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quarta-feira, 5 de abril de 2017

MITOS E VERDADES SOBRE A ALIMENTAÇÃO DOS VEGANOS



Dúvidas sobre o impacto na saúde ao eliminar o consumo de alimentos de origem animal ainda são recorrentes na sociedade brasileira


O veganismo é uma filosofia e modo de vida que exclui o consumo de qualquer produto que tenha como origem a exploração e crueldade dos animais, como roupas e sapatos de couro,  remédios e cosméticos testados em animais, entre outros.  Na alimentação, a dieta vegana exclui o consumo de qualquer alimento de origem animal, incluindo ovos, leite e seus derivados e o mel. Essa filosofia tem ganhado cada vez mais adeptos no país. Para exemplificar, um levantamento realizado pela SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) por meio do Google Trends, revelou que, entre 2011 e 2015, o volume de buscas pelo termo “vegano” cresceu 700% no país.

No entanto, apesar do expressivo aumento, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o impacto e benefícios na saúde ao eliminar o consumo alimentos de origem animal. Pensando, nisso, Cyntia Maureen, nutricionista e consultora da Superbom, empresa alimentícia especializada em produtos saudáveis, listou alguns mitos e verdades sobre a dieta vegana.

Confira!


Veganos podem sofrer com a falta de vitamina B12
 
VERDADE: Realmente, os alimentos vegetais podem não ser suficientes para suprir a quantidade necessária da vitmina B12, que está presente apenas na proteína animal, leite, queijos e ovos. Portanto, quem opta por essa prática alimentar, deve acompanhar constantemente os níveis de ferro e vitamina B12 no organismo. “Caso percebam alguma mudança, os adeptos da dieta vegana devem buscar orientação médica para que seja ministrada uma correta suplementação. O suplemento só deve ser tomado quando houver comprovação clínica da sua necessidade”, orienta. Porém, Cyntia explica que “esta não é uma deficiência apenas para os adeptos do veganismo. Aqueles que seguem a dieta onívora, que consomem todos os tipos de alimentos, se não equilibram suas refeições, também podem ter um déficit desta vitamina”.


A dieta dos veganos não é ideal para praticantes de atividades físicas 

MITO: Para a consultora da Superbom, apesar dos diversos tipos de atividades físicas implicarem em diferentes necessidades nutricionais, de um modo geral, os esportistas devem basear a alimentação numa dieta equilibrada e saudável, assim como os veganos. “Tudo se resume a um bom equilíbrio entre carboidratos, proteínas e gorduras, componentes necessários para compensar o elevado gasto de energia”, afirma a especialista. 

A nutricionista ressalta que, atualmente, existem diversas opções de alimentos para suprir as necessidades de veganos que praticam atividades físicas, que vão desde carnes feitas a base de soja até suplementos de proteínas vegetais. “A indústria tem explorado com afinco essa nova tendência e vem apresentando novidades voltadas para esse público. Além disso, existem diversos exemplos de atletas de alta performance que seguem a dieta vegana, o que comprova o fato de que o veganismo e a práticas de esportes combinam sim ”.


A alimentação vegana pode salvar milhões de vidas humanas

VERDADE: Pesquisa publicada em março de 2016 no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que se todas as pessoas adotassem o veganismo, 8,1 milhões de vidas seriam salvas até 2050. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Oxford (Inglaterra), que foram os idealizadores do estudo, o número está relacionado com a menor incidência de doenças como diabetes, obesidade, problemas cardíacos e câncer, comumente ligadas com a dieta que incluam alimentos de origem animal.


Adeptos da dieta vegana sofrem carências de cálcio

MITO: De fato, o leite da vaca é uma importante fonte de cálcio, mas não é a única e nem a melhor delas, conforme explica a nutricionista. “No mercado há várias opções de leites vegetais fortificados com teor de cálcio idêntico ao leite de vaca. A couve manteiga, em especial, possui altos níveis de cálcio e é excelente para a manutenção óssea. O leite de vaca tem um fator negativo para a saúde, pois este aumenta a acidez sanguínea necessitando de cálcio na sua forma ativa para fazer o equilíbrio. Como temos cálcio ativo apenas nos ossos e dentes, este é utilizado podendo resultar em osteoporose. Gergelim, couve, rúcula, agrião, mostarda, escarola e brócolis também são excelentes fontes de cálcio”. 


A alimentação vegana pode contribuir para o emagrecimento

VERDADE: Os adeptos da dieta vegana não consomem gordura saturada encontrada em produtos de origem animal. De acordo com a especialista, cada grama de gordura equivale a nove calorias, assim, ocorre uma redução significativa no consumo final de calorias diárias. “Por conter variedade de vegetais e alimentos integrais, a alimentação dos veganos costuma ser rica em fibras que fará com que a pessoas comam porções menores e aumentará a sensação de saciedade, contribuindo para o emagrecimento e também para o bom funcionamento do intestino”.


Crianças não devem adotar a alimentação vegana

MITO: Segundo a especialista, não há nenhuma contraindicação em relação ao fato da criança deixar de ingerir alimentos de origem animal. Pelo contrário, sendo bem equilibrada, a ausência de alimentos de origem animal contribuirão para a saúde das crianças e aumento da imunidade. “Minha orientação é que a criança adote esse hábito com a supervisão de um especialista. Devido ao fato de estarem em fase de crescimento, os pequenos possuem uma necessidade maior de nutrientes na comparação com os adultos”, conclui Cyntia, consultora da Superbom.




Superbom




Judicialização da saúde no Brasil prejudica tratamento de doenças raras




O Brasil está muito atrasado na incorporação de medicamentos para doenças raras no Sistema Único de Saúde (SUS)


Segundo dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), há cerca de 13 milhões de brasileiros com algum tipo de doença rara. Essas enfermidades podem não só levar os pacientes a uma verdadeira jornada até conseguir um diagnóstico correto e conclusivo, como também trazem dificuldades em obter um tratamento adequado. Em alguns casos, é preciso recorrer a batalhas judiciais para conseguir acesso aos medicamentos necessários.

O presidente da Associação Brasileira de Paramiloidose, Fabio Figueiredo, recorreu à justiça para garantir o medicamento que interrompe a progressão da doença chamada Amiloidose Hereditária (PAF) - que é genética, neurodegenerativa e pouco conhecida no Brasil. De origem portuguesa, a enfermidade não tem cura e causa a perda progressiva dos movimentos, insensibilidade no corpo e atrofia muscular. Os distúrbios, que são caracterizados pelo comprometimento dos nervos sensoriais e motores, são causados por uma mutação que ocorre em uma proteína do corpo chamada Transtirretina (TTR), produzida, sobretudo, pelo fígado. Essas estruturas anormais, em vez de fluírem pelo plasma sanguíneo, se depositam em órgãos do corpo, prejudicando seu funcionamento A enfermidade ocasiona transtornos no sistema nervoso, comprometendo rins, nervos, coração e eventualmente o sistema nervoso central. Estima-se que essa condição atinja cerca de cinco mil brasileiros, sendo o Brasil uma das nações com a maior incidência de pacientes.

O Tafamidis (Vyndaqel) é o primeiro medicamento aprovado no mundo para o tratamento da doença. Seu mecanismo de ação é impedir que a proteína (TTR) se desdobre e se acumule em tecidos e órgãos, desacelerando o desenvolvimento da doença. Em novembro de 2016, a medicação foi registrada na Anvisa e recentemente teve sua comercialização liberada no Brasil.

“Todos temos, assegurado pela Constituição, direito a uma saúde adequada e de qualidade, inclusive as pessoas afetadas pelas doenças raras que, muitas vezes, não possuem condições de arcar com medicamentos e tratamentos caríssimos. No entanto, o que ocorre é que os poderes legislativos e executivos não estabelecem políticas públicas de saúde para pacientes que estão nessa situação”, afirma o presidente.

O Brasil está muito atrasado na incorporação de medicamentos para doenças raras no Sistema Único de Saúde (SUS), acarretando um gasto muito maior para os cofres públicos - que acabam oferecendo medicações de alto custo e fora da lista do SUS a pacientes que precisam recorrer à Justiça para obtê-las. As drogas para tratamento da Hepatite C, por exemplo, que constam no SUS, gerou uma economia de 85% ao governo.

“O teste para detectar se há presença do gene mutante da Amiloidose Hereditária (PAF) é realizado em poucos lugares no Brasil, obrigando muitas vezes os pacientes a se deslocarem por milhares de quilômetros para ter o diagnóstico definitivo - além do elevado custo caso seja realizado em laboratórios particulares”, explica.

Esse exame, inclusive, já consta no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão que regula a cobertura dos planos de saúde. "O diagnóstico precoce é muito importante para evitar grandes sequelas. É ótimo saber que hoje em dia existe tratamento, apesar de muito caro. Há 10 anos, a única opção para prolongar a vida era o transplante de fígado", finaliza o dentista Bruno Martinelli, também portador da doença.




Proposta de plano de saúde do Ministério é grave retrocesso social



Elton Fernandes, advogado especializado em Direito da Medicina pelo Centro de Direito Biomédico da Universidade de Coimbra.  

Uma proposta que, teoricamente, pretende viabilizar a criação de um plano de saúde mais acessível à população brasileira foi interposta pelo Ministério da Saúde na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A iniciativa usa como argumento a grave crise que afeta o país que fez com houvesse uma queda de 51 milhões de beneficiários há dois anos para 48,6 milhões atualmente.
Neste contexto, o Ministério propõe ações que alegam ser mais viáveis para que a população seja assistida, como o aumento da co-participação fazendo com que o beneficiário participe mais ativamente das decisões que envolvem a sua saúde, recomposição de preços com base em planilhas de custo, que, na prática, teria um plano acessível de contratação individual com regra de reajuste diferente da adotada atualmente pela ANS, permitindo à operadora recompor o aumento do custo, entre outras ações.
De forma prática, porém, a proposta não é benéfica, mas sim um grave retrocesso social e jurídico. As premissas deste plano estão equivocadas e são perigosas. Por exemplo, a  co-participação de ao menos 50% impedirá o consumidor de acessar os procedimentos que necessita e a flexibilização das regras de reajuste impedirá a manutenção do contrato no longo prazo.
Com esta proposta, retrocedemos 27 anos para uma situação que é anterior, inclusive, à criação do Código de Defesa do Consumidor (CDF). A alternativa do Governo Federal em criar uma modalidade de plano de saúde popular esbarra na legislação atual e cria grave retrocesso social já que parece ignorar o CDF e os avanços que a lei 9656/98 (Lei dos Planos de Saúde) garantiu à população.
Neste contexto, o que mais preocupa são as premissas em que a proposta do governo foi alicerçada, já que se trata de um completo esvaziamento dos cuidados de saúde, limitando a cobertura de forma que o paciente não terá mais acesso a tudo o que for necessário para seu restabelecimento, mas àquilo que for possível oferecer no município ou região onde ele reside.


 

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