O consumo de álcool está diretamente associado a alterações comportamentais que podem comprometer a segurança dos eventos. Períodos festivos como o Carnaval evidenciam esse problema, uma vez que o abuso de bebidas alcoólicas potencializa comportamentos violentos, incluindo agressões e casos de assédio. Em ambientes de grande circulação, o risco é ainda maior, exigindo protocolos de prevenção e resposta eficiente.
Durante o Carnaval de 2024, em nível nacional, foi
registrado um total de 73,9 mil denúncias de direitos humanos, resultando de
11,3 mil denúncias entre os dias 8 e 14 de fevereiro. Dessas, 20,4% foram
relacionadas a especificamente contra mulheres, incluindo denúncias em canais
oficiais, como o 190. Os principais tipos de violência contra mulheres
relatadas durante o Carnaval incluem:
- Violência
física :
agressões corporais que resultam em lesões.
- Violência
psicológica :
ameaças, humilhações e manipulações que afetam a saúde mental da vítima.
- Cárcere
privado :
Restrição da liberdade de locomoção da mulher.
- Importunação
sexual :
atos libidinosos sem consentimento, como toques inapropriados e beijos
solicitados.
Esses números alarmantes demonstram a urgência da
implementação de medidas adequadas para proteger o público durante eventos de
grande porte. Estudos apontam que o álcool reduz a capacidade de julgamento,
altera a percepção de limites e favorece atitudes impulsivas. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), 55% dos casos de agressão estão
relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. No Brasil, essa relação também
se reflete nos altos índices de importunação e violência durante festividades
populares.
Diante desse cenário, é preciso reforçar a
importância da adesão ao protocolo "Não se Cale", um conjunto de
diretrizes voltadas para a prevenção e o combate à importunação sexual e à
violência em ambientes festivos. Inspirado em iniciativas internacionais, esse
protocolo estabelece procedimentos claros para organizadores, estabelecimentos
e equipes de segurança, garantindo que qualquer incidente seja tratado de forma
rápida e eficiente.
O setor de eventos deve ser um exemplo na adoção de
boas práticas. Garantir a segurança dos participantes é uma responsabilidade
compartilhada, com um setor mais consciente, seguro e preparado para enfrentar
desafios como a agressividade e a violência relacionadas ao álcool. O
entretenimento deve ser sinônimo de diversão, respeito e segurança para todos.
Ricardo Dias - Presidente da ABRAFESTA
Associação Brasileira de Eventos – Abrafesta
www.abrafesta.com.br
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