Dificuldade de acesso a tratamento e
medicamento é dificuldade na área da saúde no Brasil
Em 8 de setembro é datado o Dia Nacional de
Luta por Medicamento, ABHH alerta sobre precariedade do sistema público de
saúde e problemas na aquisição de medicamentos
O Dia Nacional de Luta por Medicamento, datado em 8
setembro, é uma oportunidade de alerta para a sociedade sobre a dificuldade de
acesso a tratamento e medicamento no Brasil. A Associação Brasileira de
Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular informa que substâncias importantes
que não são aprovadas pela Anvisa ou mesmo com registro encontram dificuldade
de acesso no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de doenças
onco-hematológicas, ou seja, cânceres de sangue.
No Brasil, o processo de aprovação de novos
medicamentos dura em torno de 18 meses, porém para o paciente esse tempo é
elevado. Para Angelo Maiolino, diretor da ABHH, o problema de acesso no País é
alarmante. “Em outros países, pacientes de mieloma múltiplo, tipo de câncer de
sangue que atinge 30 mil pessoas, têm acesso a diversos medicamentos que ainda
não foram submetidos à aprovação no Brasil devido ao entrave e burocracia da
Anvisa”, explica o hematologista.
Alguns exemplos são carfilzomibe,
bendamustina, daratumumab e pomalidomida, terceira geração da talidomida,
aprovada no Brasil e com disponibilidade no SUS, mas com tempo determinado para
pacientes, pois o uso prolongado causa neuropatias periféricas, ou seja,
formigamentos nos braços e pernas. “Há quase dois anos, a lenalidomida, segunda
geração da talidomida, está em aprovação na Anvisa. A justificativa do órgão é
que não há comprovação científica que o medicamento proporciona benefícios aos
pacientes. Mas o que intriga a comunidade científica é que 80 países aprovaram
o medicamento, menos o Brasil, que tem exigências que são inaceitáveis”,
explica Maiolino que também é professor da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).
O mieloma múltiplo é um câncer originário da medula
óssea, tecido formador de célula de sangue que está no corpo todo e pode ser
assintomático ou sintomático, com sintomas que se manifestam - como anemia,
fraqueza e dor nos ossos - ou não quando a doença é diagnosticada. Originária
dos plasmócitos, células responsáveis pela produção dos anticorpos que são proteínas
que identificam e destroem agentes infecciosos (imunoglobulinas), o mieloma é
um câncer maligno.
Além
dos não aprovados, entre os que estão disponíveis há uma grande restrição para
pacientes do sistema público de saúde. “O bertozomibe é distribuído pelos
planos de saúde, mas a distribuição na rede pública é irregular. Não
conseguimos fazer um tratamento com planejamento com esse medicamento que é
essencial para o tratamento devido à escassez”, relata.
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