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terça-feira, 11 de março de 2025

Mulheres na liderança financeira: um chamado para a ação


No mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, mais do que celebrar conquistas, devemos refletir sobre os desafios ainda existentes para a equidade de gênero no mercado financeiro, ambiente predominantemente masculino. As estatísticas mostram avanços, mas também evidenciam um longo caminho a percorrer. 

Segundo um estudo do Fesa Group, apenas 34% dos cargos C-Level em instituições financeiras no Brasil são ocupados por mulheres. Algumas áreas apresentam maior presença feminina, como Recursos Humanos (62%) e Relações Institucionais e Sustentabilidade (57%), mas setores estratégicos, como investment banking, ainda são dominados pelos homens, com apenas 17% de liderança feminina. 

Esse cenário reflete não apenas questões estruturais do setor, mas também barreiras culturais que impactam diretamente a confiança de nós, mulheres, em assumir posições de destaque. A chamada Síndrome da Impostora é um exemplo. De acordo com um estudo da KPMG, essa condição nos afeta em um índice 75% maior do que os homens. Já uma pesquisa da Universidade da Geórgia revelou que 70% das empresárias entrevistadas afirmaram sentir-se uma fraude no ambiente de trabalho. 

Quando fiz minha transição de carreira do turismo para o setor financeiro, me questionei muito se conseguiria trilhar este caminho. A necessidade de provar constantemente nossa competência pode ser desafiadora. No entanto, é justamente por isso que precisamos continuar abrindo espaço e incentivando mais mulheres a ocuparem cargos estratégicos. 

No meu caso, foram 10 anos atuando na empresa, em diversos projetos e áreas, até chegar a Co-CEO. A confiança foi sendo construída a cada resultado positivo que a ACG alcançava com o meu trabalho, com os clientes satisfeitos, a equipe motivada e as inovações em nossos produtos. Cada passo foi valioso para eu entender que estava no lugar certo, construindo uma história da qual tenho orgulho. 

Não se trata apenas de diversificar lideranças, mas de garantir que talentos não sejam desperdiçados por falta de oportunidade ou incentivo. Equidade salarial, políticas de inclusão, aumento e mentorias para mulheres no setor financeiro são ações essenciais para transformar essa realidade. 

Outro ponto que considero importante é o aumento da licença paternidade, de forma a dar à mulher a oportunidade de dividir as tarefas, descansar no período pós-parto e poder, no momento oportuno, pensar em retomar sua carreira, se for do seu desejo. Como mãe, sei como é difícil até refletir sobre o que se quer após o turbilhão de mudanças que a chegada de um bebê traz à vida de uma mulher. E acredito que uma divisão mais equilibrada nos cuidados ajuda nesse quesito. 

Empatia, aliás, é um diferencial das profissionais em todas as áreas e no mercado financeiro não é diferente. Esta e a capacidade de ouvir e entender as dores dos clientes, que se sentem ouvidos, acolhidos e respeitados. É por isso que é tão importante a presença de mais mulheres nesse setor. 

Neste 8 de março, lanço um chamado para que empresas, lideranças e toda a sociedade atuem ativamente na construção de um mercado financeiro mais justo e igualitário. Que possamos, juntas, derrubar barreiras e inspirar novas gerações de mulheres a ocuparem o lugar que é delas por direito. 

O futuro das finanças precisa ser mais feminino. E essa mudança começa agora.



Liliane Josua, co-CEO da ACG
ACG Instituição de Pagamento


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