadas de forma clara, objetiva e em linguagem acessível, os adolescentes poderão demonstrar interesse em participar ativamente dos cuidados da própria saúde”, afirma. Quanto mais esclarecido o jovem estiver em relação ao risco que a doença apresenta, maiores são as chances de adesão. Além disso, Feijó destaca a importância desse grupo compreender que ficar doente por falta de imunização pode impedir a prática de uma atividade a curto prazo, como uma festa ou uma viagem.

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