‘O ano será de muitos desafios econômicos: crescimento menor, juros
maiores, inflação persistente. Essa é a lista do que dá para se prever de
agora’Freepik
Já sabemos que, no Brasil, o ano só começa mesmo
depois do Carnaval. Podemos dizer, agora, que teremos um 2025 de dez meses pela
frente. Para a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil
(CACB), com uma enorme preocupação diante da situação política e econômica.
Basta uma simples lembrança para verificar a gravidade da situação: nosso país
não tem aprovado, ainda, o orçamento anual de 2025. Por questões eleitorais,
disputas internas de espaço no parlamento, e falta de articulação do governo, o
Congresso encerrou 2024 sem a lei orçamentária definida, o que traz enormes
prejuízos à gestão do Estado. Que nível de organização é esse que estamos
vivendo, se não temos sequer a definição de como serão usadas as verbas
públicas?
Enquanto isso, as manchetes dos jornais trazem
notícias que pioram o ambiente de incertezas. Um ano que antecede eleições
presidenciais deveria servir para “arrumar a casa”, implementar medidas que
realmente fortaleçam o Estado, e não intempéries e aventuras políticas que
tragam ainda mais insegurança. Os empreendedores aguardam, por exemplo, a
regulamentação da Reforma Tributária. Esperam, ainda, por falas das autoridades
e da equipe econômica que sinalizem austeridade. Era o momento de se discutir
avanços estruturais.
Nesse cenário, é de impressionar também que ninguém
defenda uma ampla reforma administrativa. O Estado brasileiro precisa custar
menos, para dar espaço aos investimentos. O empresariado sente desalento,
desânimo e falta de perspectiva. Os médios, pequenos e microempreendedores, que
geram empregos em uma velocidade muito rápida, não se veem representados. Não
têm voz. E são quase 7 milhões de desempregados, pelo levantamento mais recente
do IBGE. Chefes de família - pais, mães, avôs e avós - que não têm renda
mensal. Brasileiros que precisam de estímulo e incentivo para conquistarem
espaço no mercado.
Para a Confederação das Associações Comerciais e
Empresariais do Brasil (CACB), o principal meio para geração de emprego é
incentivar os empreendedores. É preciso aumentar o teto de faturamento dos MEIs
de R$ 81 mil para R$ 144 mil por ano. E, ainda, passar de 1 para 2 o número de
funcionários que possam ser contratados pelos MEIs. As perspectivas para 2025
não são animadoras. O ano será de muitos desafios econômicos: crescimento
menor, juros maiores, inflação persistente. Essa é a lista do que dá para se
prever de agora. Ainda há os riscos dos fatores não calculados e absolutamente
fora de controle, como a situação de outros países, do clima e dos conflitos
internacionais.
Diante desse cenário, é preciso enfrentar a
desigualdade com criação de emprego. Na contramão desse raciocínio, o governo
abre espaço para discussões sobre a redução da jornada de trabalho. Isso sim
vai gerar demissões em massa. O governo deveria proteger as relações
trabalhistas entre empregado e empregador, e não defender temas que são
“populares”, mas que não se refletem em benefícios na vida real. A
possibilidade de gerar emprego está nas mãos dos comerciantes, empresários e
empreendedores que trabalham, diariamente, para criar renda, pagar imposto e
fazer a economia girar e crescer. Não podemos permitir a redução da atividade
econômica. Não podemos permitir que avancem debates sobre a redução da jornada
de trabalho.
Alfredo Cotait Neto - presidente da CACB e Facesp
Fonte:https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/o-que-esperar-de-2025
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