Muito além da pílula azul
Disfunção erétil, doença que registra
cerca de um milhão de novos casos no Brasil a cada ano, ganha espaço na novela,
ampliando a discussão sobre o tratamento adequado
Quem acompanha a novela Império,
trama das 21 horas da TV Globo, já conhece a história do personagem Reginaldo,
interpretado pelo ator Flávio Galvão, que nos últimos episódios enfrenta o
drama de seguidas falhas na hora do sexo com sua esposa.
Usuário frequente de pílulas
desenvolvidas para facilitar a ereção masculina, o homem de meia idade é casado
com uma mulher bem mais nova, Tuane, interpretada pela atriz Nanda Costa. O
personagem tem um apetite sexual intenso, alimentado pelos medicamentos que
chama de “azulzinhas” e pelo desejo quase obsessivo pela jovem companheira.
Em um episódio recente, mesmo
tomando a pílula, o personagem falhou no momento do ato sexual. “Isso nunca me
aconteceu antes, você sabe, é a primeira vez que a azulzinha não faz efeito”,
se justifica Reginaldo. Na trama, Tuane troca os comprimidos por confeitos para
evitar as inúmeras investidas do marido, mas, na vida real, muitos homens
passam pela mesma situação na hora do sexo, mesmo sem nenhum tipo de tramoia de
suas parceiras.
O que é Disfunção Erétil?
Segundo a Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU), a disfunção erétil (DE) é a falta de habilidade masculina para
obter ou manter ereção satisfatória para a relação sexual, devendo ocorrer, em
qualquer um dos casos, diversos episódios durante um período superior a três
meses para a confirmação do diagnóstico.
Apesar do tabu que rodeia o
assunto, a doença é prevalente em quase metade dos homens brasileiros (48,8%),
segundo um levantamento realizado no ano 2000[1].
Com base na população masculina do Brasil à época da pesquisa, seriam mais de 25
milhões de brasileiros com algum grau do problema, desses, 11,3 milhões
estariam afetados com os níveis moderado e completo de disfunção erétil,
considerados os mais graves.
A projeção da doença é de um
milhão de novos casos ao ano no Brasil, porém, vale salientar que quando
ocasional, a falha não pode ser diagnosticada como DE, mas sim, provocada por
uma infinidade de fatores como alto nível de ansiedade, estresse, autocobrança,
cansaço, entre outros motivos.
Além da “azulzinha”
A drágea azul, reconhecida por
devolver aos que sofrem de disfunção erétil leve a vida sexual plena e
satisfatória, não é a única solução para o problema.. Nos casos em que ela não
ajuda ou é contraindicada, o homem tem ainda outras opções de tratamento[2] disponíveis no
mercado brasileiro.
Entre elas, a administração de
medicamento injetável indicado para os casos de leves a moderados – a injeção é
aplicada diretamente na base do pênis através de uma seringa, estimulando o
fluxo de sangue para o pênis, possibilitando a ereção. A administração deve ser
realizada momentos antes da relação sexual.
Já para os casos mais graves, de
disfunção erétil completa, existe a cirurgia de implante de prótese peniana.
São duas alternativas de próteses: a semirrígida, composta por duas hastes cilíndricas,
flexíveis e dobráveis a 90°, que colocadas dentro do pênis, o deixa
constantemente rígido; e a inflável, que reproduz o preenchimento do pênis,
imitando o fluxo sanguíneo natural no momento da ereção com uma tecnologia de
inflação e deflação totalmente controlável por meio de uma válvula implantada
no escroto.
Parece brincadeira, mas, não é!
Trazer o tema para debate em
novelas, revistas, filmes e até em conversas de bar é uma boa iniciativa para
ajudar a desmistificar a disfunção erétil. Para isso, a Sociedade Brasileira de
Urologia lançou a campanha “De Volta ao Controle” (http://www.devoltaaocontrole.com.br/),
que difunde informações sobre a doença e suas formas de tratamento. O site
também disponibiliza um teste
que pode dar pistas sobre ocorrência da doença e orientações para a busca da
ajuda médica apropriada.
“A disfunção erétil afeta de
forma importante as relações interpessoais dos homens e compromete seu
bem-estar e sua qualidade de vida”, alerta o urologista Archimedes Nardozza
Junior, presidente eleito da SBU. A campanha é uma oportunidade para falar
sobre todas as formas de tratamento específicas recomendadas para cada tipo de
caso.
No enredo de Império, o caso de
Reginaldo é tratado de forma descontraída e com uma pitada de humor, mas, para
quem enfrenta o problema no dia a dia, a graça e os risos, muitas vezes, ficam
de lado. “Para que o problema seja superado da melhor forma possível, é
importante não esquecer que a disfunção erétil tem tratamento e que o
urologista é o profissional capacitado a avaliar o grau do problema, indicando
a melhor terapia para cada paciente”, complementa.
Além disso, o apoio da parceira
também é muito importante. Na novela, Tuane fez a sua parte e consolou o marido
afirmando que “Isso pode acontecer com qualquer homem. Mulher não acha ruim
quando o homem falha, e também não acha engraçado”.
Sobre a Campanha Nacional Contra a Disfunção Erétil – De
Volta ao Controle
A Campanha Nacional Contra a Disfunção Erétil – De Volta ao
controle é uma ação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com objetivo de
conscientizar a população brasileira sobre prevenção e tratamentos disponíveis
para a doença, sobretudo nos estágios severo e completo. A ideia é
desmistificar o assunto, garantir o acesso à informação sobre todas as soluções
disponíveis, fazendo o homem procurar tratamento adequado para recuperação da
atividade sexual.
Melhorar a qualidade de vida de milhões de brasileiros com
indicação cirúrgica para o tratamento da disfunção erétil também está entre os
objetivos da ação. De Volta ao Controle quer esclarecer os benefícios e as
vantagens da utilização da prótese peniana inflável para a disfunção erétil
irreversível. A finalidade dessa iniciativa é conscientizar a população quanto
à importância da ampliação do acesso às alternativas terapêuticas mais modernas
para a disfunção erétil irreversível. Com a campanha, a SBU cumpre seu papel de
promoção à saúde urológica no país.
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