A presença de
mulheres na gestão corporativa aumentou nos últimos anos e pesquisas
demonstrarem que a inclusão gera sucesso organizacional em diversos aspectos,
mas ainda existe um longo caminho para a equidade de gêneros
Número de mulheres em cargos de liderança no Brasil
vem aumentando ano a ano, mas a representatividade feminina nas empresas ainda
é um desafio. Apesar de existir protagonismo no cenário educacional, com as
mulheres representando
60% dos concluintes dos cursos de graduação, o alto índice de qualificação
não acompanha a presença da ala feminina nos cargos de liderança. Segundo dados
da pesquisa “Sem atalhos: O caminho das mulheres para alcançarem o topo” da Bain
& Company, realizada no segundo semestre de 2024, o número de mulheres
CEOs no Brasil cresceu de 3% para 6%, de executivas subiu de 23% para 34% e o
de conselheiras aumentou de 5% para 10%. Alto crescimento, só que com um
índice ainda baixo de representatividade.
Mas segundo a mesma pesquisa, elas sonham alto. A
ambição das mulheres e a dos homens praticamente se equivalem no Brasil, já que
66% delas e 72% deles desejam chegar a líderes de negócios de nível sênior.
Além disso, a diversidade de gênero na liderança é reconhecida por 80% das
pessoas, como um fator essencial para melhores resultados empresariais. A
percepção é de que empresas com liderança diversa são abertas a novas soluções
e mais inovadoras, com foco na geração de valor e na redução de burocracias.
Outras vantagens percebidas quando elas estão no comando é a atração de
talentos e incorporação da voz do cliente nas decisões.
Então o que impede as mulheres de aumentarem estes
índices? Afinal, existe um ambiente favorável à ascensão de talentos femininos
no Brasil? Conversando com algumas lideranças femininas é possível entender um
pouco mais sobre desafios e oportunidades e vemos que em muitos casos elas
estão mais atentas às oportunidades de desenvolvimento pessoal e equilíbrio
entre vida pessoal e carreira, um dos segredos de trajetórias de sucesso no
ambiente corporativo.
“Ao longo da minha trajetória, sempre fiquei atenta
para não perder a minha identidade em busca de reconhecimento, já que, por
muitas vezes, o mercado sugere que para a gente ser levada sério temos que nos
adaptar a um estilo diferente, mais rígido, o que tem a ver com o universo
masculino. Mas ser feminina não nos torna menos competente, pelo contrário. Eu
acho que a diversidade de pensamento e a abordagem que a gente traz para o
negócio é um diferencial.”, comenta a empresária, sócia da KBL
Contabilidade, Nayara Pereira. Ela que é a única mulher entre os
quatro sócios.
Do estágio à gerência
A gerente contábil Loyane Miranda Bastos conta que
entrou como estagiária na KBL Contabilidade em 2012 e encontrou na empresa o
espaço para aprender e crescer profissionalmente e que, mesmo com a
maternidade, se desdobrou para conciliar trabalho, estudos e família. Hoje, com
: 70% da equipe dela formada por mulheres, ela lidera dois coordenadores,
cinco supervisores e cerca de 40 analistas, assistentes e estagiários.
“Percebemos que a presença de mulheres em espaços estratégicos como a área
contábil vem aumentando ano a ano.”, comenta ela.
A gerente regional da Brasal Incorporadora em
Goiânia, Elisa Leles, também entrou na empresa como estagiária de engenharia,
em 2016, e hoje lidera o time de incorporação e desenvolvimento imobiliário,
administrativo financeiro, atendimento ao cliente e assistência técnica. Ela
conta que teve uma líder mulher no começo da carreira que foi uma inspiração
e que ela sempre buscou conquistar seu espaço sem mudar a própria essência para
se adaptar em meio aos homens. “A engenharia por muitos anos foi uma área
praticamente dominada por homens, mas, de um tempo pra cá́, isso vem mudando.
Antes eu lidava quase que exclusivamente com homens.”, explica ela.
Liderança jovem na Indústria
“Quando cheguei ao Grupo Kelldrin, com 19 anos, vi
uma grande oportunidade de mostrar meu potencial, principalmente por ser jovem
e assumir um cargo de liderança, que normalmente é ocupado por homens. Poder
liderar uma equipe e contribuir diretamente para o crescimento da empresa é
algo que me realiza profundamente.”, comenta Andrea Gabryelle Kuczkowski, que
com apenas 24 anos já é supervisora de expedição da indústria que atua
nos setores de saúde animal, ambiental e humana. Atualmente, ela é
responsável por uma equipe de 25 colaboradores, dos quais 88% são homens, mas
72% os cargos de liderança do Grupo Kelldrin hoje são ocupados por
mulheres.
Desafios e superação
“Desistir pra mim nunca foi uma opção”, desabafa a
proprietária do Allegro Hotel, Andressa Candal. Dentre os desafios, ela destaca
que o mais difícil foi conciliar a vida pessoal com o trabalho e que esse
processo requer muito foco, determinação e uma disciplina enorme. “Como a
hotelaria é um ramo mais masculino, eu sofri e sofro até hoje com o preconceito,
por incrível que pareça. Por eu ser uma mulher e nova, às vezes as pessoas
perguntam assim, mas foi você? Mas é você que está à frente? Eles sempre acham
que tem alguém atrás de mim. Então, isso é um desafio contínuo.”, comenta ela.
Mas ela conta que mesmo diante dos desafios ela
sempre procura ser positiva e também mantém uma postura que impõe respeito.
“Nós temos um olhar diferente e sabemos fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Então, quando a mulher tem um objetivo e se profissionaliza, a chance de sucesso
é grande. Não me importo com o preconceito e sigo em frente”,
conclui a empresária.
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