No campo matemático, Brasil está cerca de três
anos atrás da média internacional
Mais
de 70% das crianças e adolescentes no Brasil têm dificuldades básicas em
Matemática, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
Apenas 27% dos alunos brasileiros atingiram o nível 2 de proficiência nessa
área. Em comparação, a média global, conforme dados da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é de 69%, indicando que o Brasil
está aproximadamente três anos atrás da média internacional. O Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisa Educacional Anísio Teixeira (Inep) revela,
ainda, que em uma a cada cinco cidades brasileiras, alunos do 5º ano têm
desempenhos muito baixos em Matemática.
Doutora
em Ensino de Ciências e Matemática e professora na Escola Lourenço Castanho,
Débora de Oliveira
ressalta a necessidade de os professores estarem atentos e constantemente
revisando suas práticas. “É preciso repensar, assim como é importante que eles
se envolvam em grupos de discussões e reflexões com seus pares para que sempre
tenham novas maneiras de garantir a aprendizagem da Matemática dos seus
alunos”, ressalta.
A
avaliação do Inep mostra, ainda, que dificuldades em Matemática aparecem em
tarefas simples, como somar moedas e converter horas em minutos, por exemplo.
Contudo, o tema é muito mais amplo, e essa visão precisa ser transmitida aos
estudantes. “Trata-se de uma Ciência Humana. Desenvolver essa percepção nos
alunos garante seu engajamento, pois é uma ciência que envolve tanto aspectos práticos
quanto o desenvolvimento de um cidadão crítico e ciente de suas responsabilidades
sociais”, completa Débora.
A
professora enfatiza que não é suficiente que os alunos apenas se envolvam com a
Matemática prática do dia a dia, mas que é crucial o desenvolvimento da
capacidade de pensar criticamente sobre as relações presentes no mundo e de
realizar análises para fazer inferência a partir dos dados coletados.
Tecnologia
e carreiras
Débora
destaca que a tecnologia, desde o desenvolvimento da escrita, tem causado
impactos no ensino. Segundo uma pesquisa do Instituto Semesp, três em cada
quatro professores veem o uso de recursos tecnológicos e Inteligência
Artificial como ferramentas valiosas para a educação. “Nos dias de hoje, as
contribuições envolvem a materialidade de modelos matemáticos, de
regularidades, usando tanto materiais manipulativos quanto simuladores de
situações, para que o aluno sempre possa se envolver em novas maneiras de
pensar e fazer Matemática, e não apenas relacionada a técnicas operatórias sem
um contexto”, pontua.
Ela
também ressalta a importância das carreiras ligadas à Matemática e enfatiza a
necessidade de novos modelos para enfrentar os desafios emergentes, como
aquecimento global, falta de moradia e organização espacial. “A tendência do
futuro no campo da Matemática é pensar novos modelos para resolver esses
problemas”, afirma. “Além disso, temos as novas profissões que estão
diretamente relacionadas à Matemática e à era digital, como o criptógrafo
digital, que desenvolve códigos matemáticos para proteger dados. Trata-se de um
profissional muito usado em bancos, por exemplo”, conclui.
Débora de Oliveira - doutora em Ensino de Ciências e Matemática, mestre em Educação, licenciada em Matemática e coautora de material didático da Educação Infantil. Na Escola Lourenço Castanho, além de professora de Matemática, é coordenadora da Educação Infantil ao 9º ano.
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