Levantamento da
Diversitera ainda destaca que mulheres gastam 186 horas anuais a mais do que os
homens com tarefas domésticas
Uma nova pesquisa da Diversitera,
realizada por meio da plataforma Diversitrack, revela a dura realidade das mães
solo no mercado de trabalho. Segundo o levantamento feito entre junho de
2022 e fevereiro de 2025, abrangendo mais de 70 organizações em
17 segmentos diferentes, essas mulheres possuem uma renda anual 32% menor em
comparação a outras mulheres, refletindo o impacto profissional
da criação dos filhos sem a presença de parceiros.
Além da desigualdade salarial, a sobrecarga de
trabalho doméstico é outro fator que impacta a vida das mulheres. De acordo com
a pesquisa, as mulheres que integram o mercado formal brasileiro gastam
anualmente 186 horas a mais do que os homens com tarefas domésticas
e cuidado da família, o que limita suas oportunidades de
ascensão profissional.
Ana Paula Hining, especialista de gênero e
diversidade na Diversitera, considera: "Há uma distribuição desigual das tarefas
domésticas e de cuidado entre homens e mulheres que as sobrecarrega e impacta
diretamente em seu desenvolvimento profissional e encarreiramento. Isso que se
convencionou chamar de ‘jornada de trabalho tripla’ – que envolve o trabalho
remunerado, o trabalho doméstico e o cuidado com a família – faz com que elas
tenham menos tempo disponível para networking, capacitação e participação em
projetos estratégicos em relação aos homens. Ainda, muitas mulheres precisam
lidar com a exaustão causada pelo acúmulo de tarefas, e pode acontecer de
abrirem mão de promoções ou desafios que exigem maior dedicação por não
conseguirem assumir todas essas responsabilidades.”
Mulheres no mercado
corporativo
Outro dado alarmante do levantamento é a baixa
representatividade feminina nos cargos de liderança. Apenas 35% das posições de
alta gestão (como diretoria, gerência executiva e C-level) são ocupadas por
mulheres. No entanto, a presença feminina é majoritária em funções
operacionais, como recepção e limpeza, onde representam 70% da força de trabalho.
Mesmo com maior nível de escolaridade – 21,3% das
mulheres têm ensino superior completo contra 16,8% dos homens, segundo o IBGE
de 2022 –, elas ainda encontram barreiras significativas para alcançar cargos
mais altos e obter remunerações mais justas: segundo o levantamento, as
mulheres recebem 20% menos promoções em comparação aos homens, reforçando a
dificuldade de crescimento dentro das empresas.
Para Ana, a desigualdade de gênero na distribuição
de cargos, mais do que uma questão organizacional, reflete um problema social
mais amplo: “A divisão de trabalho ainda é permeada por vieses sexistas que
reforçam estereótipos que associam mulheres a funções de suporte em vez de
papéis estratégicos. E os dados mostram que o problema não é a qualificação,
mas sim a falta de reconhecimento profissional e oportunidades. Existem
barreiras invisíveis que fazem com que mulheres tenham suas competências
subestimadas no ambiente corporativo.”
A pesquisa reforça a necessidade de políticas
corporativas mais eficazes para garantir equidade de gênero e melhores
condições para mães solo no mercado de trabalho. “Sem mudanças estruturais,
esses profissionais continuarão enfrentando desafios desproporcionais, que
comprometem sua estabilidade financeira e crescimento profissional”,
completa a executiva.
Diversitera
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