Dados do último Censo do IBGE apontam que as mulheres representam quase 70% dos
profissionais que atuam na área da saúde. É um dado relevante e que nos remete
a muitas reflexões, embora essa questão seja resultado de uma combinação de
fatores históricos, sociais e culturais.
Apesar
dessa predominância, sabemos que ainda existem desafios, especialmente quando
consideramos cargos de liderança. Não obstante a necessidade de garantir que a
presença feminina no mercado de trabalho seja acompanhada por equidade,
desejamos, nesse momento, pensar no importante papel que cada uma de nós
desempenha na promoção da saúde.
Entre tantas
qualidades que marcam a presença das mulheres no mundo, uma delas se destaca
pela sua sutileza e, ao mesmo tempo, pelo seu impacto transformador: a
delicadeza.
Essa
palavra veio com força em meio às reflexões sobre o tema, inspiradas por vozes
que desejam e acreditam no poder de transformação que as mulheres possuem.
Ser
delicado não significa ser frágil. Pelo contrário, a delicadeza é uma força que
se manifesta na empatia, na resiliência, na capacidade de ouvir e acolher, na
determinação silenciosa de seguir em frente mesmo diante das adversidades.
Quando andamos pelos corredores de um hospital, por exemplo, temos a
oportunidade de conhecer histórias incríveis de mulheres que exemplificam isso
na prática com muita disposição e maestria.
Sinto-me
profundamente sensibilizada quando conheço os bastidores e o dia a dia dessas
colaboradoras. Mulheres que deixam seus lares, antes mesmo do dia clarear e
passam o dia a frente do cuidado de pacientes e suas famílias, entregando a
melhor versão de si mesmas, independentemente das questões familiares ou
pessoais que todos nós temos para resolver. Um filho doente, uma mãe, pai ou
avó que também exigem cuidados, seus próprios quadros de saúde, às vezes
negligenciados em função de uma entrega incondicional. Sem contar, que no pouco
tempo livre que possuem, após longos plantões, ainda precisam conciliar suas
tarefas domésticas e cotidianas, inadiáveis, por serem também as cuidadoras dos
seus próprios lares.
Há muita coragem, resiliência e determinação na execução diária de cada uma
dessas mulheres que estão à frente da assistência ou nos bastidores de um hospital.
E não obstante a tantas dificuldades, essas mulheres ainda são exemplos de uma
constrangedora ternura e gentileza na forma como atendem e conduzem suas
batalhas. Em um mundo que, muitas vezes, se apresenta de forma hostil, nossas
mulheres nos mostram que força feminina não precisa ser estridente para ser
poderosa. Podemos ser firmes em nossa postura e elegantes no nosso comunicar,
sem que isso implique em fragilidade.
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