Perfil genético define com maior precisão qual o tratamento
adequado para cada paciente
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama
é o que mais mata mulheres no País. Como regra geral, as mulheres devem
iniciar o rastreamento de câncer de mama a partir dos 40 anos, através da
realização de mamografia anual. No entanto, existe um pequeno grupo de mulheres
que deve iniciar o rastreamento antes dessa idade, às vezes até mesmo a partir
dos 25 anos. Nesse grupo, encontram-se mulheres com história familiar de câncer
de mama e com predisposição genética.
O mastologista Antonio Luiz Frasson, do Hospital Israelita
Albert Einstein, explica que para se definir com qual idade a paciente deve
iniciar a realização periódica da mamografia, o mastologista deve primeiro
definir em qual grupo a paciente se encontra: se no grupo de alto risco com predisposição
genética ou na população geral.
Os dois grupos de mulheres são bastante diferentes. A chance de
uma mulher de 50 anos na população geral desenvolver câncer de mama é de cerca
de 2%, ou seja, a cada 100 mulheres que atingem 50 anos, duas terão câncer de
mama. E nessa população, o câncer de mama é idade-dependente, o que significa
que quanto maior a idade da mulher, maior a chance de ela desenvolver o câncer.
Aos 80 anos, a incidência é de cerca de 10%.
Ao mesmo tempo, a chance de uma mulher de 20 anos sem
predisposição genética desenvolver câncer de mama é extremamente baixa. A cada
100 mil mamografias feitas, apenas duas seriam diagnosticadas.. “Por outro
lado, na população de alto risco, onde existe uma predisposição genética, o
risco de se ter um problema aos 50 anos é em torno de 50%. Por isso, nesse
grupo, o rastreamento deve ser iniciado antes. Em geral, o risco familiar é
caracterizado pela presença de um familiar de primeiro grau com câncer de mama
ou de ovário antes dos 50 anos ou quando a paciente tem um teste genético
comprovando a mutação”, explica Frasson.
O médico ainda ressalta que, na Europa e no Canadá, o
rastreamento mamográfico é indicado a partir dos 50 anos na população em geral,
porque antes disso o risco de se ter o problema é menor. Além disso, existem os
resultados falso-positivos, quando existe alguma alteração que não se confirma.
Isso gera um estresse na paciente, além de procedimentos desnecessários, por
isso existe tanta discussão sobre o assunto. “Mas no Brasil e também entre os
radiologistas americanos, o rastreamento deve ser iniciado aos 40 anos”,
complementa o mastologista.
Por outro lado, na população de alto risco, onde existe uma
predisposição genética, o risco de ter um problema aos 50 anos é alto. Para
esse público especificamente, o ideal é fazer um diagnóstico da mutação antes
dos 30.
“Um tumor é um crescimento desordenado de células que não assume
a capacidade de morrer. Existem milhares de genes responsáveis por fazer a
duplicação celular acontecer de maneira correta e existem outros tantos genes
responsáveis por fiscalizar isso”, acrescenta Frasson.
Após o diagnóstico de câncer de mama, deve-se definir seu
subtipo e estadiamento. Antigamente, um dos fatores de prognóstico mais
importantes era o tamanho do tumor. Hoje, através do mapeamento do perfil
genético tumoral, pode-se definir se a doença tem alto ou baixo risco de
disseminação sistêmica (quando pode afetar outros órgãos), nos revelando se
existe necessidade ou não do uso de quimioterapia.
Um conjunto de exames denominado Symphony oferece ao médico
precisão de 95% no momento de decisão sobre qual o melhor tratamento da mulher,
que muitas vezes não precisa se submeter a tratamento sistêmico, como a
quimioterapia. “Esses exames trazem informações que mudam a visão do problema,
porque apontam sobre a gravidade ou não de determinado tumor se disseminar para
outros órgãos. Assim, são importantes ferramentas que podem ser utilizadas para
a tomada de decisão sobre qual o tratamento ideal frente a uma situação
específica, e isso permite personalizar o tratamento com maior precisão”,
finaliza Frasson.
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