Vivenciamos
neste pleito eleitoral um fenômeno que vem crescendo a cada eleição. Desde
1988, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral e amplamente divulgado pelos
meios de comunicação, nunca houve tamanha abstenção de eleitores no
comparecimento as urnas. Cerca de 27,6 milhões de pessoas deixaram de votar no
último dia 5 de outubro.
Se
somarmos a isso os votos nulos e brancos teremos o significativo número de 38,7
milhões de pessoas que deixaram de escolher um candidato. O número acima salta
aos olhos por uma simples comparação: caso estes eleitores tivessem votado em
algum candidato eles teriam o levado ao segundo turno da eleição presidencial
ou, se apenas os que se abstiveram de comparecer as urnas tivessem apoiado os
candidatos Aécio ou Dilma, a eleição estaria definida no primeiro turno.
Importante
se faz, para esclarecimento do leitor, a distinção entre votos brancos, nulos e
abstenção. Os primeiros são aqueles que o eleitor digita na urna como branco,
ou seja, são manifestações de conformismo, como se o leitor concordasse com a
vitória de qualquer candidato. O segundo caso - o nulo - é interpretado como
insatisfação total e absoluta, em que o eleitor deixa claro que nenhum partido,
candidato ou coligação estão aptos para representá-lo, seja no legislativo ou
executivo. Já a abstenção proposital, a meu ver, é o descaso com futuro do
país, a falta de comprometimento com o destino do Brasil, daí, inclusive, a
obrigatoriedade do voto, pois o que esta em jogo, o direito tutelado é o
destino da nação.
Os
votos nulos e brancos, ao contrário do que alguns possam crer, não interferem
no resultado da eleição, pois somente são computados os votos válidos, mas,
estes não deixam de ser uma manifestação do eleitor de conformismo ou de
insatisfação, como dito acima.
Já
a abstenção injustificada, apesar de não influenciar no pleito eleitoral,
demonstra o descaso, o acovardamento e, até mesmo, o exercício da incivilidade
perante nosso próprio futuro e destino.
Lutamos
mais de vinte anos pelo fim da ditadura e o restabelecimento do Estado Democrático
de Direito, mas esta luta deve ser perseguida, dia a dia, por todos os
concidadãospara sua consolidação eterna. Não adianta reclamarmos da corrupção,
dos desmandos governamentais, do sistema de saúde, segurança, do maldito fator
previdenciário para aposentadoria... Enfim, não adianta demonstrar uma série de
indignações se acovardarmos e não exercermos nossa mínima parte que é o voto.
Costumo
dizer que o dia da eleição é o maior espetáculo da democracia. Observemos
nossos candidatos, vejamos quais suas propostas e o que cada um deles tem a
oferecer ao país. Estudemos seu passado para saber como comportarão no futuro,
vejamos suas experiências políticas e de administração pública e, aí, podemos
exercer nosso voto com espírito de civilidade e cidadania.
Bady
Curi Neto
Fonte:
Naves Coelho
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