Mulheres
ao longo da história demonstraram que a delicadeza pode ser um ato
revolucionário. Em 1° de dezembro de 1955, Rosa Parks recusou-se a ceder seu
lugar no ônibus a um branco, com firmeza, mas de forma tranquila. Essa ação,
inclusive, foi um marco no movimento antirracista nos Estados Unidos. O
motorista, branco, exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar
lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, mas Parks se negou a cumprir a
ordem. Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão
O
protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. O Conselho Político
Feminino organizou, a partir daí, um boicote de ônibus urbanos, como medida de
protesto contra a discriminação racial no país. Martin Luther King Jr. foi um
dos que apoiaram a ação.
O
ativista e músico Harry Belafonte relatou o quanto essa história mudou a sua
vida, após o dia em que King telefonou para pedir apoio à ação da mulher que
ficou conhecida como a "mãe dos movimentos pelos direitos civis" nos
EUA. A atitude de Rosa Parks foi o estopim para que a sociedade reagisse contra
as pressões política e social que caracterizavam a sociedade na época.
Nascida
no Paquistão, Malala Yousafzai ficou conhecida mundialmente em 9 de outubro de
2012, dia em que foi atingida por um tiro no rosto por membros do grupo
terrorista Talibã quando voltava para casa após uma manhã de provas na escola.
Em 2014, com 17 anos, a ativista se tornou a pessoa mais jovem a receber o
Prêmio Nobel da Paz. Malala ergueu sua voz pelo direito à educação de meninas e
mulheres com uma doçura que ecoa em milhões de corações.
Brasileira,
Maria da Penha foi vítima de violência doméstica e se tornou símbolo da luta
contra esse tipo de ação no país. Após sobreviver a tentativas de homicídio por
parte de seu então marido, Marco Antonio Heredia Viveiros, ela deu voz à causa.
Seu ativismo levou à promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006),
que estabelece medidas de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.
Maria da Penha lutou por justiça com uma coragem serena que mudou leis e vidas.
Esses
breves relatos, bastante impactantes, retratam histórias reais de mulheres
fortes e à frente de seu tempo. Seja no ambiente profissional ou em qualquer
outra área da vida, a delicadeza continua sendo uma ferramenta potente de
transformação. Quando combinada com determinação e sabedoria, ela se torna um
diferencial que humaniza relações e promove mudanças profundas.
Apesar
do desafio que ainda temos em garantir que a presença feminina seja acompanhada
por igualdade de oportunidade e reconhecimento, é certo que na nossa humanidade,
ainda somos todos, mulheres e homens, agraciados por mais semelhanças do que
diferenças. Muitas vezes, subestimamos o poder do gesto cuidadoso, da palavra
gentil e da sensibilidade na tomada de decisões. No entanto, são esses
elementos que constroem pontes, curam feridas e transformam realidades,
especialmente em momentos de profunda dor e fragilidade, enfrentados, por
exemplo, em processos de reabilitação, cuidados paliativos ou de condições
crônicas, como vemos todos os dias, em nossa atual experiência.
Que
possamos valorizar e incentivar essa qualidade não como um sinônimo de
fraqueza, mas como uma expressão genuína de poder, de quem caminha enxergando a
partir do coração, observando a minúcia das coisas e de alma entregue, perceber
a maior das riquezas: a força da delicadeza, como diz o poema de Camila
Lordelo, que abandonou a carreira e transformou sua paixão em uma marca que
vende acessórios e objetos tendo a poesia como tema.
Afinal,
é através dessa força sutil que o mundo se torna mais justo, mais acolhedor e
mais humano.
Sandra Lopomo - Diretora de Gestão de Pessoas da YUNA, instituição especializada em reabilitação e cuidados paliativos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário